Ah, as subvenções vitalícias dos políticos, o que seria dos “exemplos”
que é preciso dar se não houvesse esse maná já residual das “subvenções dos
políticos”? No entanto, há que lembrar que a atribuição dessas subvenções já
acabou em 2005, sim, leram bem, em 2005! ou seja, quem está na política ativa há
8 anos não tem essa compensação. Por isso, é facílimo “dar o exemplo” sempre requentado, com os que já saíram há anos e anos, fazendo crer que é toda a actual classe política a “abdicar” de uma garantia com que podia contar.
Os escolhidos “para dar o exemplo” são os que, na verdade, deram muitos
anos da sua vida à política e ao País, num tempo em que se julgava que seria
muito importante que pessoas com vidas profissionais fora da política e com competência
se dispusessem a exercer cargos públicos de topo, na política nacional e local.
Por muito que custe à simplificação demagógica de hoje, essa subvenção tinha também
a virtualidade de apoiar a independência dos cargos, uma vez que cada titular
poderia ter a certeza de que, uma vez abandonada uma vida política de pelo
menos 12 anos, não teria que ir vender os seus préstimos, nem ficar à mercê, dos
que antes estavam sob sua tutela. E não me venham com alguns maus exemplos, que
os há, tal como há e haverá sempre, foram sempre alguns maus exemplos que
serviram para legitimar que se atinjam todos aqueles cujo nome ficou esquecido
por não ter aparecido associado a escândalos. O bom serviço público nunca deu
títulos de primeira página.
Seria muito interessante saber quantas pessoas capazes recusaram os
convites para cargos políticos depois de 2005, precisamente porque não
estiveram para pagar o preço do afastamento da vida profissional e da fatura da
independência nas decisões. Não temos o direito de contar com o despojamento
individual de uns tantos raros cidadãos para confiar que os nossos interesses
serão satisfeitos. Não compreendo que quem aparece todos os dias a exigir
competência, dedicação, transparência e muito trabalho, seja também quem
aplaude estas demagogias baratas que, precisamente, dissuadem os mais corajosos
de se meter neste vespeiro.
É muito fácil dar “o exemplo”. Com os outros, claro, quando já não
podem retirar aquilo que deram e que, tantas vezes, foi muito, muito mais do
que alguma vez pudesse ser retribuído com compensações financeiras que ganham recorrentemente
a forma de armas de arremesso.
Se ser político em Portugal implica ser profissional então estamos em excesso de estado. O que está errado é isso, não é o retirar privilégios absurdos de quem anda supostamente a servir um soberano que não tem, nem pode ter, tais privilégios. Estados onde tal acontece, como Angola, não são recomendáveis e felizmente estão a ser cada vez menos. Lá chegará a hora de também a república portuguesa deixar o seu carácter africano para trás...
ResponderEliminarcaro Tonibler, não percebi o seu comentário, "implica ser profissional" porquê? Será defeito meu, mas realmente não percebi o que quer dizer, tenha lá a paciência de explicar melhor, por favor.
ResponderEliminar2Os escolhidos “para dar o exemplo” são os que, na verdade, deram muitos anos da sua vida à política e ao País, num tempo em que se julgava que seria muito importante que pessoas com vidas profissionais fora da política e com competência se dispusessem a exercer cargos públicos de topo, na política nacional e local. Por muito que custe à simplificação demagógica de hoje, essa subvenção tinha também a virtualidade de apoiar a independência dos cargos, uma vez que cada titular poderia ter a certeza de que, uma vez abandonada uma vida política de pelo menos 12 anos, não teria que ir vender os seus préstimos, nem ficar à mercê, dos que antes estavam sob sua tutela"
ResponderEliminarIsto é o mesmo que dizer que implica ser profissional. Não é?
Se estamos assumir que as pessoas só podem ser independentes se lhes dermos dinheiro e que precisam de interromper a sua vida durante 12 anos... Por outro lado, se estamos a compensar as pessoas para que estejam 12 anos na política, estamos a criar profissionais.
