sábado, 25 de janeiro de 2014

Vale a pena lembrar a Bial

A propósito da súbita polêmica e proliferação opiniática sobre a investigação científica em Portugal, produtividade e utilidade e não sei que mais, vale a pena recordar a Bial, essa empresa que agora todos reconhecemos pelo lançamento e comercialização internacional de um medicamento antiepiletico. Vejam lá o segredo do sucesso...e o que explicou Luis Portela sobre a estratégia seguida, o tempo e o investimento exigidos e, claro, a persistência. Agora sabemos que teve sucesso, mas ao fim de 20 anos, 20! Quantos o aconselharam a desistir, quantos pensaram que ia levar a empresa à falência, quantos o ignoraram por pensarem que nunca conseguiria, em Portugal, tal façanha?

9 comentários:

  1. Permita-me que discorde naquilo que é a visão que é transmitida pelo seu posto, cara Suzana. Qualquer medicamento leva 20 anos a ser aprovado. Qualquer. Faz parte do negocio. Paciência e tempo, estariam sempre lá. O que diferencia a Bial dos outros e que é a marca comum daqueles que fazem investigação cientifica viável é o facto de o Luis Portela ter garantido o negocio que vinha do pai, que consistia em fabricar por licença para investir na sua confiança e visão de que o medicamento ia aparecer. Por ele, não tenho a menor dúvida de que tempo e paciência era coisa que ele dispensava.

    Isto para dizer que a Bial é o exemplo acabado de investigação viável, em que o investimento é investimento não é dinheiro deitado à rua. E, sei que têm outros na calha, uns em testes, outros a entrar em testes para outras patologias. E a análise económica de todos eles, os riscos de falharem, o horizonte temporal dos cash flows a gerar, está tudo contabilizado porque quem vai pagar são os medicamentos por licença e este que é da autoria da empresa. E quem paga a investigação é a produção.

    O que é que isto tem a ver com a polémica que veio a público nos últimos tempos? É que a discussão é exatamente esta, entre aqueles que acham que paciência e tempo é o que é preciso, mas pedem dinheiro, e aqueles que dizem que se é preciso dinheiro então mostrem-me os cash flows e os riscos para compor a minha carteiras e perceber como a minha produção a pode pagar. Leve 20 anos ou 40. Há investigadores nacionais a trabalhar para a fusão nuclear e se calhar só daqui a 100 anos.

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  2. AS estatisticas devem servir para tudo e não só para o que convém.
    Um país tão pequeno e com tantos catedráticos em marcha lenta.O Zé povinho coitado, paga luxos de cujos nunca virá a ter.
    Há dias ouvi e vi num canal TV esta frase."Há 16 institutos a formar professores" Contradita as estatística. O mesmo não poderemos dizer dos nascimentos.
    Diremos o mesmo de advogados,etc
    Candidatos em potência haverá 1 milhão.E lugares,procuram-se?

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  3. O problema é igual. Na investigação, nas escolas, na saúde, nas empresas. Não há avaliação. Não se avalia o mérito, os resultados...

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  4. Cara Suzana:
    Essa é investigação a sério.Traduziu-se em patentes e em produto comercializado, deu emprego e actividade económica. E foi desenvolvida e orientada pela empresa, com planos definidos, uma hierarquia, orçamentos.
    Ao contrário, a investigação pública e geralmente uma investigação ad-hoc, ao gosto do investigador, que se esgota em viagens e papers dos quais não resulta qualquer efeito económico, nem científico, a curto, médio e longo prazo. Quantas patentes resultaram dessa investigação, quantos produtos, quanto emprego?
    E quanto custou?
    Claro que não falo da necessidade de investigação fundamental, mas a nossa, a pública, acaba por ser nem fundamental, nem aplicada, e investigação ad-hoc, ao gosto do investigador, não inserida em qualquer programa ou plano.
    Por isso, a BIAL não é exemplo. Ou, melhor, deveria ser.

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  5. Suzana
    A Bial é um caso de sucesso, tem uma estratégia consistente de investimento em ciência, em que competitividade, inovação e tecnologia andam juntas. Faz parte do seu ADN.
    Sobre este tema vale a pena ler o artigo que o Prof. Daniel Bessa escreve hoje no Expresso, "Investimento em Ciência", do qual transcrevo a parte final:
    " Em suma: não é verdade que tudo o que se gasta em ciência é investimento. Cedo ou tarde , Portugal terá de investir mais em ciência, consumindo menos em ciência. Não acredito que tal se consiga de modo espontâneo, continuando a aumentar o gasto em ciência, bastando para tal esperar para que surjam resultados."

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  6. Não foi fácil encontrar quem partilhasse o projecto. Os profissionais com quem falava asseguravam que a tarefa era impossível de concretizar em Portugal. "Da primeira vez que alguém me disse: 'Isso é muito difícil, mas faz sentido', convenci-o a vir trabalhar comigo.
    Depois de vermos o sucesso, é muito fácil aplaudir e achar que foi uma boa decisão investir, esperar, teimar, o próprio Luis Portela diz que ninguêm acreditava que Portugal pudesse levar essa ambição a bom porto. O nosso problema é esse, estamos sempre prontos a desistir, a pôr em causa, a apostar no caminho que não se seguiu para se seguir outro que provavelmente também será posto em causa por quem vier a seguir . O problema é que Luis Portela não desistiu e isso em Portugal é heróico.

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  7. os dr. Miguel Cocco e Sr António Diogo Bravo tiveram imensas patentes de produto no Instituto Luso Farmaco que venderam em 1985

    a Hovione dos sucessores de Ivan Vilax também caso de sucesso na internacionalização de matérias-primas

    a Bial goza de larga propaganda, mas não se diz que o bretão francês François Le Goffic fez os estudos do produto

    aquele desfile era de gente de 3ª classe a querer mamar o dinheiro dos contribuintes

    do estado português fui apenas contribuintes

    Jorge de Sena dizia que esta merda era um país de filhos da puta que emigram para fazer filhos em qualquer puta

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  8. Conheci o projecto de investigação de novos produtos do Bial mesmo no seu início e sei que o êxito que foi conseguido é principalmente fruto da vontade de levar esse projecto até ao fim. Mas também trabalhei noutras empresas onde decorriam projectos de investigação meritórios pioneiros, como a Hovione, que Floribundus já citou, mas também a Cipan, que chegou a vender tecnologia de produção de produtos farmacêuticos para o Brasil, a Espanha e a Finlândia. É destas firmas uma parte importante das patentes fruto de investigação em Portugal.

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