segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Todos comentam Machete...ninguém fala da Moody's?

1. Desde ontem à noite, salvo erro, que os media andam afadigados a repetir a toda a hora as peculiares afirmações do MNE, apontando um determinado nível das taxas de juro da dívida pública portuguesa a 10 anos (4,5%) como sinalizador de um regresso feliz aos mercados ou...da necessidade de um 2º resgate...

2. E quase todos os comentadores de serviço, incluindo destacados pirómanos financeiros, já emitiram, como lhes cumpre, a sua douta opinião acerca de tais declarações, umas mais outras menos causticas...

3. Achei particular graça ao facto de no início desta manhã, na abertura dos mercados, um jornalista de rádio ter inquirido um profissional do mercado financeiro acerca do impacto que as declarações do MNE tiveram sobre a cotação da dívida pública portuguesa: nenhum, foi a resposta pronta do dito profissional...

4. ...que não se limitou a esse comentário, tendo acrescentado que bem mais importante foi a notícia da melhoria da apreciação da dívida portuguesa pela agência de notação financeira Moody’s, tendo a notação da dívida que se mantém no nível Ba3 passado de “Outlook negativo” para “Outlook estável”...

5. Não é muita coisa, mas para um País que se habituou a um percurso pela “escada abaixo” das notações de rating, desde há mais de 3 anos a esta parte, esta mudança é um importante “turning point”...

6. Curiosamente, apesar do seu significado para os mercados, esta mudança positiva na percepção do risco da dívida portuguesa por uma agência como a Moody’s passou quase despercebida junto dos prestimosos “media”, enquanto as declarações quase inócuas (e felizmente pouco convincentes) do MNE ocuparam horas de noticiário e de comentário, foram repetidas quase até à exaustão...

7. Mas agora rectifico: a notícia da Moody’s quase despercebida? Qual a surpresa, se é uma notícia positiva?...



16 comentários:

  1. É triste mas é verdade! Os comentadores - e as oposições - querem é ver "o sangue a jorrar" (salvo seja).

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  2. Caro António Barreto,

    Neste caso, se me permite, será mais propriamente o gosto pela patetice do que propriamente pelo sangue escorrendo das dilaceradas entranhas do País...

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  3. Meu caro Tavares, quando vejo a sua admiração por «agências de notação» que davam nota máxima a bancos na véspera destes irem pedir ao governo americano para não falir, também sorrio. Porque estas agências de notação deviam estar, há muito, desmanteladas e os seus responsáveis a apanhar sabonetes nos duches em cadeias americanas.

    Mas eu estou a dizer o quê? Como se o Tavares Moreira não soubesse perfeitamente como a Máfia se movimenta…

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  4. nnenhuma admiração É só uma notícia positiva que a comunicação social ignora

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  5. Anónimo07:26

    A comunicação social irá continuar a alardear tudo o mau e a ignorar tudo o bom. O objectivo é, evidentemente, indispôr os eleitores contra o actual governo.

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  6. O alarido, não só da imprensa escrita como também dos comentadores políticos em torno dos comentários do Ministro, são a prova cabal de que a mentira se instalou e ganhou foros de instituição. Pois se aquilo que o Ministro disse é a verdade nua e crua e ainda por cima uma verdade que todos conhecem, porque raio se deveria esperar que mentisse, ou que desviasse o sentido do comentário, como aliás veio em seguida o 2º primeiro ministro fazer publicamente, passando um atestado de tolinho ao MNE?!
    Depois arriscam-se a ouvir dizer: na altura avisei, mas todos me criticaram, agora aguentem-se com mais um resgate a juros incomportáveis; uma sobrecarga nos impostos e mais uma encavadela para as gerações futuras!

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  7. Claro que o profissional do mercado financeiro ia dizer que não teve impacto. O que se pode esperar de um especulador da economia de casino que é favorecido por esta política neo-liberal ao serviço da Sra. Merkel de ataque aos direitos dos trabalhadores, dos intelectuais, dos pequenos empresários, em benefício do grande capital imperialista??