Eu acho muito bem que para determinados cargos existam subvenções vitalícias na justa medida, pelas razões óbvias que todos sabemos. Já não entendo as subvenções que agregam outras benesses como o carro, o gabinete e o respetivo pessoal de apoio. Não se justifica de todo.
ResponderEliminarSim, se for para ser profissional (ministro ou PR) e até arranjarem emprego por um período limitado, como os treinadores de futebol. No resto, tenham dó de mim.
ResponderEliminarOra, caro Tonibler, imagine por exemplo um ex-pr sem subvenção nem emprego, às tantas os segredos de estado ( o código de lançamento dos mísseis ) podia ser trocado por uma uma malga de sopa, sim porque o nosso futuro breve aponta para a malga de sopa!...
ResponderEliminarNão há dinheiro que sacie o mau caráter! Por outro lado, normalmente, a passagem por cargos públicos por quem quer que seja, alavanca as oportunidades profissionais.
ResponderEliminarAos probos, não há dinheiro que corrompa.
Tenham dó de nós!
Diz bem o caro António Barreto, de fato nunca percebi o interesse dos privados nos "desempregados políticos", conheço muitos casos que estão encaixados no BES por exemplo, alguns apenas assessoraram...
ResponderEliminarQuanto aos probos, acredito que existam muitos, mas a maioria de barriga cheia ;
Cps
Gostaria de saber, quantos dos cerca de 400 abonados pensionistas, estão na situação de carenciados.
ResponderEliminarNada que um Rendimento Mínimo de Inserção Democrática (RMID) não compense.
A bem do Regime.
E da Fundação Dom Mário.
Caro Tonibler ,não são profissionais porque a opção que seguimos foi a da limitação de mandatos, e mesmo quando assim não era nunca olhámos com bons olhos os profissionais da política. Quando alguém se candidata a Presidente de Câmara, por exemplo, vindo de uma profissão liberal ou de uma empresa, deixa, por 4, 8 ou 12 anos, o seu caminho. Depois, tem que o retomar, aí pelos 50 anos de idade. O que lhe parece, que será fácil? Além disso, por muito competente que tenha sido, por cá valoriza-se muito pouco a experiência política, há uma concepção geral de que "não serve para nada", são todos uns oportunistas, estão lá para se servir, tudo de modo q que nunca se reconheça o valor desse anos de serviço. E, logo a seguir, ficamos à espera que cheguem os melhores. É assim como lhe digo, por muito que convenha ignorá-lo porque dispensa o esforço desse reconhecimento.
ResponderEliminarCaro António Barreto, concordo, não há dinheiro que sacie um mau carácter, mas estas subvenções não pretendem comprar maus carácteres mas precisamente defender os bons carácteres, náo me parece nada difícil ver a diferença.
ResponderEliminarAté compreendo as subvenções, se bem que não vejo a necessidade de serem vitalícias.
ResponderEliminarMas há € 2 mil milhões para cortar (*). Onde? Sugestões aceitam-se.
(*) Espero que depois dos famigerados 4 mil milhões em cortes permanentes, os 2 mil milhões do prof. Tavares Moreira não sejam um choque para ninguém.
Lamentavelmente, vivemos numa infrene demagogia e aí políticos (maus), jornalistas e comentadores são igualmente responsáveis. E os que criaram "esquemas" aparecem agora como arautos do seu desaparecimento.
ResponderEliminarClaro que a Suzana tem toda a razão. Um cirurgião presidente de câmara durante doze anos (e há, que eu conheço) pode continuar a operar? Algum dos meus amigos queria ser operado por ele, agora?Acontece que, agora, não tem subvenção. Como este, há montes de exemplos. O errado é que as verbas que pagam as subvenções vêm da segurança social,mas deviam vir do OE. Com o dispositivo actual, defraudam-se os que descontaram e têm direito a receber o que, de boa fé, confiaram ao estado, julgando que era pessoa de bem.
Portanto, estas coisas têm que ser vistas com equilíbrio. Claro que há gente que não merce nem um cêntimo de subvenção, mas há muitos que têm inteiro direito a ela, pelo que fizeram por este país. E esses merecem ser tratados com respeito. Acham os meus amigos que, nas circunstâncias actuais, alguém de valor aceita com facilidade e sem hesitação exercer funções públicas?
