Eu... não me detenho em análises do ponto de vista político; limito-me, tal como o sapateiro que criticou o quadro de Apeles a apontar dois erros... três, vá. O primeiro erro, de carácter legal, é que o operador da máquina não está a cumprir as normas de segurança e higiene no trabalho, falta-lhe o capacete (a boina não o substitui). O segundo erro, é de carácter antropológico, o vélhinho de bengala, tem no mínimo 96 anos e nunca, 69 (e mais não digo para que ninguém me acuse de excessivamente bregeiro). O terceiro, é um erro, mas de carácter social, ou melhor de degradação social e moral: então não seria de esperar que os marmajões que estão a assistir ao trabalho dos mais velhos, tirassem as mãos dos bolsos e dessem uma ajudinha?! Claro que sim e se a juntar à crise económica, começarmos a perceber que a crise de valores aumenta... então é que o país deixa de ser recuperável. É tão certo como chamar-me Antóino...
Não há dúvida que é uma imagem muito impressiva a caricaturar bem o estado de duas coisas, a saber:- O estado da reforma e o estado da nação. É uma imagem que pode ser tudo o que quisermos, mas é também a ilustração precisa do paradoxo em que estamos enredados, paradoxo este potenciado por gente que não explica muito bem porque tem de ser assim, quando o senso comum sugere o contrário, de forma equilibrada, pois claro. Ele, aquele jovem simpático da vespa sempre contido nas palavras, feito ministro, lá vai dizendo que é por causa da sustentabilidade do sistema. Mas quem descontou 30 ou 40 anos não o pode entender, a menos que lhe digam claramente com papel e lápis, que os descontos de uma vida inteira já lhe foram pagos. Sim, porque a reforma deriva dum acumulado do próprio, e não essa patranha que de tanto repetida já fez lei, de que uma geração desconta para a outra. E chegados aqui “vindimados”, como diziam no norte quando eu me criava, há quem tenha a distinta lata de nos fazer crer que o projeto de uma vida inteira foi tão-só uma miragem de obsolência de um estado social, que isso não é aqui, que isso é lá no norte da europa, esses é que têm direito a ser felizes na velhice… Que angústia coletiva, meu Deus!
jotaC: Se a a reforma deriva dum acumulado do próprio, e esse acumulado já não existe, das duas uma: Ou vão buscá-lo onde ele se sumiu, exemplo: aumentos na função pública, ou ficam a arder: falência do Estado é exactamente ele não poder cumprir com todas as obrigações. Agora: tentar escravizar os novos trabalhadores que já descontam e não vão ter direito a nada, para suprir esse roubo, é que NÂO.
As políticas neoliberais preocuparam-se em controlar os preços à custa de estrangular a economia. E por certo, não lhes preocupa que haja mais desemprego: na hora de negociar terão sempre trabalhadores dispostos a trabalhar pelo salário mínimo. O controlo da inflação foi o engano do modelo económico vigente. E como prova disso, basta rever os dados da distribuição dos rendimentos em todos os países que seguiram a norma: em todos eles se ampliaram as desigualdades entre ricos e pobres.
O que é mais importante: cuidar do emprego, ou cuidar dos preços? A propósito, uma leve recordação sobre as políticas prévias à aplicação do modelo neoliberal: entre os anos 1940 e 1970 existiram fortes altas na inflação, mas o desemprego e o endividamento estavam sob controlo, e também foi o período de maior equidade social. Aa tentar controlar a variável preços aumentou o desemprego e o endividamento massivo.
Caro Óscar Monteiro, Pois eu até percebo a lógica do seu raciocínio, mas só partindo do princípio de que é legítimo a a alguém a quem confiamos as nossas poupanças lhe dê outro fim que não o acordado... Quanto à escravatura da nova geração (afinal de contas os nossos filhos e netos!) não fossem os nossos sacrifícios e coitados deles... Cps
Cara Suzana: Acontece que os do lado de lá, que estavam no regime contributivo, pagaram o que lhes foi exigido para terem a reforma que o cálculo actuarial lhes calculava. Pagaram, entregando os valores a uma entidade que, erradamente, consideravam como pessoa de bem. Agora, foram espoliados. Admiter-se-ia uma correcção, devida ao aumento da esperança de vida, que trouxe uma alteração dos valores estimados. Competindo, naturalmente, ao OGE e não ao O.Segurança Social o pagamento dos regimes não contributivos. Acontece que tudo isto é baralhado e tudo serve para justificar o esbulho dos que confiaram nas pensões, nos fundos de pensões, etc, etc.
Eu disse os do lado de cá, caro Pino Cardão, os que estão a abrir a vala, como o sistema é pay as you go, estão ainda a descontar para pagar as reformas dos pais...
Os do lado de cá ainda estão a descontar para pagar as pensões da geração anterior...
ResponderEliminarPercebe-se bem, pela figura, quem foram os legisladores...
ResponderEliminarIsto é o que estamos a ver...
ResponderEliminarEu... não me detenho em análises do ponto de vista político; limito-me, tal como o sapateiro que criticou o quadro de Apeles a apontar dois erros... três, vá.
