terça-feira, 22 de outubro de 2013

O silêncio é de ouro!

Em pouco mais de 24 horas gerou-se mais um episódio político fértil em especulações mediáticas e políticas. Ontem ouvimos o ME falar de um programa cautelar, hoje pela voz de um SE ficámos a saber o que é um programa cautelar, é um "seguro cautelar". Entretanto, vários ministros foram questionados pela comunicação social sobre um programa cautelar, desconheciam as declarações, nada sabiam sobre o assunto, finalmente o ME que iniciou este rodopio político acabou hoje a clarificar que o governo não está a preparar um programa cautelar, o governo está coeso e unido no cumprimento do programa de ajustamento. E Bruxelas não quis ficar para trás e logo se apressou a esclarecer que considera que ainda é cedo para falar num programa cautelar para Portugal e desconhece a intenção do governo para começar a negociar um programa cautelar no início de 2014. No final, impõe-se a pergunta: para quê mais este episódio? A que título? É caso para dizer: o silêncio é de ouro! 

6 comentários:

  1. Exma. Senhora Dra. D. Margarida Corrêa de Aguiar
    O artigo de opinião de V. Exa. é muito pertinente e mostra, entre outras coisas, que, afinal, Portugal é um joguete nas mãos de muita gente, quer cá dentro, quer extra-muros, o que é lamentável, sobretudo, quando se trata de assuntos tão sérios e graves, em que, de facto, o silêncio devia pontificar. Todavia, nada se pode fazer, pois, muitas vezes é o Poder que dá esses maus exemplos, através da sua bem montada máquina de propaganda. Assim, os homens da propaganda do governo usam um processo muito conhecido para desorganizar emocionalmente a população, conhecido por “tensão permanente” Em que consiste? Consiste em repetir uma coisa e o seu contrário, mudando algumas palavras, criando tempos de ansiedade, misturados com outros de desânimo e preocupação, em que as pessoas ficam sem condições para pensar ou reflectir. Por exemplo, para dizerem que a situação é catastrófica, primeiramente arranjam uns virtuais crescimentos, para logo a seguir através de eufemismos dizerem que não é resgate mas um programa cautelar, para daqui a alguns dias voltarem a fazer crer que afinal a economia já está a crescer, ao mesmo tempo que as agências do tal rating dizem que afinal a situação é muito grave, etc., etc. No entanto, a realidade, infelizmente, não se compadece com todas estas diatribes governamentais, pois, o Governo já não controla nada no País; é teimoso, obstinado, e, com toda esta máquina de propaganda só vai conseguir um feito: meter Portugal no abismo, sem que o Povo Português dê por isso.
    Peço me desculpe pela extensão do comentário e aceite os meus mais respeitosos cumprimentos

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  2. Anónimo23:38

    Margarida, um ilustre conselheiro de estado dizia há dias, a título de desabafo, que não faltam políticos, faltam sim estadistas. Em Portugal e não só. Este é só mais um episódio de uma confrangedora ausência de sentido de Estado.

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  3. Anónimo10:29

    Cara Margarida, a expressão de que o silêncio é de ouro deveria ser realmente uma realidade, sem dúvida. Até mesmo por uma questão de respeitabilidade dos governantes e dum certo recato que estes devem manter. Choca porém com a filosofia actual de aparecer a qualquer custo. Depois acontecem estes episódios vergonhosos e que põem a nú uma descoordenação inaceitavel num governo.

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  4. Não sei se é deliberado ou não, mas o que resulta destas contradições todas é que o tema já deixou de ser tabu e não tarda nada ouviremos alguém responsável vir dizer que "já todos sabiam" e que não percebem a surpresa.

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  5. Caro António Rodrigues
    A gradeço seu interessante comentário. A teoria da "tensão permanente" é realmente esgotante. Não tinha ainda pensado que se pode ser uma técnica desenhada a régua e esquadro. Mas tenho para mim que o governo também se vai esgotando na sua credibilidade e confiança. Uma coisa é certa, é muito mau para o país.

    José Mário
    Estamos realmente a atravessar um crise.

    Caro Zuricher
    Como muitos outros princípios, o direito ao silêncio e o dever do siléncio perderam-se. Para além da descoordenação que é visível, são os citérios que definem a necessidade ou não de intervir na praça pública que estão de "pernas para o ar". Fala-se do que não se deve e não se fala do que se deve.

    Suzana
    Bem lembrada a técnica do "já todos sabiam".

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  6. Cara Susana Toscano:
    "...não tarda nada ouviremos alguém responsável vir dizer que "já todos sabiam" e que não percebem a surpresa.".

    Mas, de facto, que Portugal iria necessitar de algum tipo de programa / auxílio financeiro do BCE (através de um programa de compra de obrigações) no pós-MOu - já é conhecido desde 2012...

    http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=58885

    "O Banco Central Europau (BCE) anunciou na quinta-feira um programa de ‘Transações Monetárias Directas’ para a aquisição de obrigações de países da zona euro no mercado secundário de dívida soberana, num montante «sem limites».

    O presidente do BCE, Mario Draghi, disse que este programa de ‘Transações Monetárias Directas’ (‘Outright Monetary Transactions’, na expressão em inglês) se destinará a obrigações entre um e três anos, ou de maturidades mais longas mas que vençam num prazo até três anos.

    Estas aquisições, acrescentou Draghi, estarão sujeitas a «condicionamentos rigorosos».

    O BCE só irá adquirir dívida de países que estejam sob «um programa de ajustamento macroeconómico total [como sucede na Grécia e também em Portugal] ou de um programa preventivo, desde que este inclua a possibilidade de aquisições da parte» dos mecanismos europeus de estabilidade
    "

    Cumprimentos

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