A juventude está associada a um impulso de mudança ditada por uma forma de olhar o mundo à sua volta sem o lastro da memória, sem medo de quebrar convenções, preconceitos ou formas tradicionais de fazer. Está associada à capacidade de acreditar sem ter medo de sofrer desilusões, à frescura de um novo olhar, irreverente, crente e corajoso. Por isso se conta com a capacidade dos jovens para abrir novos horizontes e trazer esperança aos que já olham cansados o caminho, por isso se espera que critiquem velhos métodos, que não se conformem com o ter que ser e antes tenham o arrojo de lutar lealmente no confronto de ideias e nas decisões que daí resultem. A mera aparência das coisas costuma ser uma das fontes de rebelião dos jovens, eles clamam pela verdade, querem entender e exigem ser parte, insubordinam-se com a deturpação das coisas e são impiedosos a confrontar quem os tenta enganar. Não se é jovem apenas porque se tem poucas décadas de vida, ou porque se empurra os mais velhos para o lado quando já não se podem defender, a força física ou a força do número nunca fizeram um mundo melhor, a juventude sim, mas a de atitude, a de espírito, a da lealdade e da coragem, essa sim, é que nos pode dar esperança. São as atitudes e a mentalidade que são jovens ou velhas, não são os bilhetes de identidade mas, se não forem assim nos verdes anos, o que serão quando forem velhos?
«... o que serão quando forem velhos?» Boa questão, cara Drª Suzana. A minha experiência diz-me que, depende. Se forem velhos de idade mas jovens de pensamento, abertos à discussão de ideias e ao reconhecimento da validade dessas ideias, então o mundo pulará e avançará. Mas... se forem menos velhos de idade mas de pensamento empedernido... então as novas ideias estarão para eles como o maço a malhar em ferro frio. A propósito disto estou a lembrar-me de um alto dirigente sob as diretivas de quem trabalhei recentemente. Este dirigente andava muiiiito preocupado com as despesas, sobretudo com os gastos em eletricidade e água. Então, matutei sobre o assunto, reuni dados do consumo de água anual, investiguei, solicitei orçamentos e elaborei um relatório onde apresentei a esse dirigente uma solução ecológica de aproveitamento das águas pluviais, com a chamada de atenção que o investimento ficaria pago no período de 5 anos e que, a partir daí, teríamos água à borla (desde que chovesse) para regar, lavar carros, usar nos WC, etc. A complementar este dossier ia um estudo preliminar de substituição dos vidros das janelas por vidros duplos e instalação de fontes de energia alternativa. Depois de concluído o relatório, pedi audiência ao tal dirigente, apresentei-lhe sumariamente a ideia fundamentada, entreguei-lhe o dossier e, sem o abrir, numa voz de falsete respondeu-me afivelando um sorriso trocista; boa ideia, assim já evitamos molhar os pés à saída!
ResponderEliminarToma, Bartolomeu, que é para aprenderes que neste país, só as ideias dos doutores é que têm aceitação!
Cara Dra. Suzana Toscano,
ResponderEliminarEssa juventude a que se refere, atenta ao mundo e à mudança que a rodeia continua a ser a mesma mas, se calhar, desprovida dos mesmos interesses e afetos, da antecedente.
Tenho verificado nas entrevistas feitas a jovens estudantes que a maioria encara com naturalidade o país que se lhes oferece, sem esperança nem oportunidade, e com total ausência de emoção diz preparar-se para trabalhar no estrangeiro. Não sei se esta aceitação natural é um bom ou mau sinal, mas que é demonstrativa de uma geração diferente da antecedente, lá isso é...
Sobre o olhar o mundo sem olhar ao BI, sem olhar a convenções mas possuindo uma racionalidade incontornável:
ResponderEliminar«Há 500 anos atrás, pouca coisa acontecia num século. Agora, muita coisa acontece em apenas 6 meses. A tecnologia alimenta-se a si própria e fica cada vez mais rápida e não vai parar. E daqui a 40 anos o ritmo da mudança será tão assustadoramente rápido que ninguém será capaz de acompanhá-lo a menos que você aumente sua própria inteligência fundindo-se com a tecnologia inteligente que estamos criando.»
É com essas palavras que o documentário Homem Transcendente finaliza seu relato pormenorizado das ideias e do dia-a-dia de Ray Kurzweil. Significando que o homem será omnipotente quando se libertar das limitações que a biologia impõe hoje. Mas essas limitações têm uma data para ceder: 2045.
Para Ray, em 2029 a inteligência artificial já se igualaria à inteligência humana. Em 2045, a parte artificial da inteligência da civilização de homens-máquina será mil milhões de vezes mais poderosa do que a parte biológica. Isso significa que teremos ampliado mil milhões de vezes a inteligência dessa civilização. Isso é uma mudança tão profunda que a chamamos de Singularidade.
Pois é caro Bartolomeu, o pior é se eles hoje, que sáo jovens, já copiam os tiques dos que só conhecem os métodos de sempre, não é de esperar que rejuvenesçam aos 50 anos...
ResponderEliminarCaro jotac, emoção e afectos fazem parte da natureza humana mas parece que está na moda passar por cima disso, talvez seja influência da era da economia que não tem dado bons resultados, mas a verdade é que esses nossos emigrantes não sabem ainda o que custa viver fora de tudo, o facto ê que têm saudades e passam a dar valor a muitas coisas de que antes desdenhavam. Voltam menos arrogantes mas também um pouco impacientes com as nossas idiossincrasias, onde se nota mais a diferença é que já não dizem tanto mal de muito do que aqui tanto criticavam.
Caro Diogo, sabemos lá nós o que se passará daqui a 50 anos, mas a ideia de que nos basta a racionalidade, substituível por robôs cujo "raciocínio" só pode ser parametrizado por humanos, é aterradora. Talvez seja essa a maneira de valorizar as emoções, duvido que seja possível passar sem elas, como se isso bastasse para eliminar os erros das decisões.