ResponderEliminarO primeiro erro, de carácter legal, é que o operador da máquina não está a cumprir as normas de segurança e higiene no trabalho, falta-lhe o capacete (a boina não o substitui). O segundo erro, é de carácter antropológico, o vélhinho de bengala, tem no mínimo 96 anos e nunca, 69 (e mais não digo para que ninguém me acuse de excessivamente bregeiro). O terceiro, é um erro, mas de carácter social, ou melhor de degradação social e moral: então não seria de esperar que os marmajões que estão a assistir ao trabalho dos mais velhos, tirassem as mãos dos bolsos e dessem uma ajudinha?! Claro que sim e se a juntar à crise económica, começarmos a perceber que a crise de valores aumenta... então é que o país deixa de ser recuperável. É tão certo como chamar-me Antóino...
ResponderEliminarNão há dúvida que é uma imagem muito impressiva a caricaturar bem o estado de duas coisas, a saber:- O estado da reforma e o estado da nação.
É uma imagem que pode ser tudo o que quisermos, mas é também a ilustração precisa do paradoxo em que estamos enredados, paradoxo este potenciado por gente que não explica muito bem porque tem de ser assim, quando o senso comum sugere o contrário, de forma equilibrada, pois claro.
Ele, aquele jovem simpático da vespa sempre contido nas palavras, feito ministro, lá vai dizendo que é por causa da sustentabilidade do sistema. Mas quem descontou 30 ou 40 anos não o pode entender, a menos que lhe digam claramente com papel e lápis, que os descontos de uma vida inteira já lhe foram pagos. Sim, porque a reforma deriva dum acumulado do próprio, e não essa patranha que de tanto repetida já fez lei, de que uma geração desconta para a outra.
E chegados aqui “vindimados”, como diziam no norte quando eu me criava, há quem tenha a distinta lata de nos fazer crer que o projeto de uma vida inteira foi tão-só uma miragem de obsolência de um estado social, que isso não é aqui, que isso é lá no norte da europa, esses é que têm direito a ser felizes na velhice… Que angústia coletiva, meu Deus!
jotaC: Se a a reforma deriva dum acumulado do próprio, e esse acumulado já não existe, das duas uma: Ou vão buscá-lo onde ele se sumiu, exemplo: aumentos na função pública, ou ficam a arder: falência do Estado é exactamente ele não poder cumprir com todas as obrigações.
ResponderEliminarAgora: tentar escravizar os novos trabalhadores que já descontam e não vão ter direito a nada, para suprir esse roubo, é que NÂO.
A gravura sugere-me o seguinte comentário.
ResponderEliminarAs políticas neoliberais preocuparam-se em controlar os preços à custa de estrangular a economia. E por certo, não lhes preocupa que haja mais desemprego: na hora de negociar terão sempre trabalhadores dispostos a trabalhar pelo salário mínimo. O controlo da inflação foi o engano do modelo económico vigente. E como prova disso, basta rever os dados da distribuição dos rendimentos em todos os países que seguiram a norma: em todos eles se ampliaram as desigualdades entre ricos e pobres.
O que é mais importante: cuidar do emprego, ou cuidar dos preços? A propósito, uma leve recordação sobre as políticas prévias à aplicação do modelo neoliberal: entre os anos 1940 e 1970 existiram fortes altas na inflação, mas o desemprego e o endividamento estavam sob controlo, e também foi o período de maior equidade social. Aa tentar controlar a variável preços aumentou o desemprego e o endividamento massivo.
Caro Óscar Monteiro,
ResponderEliminarPois eu até percebo a lógica do seu raciocínio, mas só partindo do princípio de que é legítimo a a alguém a quem confiamos as nossas poupanças lhe dê outro fim que não o acordado...
Quanto à escravatura da nova geração (afinal de contas os nossos filhos e netos!) não fossem os nossos sacrifícios e coitados deles...
Cps
Cara Suzana:
ResponderEliminarAcontece que os do lado de lá, que estavam no regime contributivo, pagaram o que lhes foi exigido para terem a reforma que o cálculo actuarial lhes calculava. Pagaram, entregando os valores a uma entidade que, erradamente, consideravam como pessoa de bem. Agora, foram espoliados. Admiter-se-ia uma correcção, devida ao aumento da esperança de vida, que trouxe uma alteração dos valores estimados.
Competindo, naturalmente, ao OGE e não ao O.Segurança Social o pagamento dos regimes não contributivos. Acontece que tudo isto é baralhado e tudo serve para justificar o esbulho dos que confiaram nas pensões, nos fundos de pensões, etc, etc.
Excelente!
ResponderEliminarCaros Comentadores, de facto , como antecipei, a imagem suscita diversas interpretações e leituras.
ResponderEliminarEu disse os do lado de cá, caro Pino Cardão, os que estão a abrir a vala, como o sistema é pay as you go, estão ainda a descontar para pagar as reformas dos pais...
ResponderEliminarNão devem ser empregados do Estado senão eram 4 para trabalhar com a retroescavadora e 6 para meter cada cano , e ainda pelo menos dois fiscais.
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