Caro Nuno Cruces, a mim o que me irrita é a questão do "exemplo", com toda a linguagem explícita e implícita associada, como se fosse um abuso que passava à socapa e não um valor decorrente de um serviço já prestado. Esta subvenção era para nos defender a nós, cidadãos interessados em ser governados por pessoas que podiam agir em defesa dos nossos interesses. Conheci e conheço muitos políticos dignos de admiração e respeito para quem a tal subvenção, mesmo que aumentada e corrigida, seria apenas um retorno simbólico do muito que sacrificaram da sua vida profissional e pessoal no exercício do seu cargo. Só que não vieram nos jornais, claro.
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarA realidade nega os seus argumentos porque o estado faliu e vai fechar para sempre dentro de alguns meses com esses 'profissionais' que reclama serem os melhores. Logo o problema não pode estar nas condições oferecidas porque os factos mostram que pior não se conseguiria fazer.
Não foi pedido a ninguém que se candidatasse, ninguém foi obrigado e se fosse uma questão de currículo não seriam precisas eleições. Se o médico decidiu ser presidente da câmara foi porque quis, não fui eu que pedi e recuso-me a ser eu a pagar pelas opções livres de quem quer que seja. Se não conseguir recuperar o seu emprego, terá o apoio que todos os outros cidadãos têm.
Mas se é preciso um médico para ser presidente da câmara então o problema está nas competências de um câmara porque um político é um serviçal não pode ser um primus inter pares.
Poupe-nos cara Sra Toscano.
ResponderEliminarO meu antigo colega de liceu e da Confª de S. Vicente de Paula, administrador de sete empresas, tem estado altamente necessitado.
Tal como os restantes 400 e picos.
Mas saúdo a sua linha.
Vale como manifestação de independência, perante a canga que caíu sobre a populaça. E a maioria das reacções, com relevo para o juvenil do CDS.
Dr.ª Susana, não lhe parece que chegaria um subsídio, limitado no tempo, de "integração", ou coisa semelhante?
ResponderEliminarPensões vitalícias devem ser concedidas a velhos e a incapazes. O resto são privilégios injustificados,parece-me.
Caro Tiro ao Alvo, como lembrei, desde 2005 que não há subvenção nenhuma a quem assume cargos políticos, por isso não está em questão qualquer modelo alternativo. Como refiro, o tal exemplo é dado à custa dos que já saíram da política ou dos que obtiveram esse direito qua do a subvenção era considerada uma contrapartida justa de um número de anos dedicado ã política. Não custa nada aos actuais dar esse "exemplo" e exibir os "exemplos" como troféus de grande coragem dos decisores actuais, renunciar ao que não têm parece-me um pouco falso, mas enfim, parece que isso não incomoda ninguém e o argumento é sempre servido, uma e outra vez, com o aplauso do costume, como se nada tivesse mudado.
ResponderEliminarCaro Bmonteiro, não é uma questão de "estarem necessitados", uma vez mais isto não era um subsídio à pobreza, mas gostava que vissem quantos desses tais 400 vivem efectivamente dessa subvenção ou o seu montante contribui para que tenham uma vida digna de quem serviu tantos anos o país político. Se eram bons ou maus políticos não sei, essa avaliação foi a votos e se foram confirmados...
ResponderEliminarConcordo consigo, Dra. Susana Toscano.Trata-se de puro populismo selvagem.
ResponderEliminarEntão estamos em austeridade e como é com os puritanos do regime?
O Paulo Portas gastou mais dinheiro ao Estado com a demissão "irrevogável" do que o que tirou às pensões.
A Paula Teixeira da Cruz recebe, por via do ex-marido, dinheiro do que o Estado injeta no BCP.
O Marques Mendes, que não tem ideias e arma em catequista dos outros, encheu-se a ele e aos amigos na Universidade Atlântica.
Deviam investigar isso tudo.Ver o que escondem esses anjinhos.