    Tal como é natural que a máfia das agências de rating se preste agora a corrigir o vil ataque à soberania nacional. Depois do processo metido na justiça por professores de Economia de Coimbra (são professores de Coimbra!) contra essa cambada, agora andam a meter o rabinho entre as pernas. E, como serviçais que são dos especuladores da economia de casino, estão receosos que um governo de esquerda tome o poder entre as mãos contra a política austeritarista e leve este país para a frente, saia do euro, mande a troika lixar-se e tome nas mãos os destinos de um país que se quer próspero.

    Ah, nada como estupidez pela manhã....

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  8. Caros Luís Moreira e Zuricher,

    A comunicação social lá vai cumprindo seu desígnio: quanto pior, melhor...eles lá sabem porquê!

    Caro Bartolomeu,

    Perdoar-me-á que discorde do seu comentário na parte em que diz "...são a prova cabal de que a mentira se instalou e ganhou foros de instituição...".
    Se, em vez de "mentira", usasse "patetice" eu concordaria integralmente...

    Caro Tonibler,

    Pôs o dedo na ferida, há que revisitar essas velhas tretas que andam um quanto esquecidas...
    Tal como a famosa queixa dos Profs de "economia" de Coimbra contra as pérfidas manobras das agências de rating, que não há maneira de chegar a julgamento...que justiça mais lenta esta, quando se trata de chamar á pedar os neo-liberais...

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  9. Caro TMoreira,

    Não é grande novidade que a CSocial não presta grande atenção à informação de qualidade. A verdade é que temos vindo a assistir a um "Correio da Manhização" das nossas notícias. A esse exemplo veja-se a atencao e valor que é dado a comentadores políticos que nao andam muito longe da Maya, com a ténue diferença que a segunda lê nas cartas e os primeiros simplesmente atiram intuições. Já para nao referir o tom jucoso com que a CSocial sistematicamente se refere à direita.
    Mas bom, valha-nos Seguro, ou talvez o substituto, que salvará o país fazendo investimento público espalhando por esse país fora estátuas de fundadores de clubes de futebol.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Concordo plenamente que estamos perante uma inversão de valores.

    É que ao inves de os meios de comunicação social lusos amplificarem uma evidencia positiva, vinda de entidades externas...a moddys

    ...acabam por dar relevo a mais uma declaração inusitada do Ministro de Negocios Estrangeiros.
    Agravado pelo facto de que as "alarvidades" do Ministro são já é algo muito visto e recorrente...ou seja nada de novo, portanto!

    De todas as formas, tambem me surge a duvida:

    Se calhar até mais que os meios de comunicação social, não seria preferivel que o proprio Ministro tivesse falado da Moody's...em vez de dizer o que disse ???



    ERRATA:se calhar pensando melhor...talvez seja mesmo preferivel que o Ministro não abra a boca, e fique calado! É capaz até da Moody's ainda rever melhor o rating....

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  12. Caro Unknown,

    Um comentário digno de um Viriato ou de um Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador...
    Realmente esta comunicação social está precisando de uma valente barrela; provavelmente só mesmo a Bayer, com um programa duro de desinfestação, conseguirá algum resultado...

    Caro Pedro,

    Não chegarei ao ponto de dizer que a sua conclusão é genial...mas olhe que não andará muito longo disso, subscrevo-a sem dificuldade!

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  13. Concordo, é absolutamente ridículo o que se passou, um bom retrato de como se formam "casos" e se fabricam notícias.

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  14. Apraz-me registar esta convergência de opiniões, cara Suzana!

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  15. Fantástico o comentário do Tonibler. Aprecio imenso o humor e a ironia. Quanto ao post, nitidamente a efervescência catastrofista baixa imediatamente quando as boas notícias aparecem: seja a notação da Moody's, seja todos os indicadores positivos que temos constatado.

    Mas nunca esquecer que há um Povo Sofredor nesta procela. Há dor e legítima raiva. Nunca esquecer que não melhoria nas exportações que consolem todos os comprimidos pelas mesmas despesas fixas e cada vez menores rendimentos.

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  16. Caro Joaquim Carlos,

    Respeito muito o sentido que está expresso no segundo parágrafo do seu comentário.
    Essa é aliás uma das razões que me levam a considerar, nesta altura dos acontecimentos, que deve ser absolutamente proibido andar a brincar aos resgates..até porque isso implicará sempre mais sacrifícios...

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