A moção de estratégia que o dr. Passos Coelho vai apresentar ao congresso do partido que lidera e liderará, discorre sobre o perfil do futuro candidato a apoiar pelo PSD às eleições para a presidência da república que ocorrerão daqui a uns largos meses. Pretende-se que o candidato encare o futuro presidente, no exercício da função, "mais como um árbitro ou moderador, evitando tornar-se numa espécie de protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político" ou da "popularidade fácil".
No seu espaço habitual de comentarista, o professor Marcelo Rebelo de Sousa, respondendo a uma pergunta de um vulgar mas muito arguto e perspicaz cidadão, desistiu de se fazer candidato porque achou que este perfil lhe assentava. Passos Coelho já se mostrou surpreendido com a atitude do professor recusando enfiar-lhe a carapuça.
Confesso-me pelo menos tão surpreendido como o dr. Passos Coelho. Então o professor Marcelo acha que encaixa na categoria dos que têm do PR a ideia do "protagonista catalisador de contrapoderes" (ainda por cima "de qualquer conjunto"!)? Julga-se "um catavento de opiniões erráticas"? Admite ser visto como alguém funcionalizado à "mera mediatização gerada em torno do fenómeno político" ou da "popularidade fácil"? Pelo que entendi, parece que sim, ao considerar que aquele perfil é o seu.
Mas mais espantosa é a razão que julga estar na base da vontade de Passos Coelho excluir o candidato a candidato Marcelo. Diz o professor que o PM pensa que pode ganhar as eleições legislativas pois as coisas estão a correr-lhe bem, e por isso sente-se com força para desde já afastar quem não gosta. Imaginava eu que Marcelo candidato se afirmava acima dos partidos, sem renegar, porém, o seu apoio. E imaginava também que o candidato, quando decidiu que o era, passou a acender pelo menos uma vela por dia ao santinho da devoção para não ter ao seu lado na campanha eleitoral o atual PM.
Com esta minha notória falta de acuidade, vou-me subtrair por uns tempos ao exercício de interpretar factos e vontades das nossas elites.
Não sei, não :http://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/em-bandeja-de-prata-para-marcelo-rebelo-777507
ResponderEliminarBom, meu caro Luis Moreira, se é como anota, menos se percebe a reação de MRS...
ResponderEliminarElites? Onde estão?
ResponderEliminarEnigmas e mais enigmas, caro Ferreira de Almeida, uns falam cifrado -é no mínimo curiosa a expressão "cata vento" para incluir num documento estratégico que define orientação para um perfil institucional -outros decifram como se não houvesse mais nada além de si próprios. Fantástico. Mas não desista, por favor, como exercício do absurdo até que é interessante, sempre obriga a exercitar a imaginação :)
ResponderEliminarNem tudo o que parece é. E também nem tudo o que é parece.
ResponderEliminarE o que parece é, dizem outros.
Neste jogo não sou capaz de entrar.
Mas também me parece que Pedro tinha que se admirar do que Marcelo disse. Porque aquilo que não parece por vezes é.
E Marcelo tinha que reagir como reagiu. Porque, parecendo ou não parecendo, de facto foi.
Mas parece que ainda há muito tempo para se averiguar o que é e o que parece e o que parece e não é.
Pois... Caro José Mário, creio que esta história ainda não acabou. Aguardam-se os próximos capítulos!...
ResponderEliminarClaro que não Miguel, claro que não. A minha convicção é que só agora começou...
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