sexta-feira, 7 de março de 2014

Que venham mais impostos? LIVRA!!!

1. A nossa muito querida amiga e ilustre 4Republicana Honorária Manuela Ferreira Leite, pessoa a quem dedico enorme (indestrutível) amizade e consideração, desde há muitos anos, terá afirmado ontem que são precisos serviços públicos de melhor qualidade em especial nas áreas da saúde e da educação...até aqui tudo bem...

2. Mas, terá rematado este comentário com a seguinte afirmação de índole fiscal: e se para isso forem necessários mais impostos, venham mais impostos...c’os diabos!

3. A M. F. Leite tem obviamente todo o direito de emitir tal opinião, a qual tem implícito um juízo de folga da carga fiscal a que estamos sujeitos, no seu caso e de tantos outros envolvendo o IRS e a CES...juízo que de todo não partilho, pois na minha apreciação a folga fiscal não só não existe como tem uma mesmo expressão negativa...

4. Mas, para além desse aspecto da existência ou não de “folga fiscal”, subsistem dois outros problemas: o primeiro é o de continuar a considerar-se, ou admitir-se, que é com mais despesa e mais impostos que se resolvem os problemas da eficiência na prestação de serviços públicos, nas áreas em causa ou noutras...

5. Continuo a pensar que não é “atirando dinheiro para cima dos problemas” - citando a famosa frase do Dr. José Roquete (salvo erro) que caracterizou a forma de intervenção típica do consulado do Engº A. Guterres – que melhor se resolvem os problemas de eficiência na administração pública em Portugal...

6. Em segundo lugar, sabemos que continua por fazer a chamada Reforma do Estado, ou seja uma extensa e detalhada revisão da organização política e administrativa do Estado, que elimine funções e estruturas supérfluas ou redundantes...e tantas são, tanto ao nível central como regional e autárquico...

7. Sem a apresentação e início de aplicação desse projecto de Reforma do Estado, que tanto urge na opinião de centenas de comentadores, mas que continua a marcar passo, parece-me ser prematura qualquer ideia de aumento da carga fiscal, nomeadamente sobre o rendimento, e sobretudo se a justificação for financiar reforços de funções do Estado...

8. Não quero deixar de confessar que a minha primeira reacção, quando li as declarações atribuídas à nossa querida M. F. Leite, foi: que venham mais impostos? LIVRA!

16 comentários:

  1. Essa asneira explica muita coisa da história do estado português. Quase poderia ser transcrita no preâmbulo do acordo com a troika se tivesse sido dita em tempo útil.

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  2. Dr. Tavares Moreira

    A saúde e a educação, sendo daquelas áreas em que o Estado pode delegar a responsabilidade da sua oferta a privados (ou parte dela), deve sempre, em última linha, manter a supervisão apurada e rigorosa das mesmas.

    Ou seja, o Estado pode e em muitos casos deve delegar a oferta destas áreas a terceiros, que estejam tanto ou mais aptos a chamar a si essa responsabilidade, mas não deixando nunca de chamar a si uma supervisão escrupulosa das regras e procedimentos de modo a acautelar a justiça social e a equidade.

    Porém não o deve fazer a qualquer custo e muito menos às cegas. Quando 4/5 da população, para já não dizer 5/6, não apresenta qualquer folga fiscal, vejo com muita dificuldade que se possa ir por aí.

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  3. A referência “atirando dinheiro para cima dos problemas” pode ser uma citação do Dr. José Roquete, mas é certamente bem mais antiga!
    A expressão "throwing money at the problem" é muito antiga em termos de literatura inglesa. Não consegui encontrar a origem, mas veja-se por ex um discurso de Ted Kennedy em 1980:

    http://www.historyplace.com/speeches/tedkennedy.htm

    A.Sousa
    PouparMelhor.com

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  4. Desculpe, Dr. Tavares Moreira, mas a sua amiga Ferreira Leite está a passar-se dos carretos vezes de mais.

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  5. Há certas amizades que em vez de serem exaltadas devem ser ocultadas ou pelo menos referidas com moderação.

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  6. Caro Tonibler,

    As pessoas podem ter opiniões diversas, neste domínio, sobretudo se elas próprias se disponibilizam para aceitar mais sacrifícios fiscais.
    Eu não concordo, de todo, discordo radicalmente, mesmo, mas pelo facto de não concordar não vou etiquetar a opinião de asneira...
    Mas não excluo que se possa inovar, em matéria fiscal, decretando agravamentos de impostos que incidirão apenas sobre os rendimentos daqueles que concordarem com tal medida...

    Caro Mário de Jesus,

    Absolutamente de acordo com os seus comentários.

    Caro Poupar Melhor,

    Registo e agradeço o esclarecimento de raiz anglo-saxónica.

    Caro Tiro ao Alvo,

    Se me permite, remeto para a resposta dada ao Tonibler...

    caro Unknown,

    Neste caso, mantenho e reafirmo em pleno o que mencionei no Post em matéria de amizade...
    As divergências de opinião até podem ser grandes, e neste domínio são enormes como deixei bem expresso, mas não conseguem abalar uma amizade com fundações muito sólidas...

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  7. Caro Tavares Moreira,

    Na mesma linha de raciocínio, sou o primeiro a reconhecer as minhas as asneiras o que me dá o direito de reconhecer as asneiras dos outros, da mesma forma que cada vez que a senhora se dispôs a sofrer um agravamento fiscsl isso custou-me um esparrame de dinheiro e, a milhares de pessoas, o emprego. Digamos que gostamos os dois de partilhar, mas a minha partilha leva-a o vento...

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  8. Caro Tonibler,

    Tem todo o direito, como é evidente, de se exprimir da maneira como se exprimiu! Isso não está em questão...apenas divergimos, parcialmente, na posição a tomar em relação à opinião expressa por MFL.
    E digo parcialmente porque ambos discordamos radicalmente daquela posição.
    A divergência aplica-se ao qualificativo "asneira": enquanto me limito a dizer que se trata de uma opinião que respeito mas com a qual não estou de acordo, de todo, o ilustre comentador vai mais longe e classifica-a de asneira - o que não merece a minha concordância...
    Que tal encontrarmos uma posição comum, dizendo simplesmente que se tarata de uma opinião errada, em nosso juízo?
    E que, muito simplesmente, de impostos, basta, acabou, não nos castiguem mais...se alguém quiser pagar mais que o faça voluntariamente, quem sabe se serão contemplados com uma comenda, de contribuinte honorário, atribuída pelo 10 de Junho?

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  9. Concordamos, então.

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  10. Amizades àparte, penso que a MFL se excede frequentemente. É a minha opinião...

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  11. A teoria de MFL sobre folgas orçamentais quando continuamos com os defices conhecidos nem ao diabo devia lembrar.

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  12. Excelente, caro Tonibler, excelente! Em tempo de apelos lancinantes ao CONSENSO, aqui temos um exemplo exuberante desse fenómeno!

    Caro Tiro ao Alvo,
    É a sua opinião, muito bem, fica registada.

    Caro Dudu,

    Ao diabo é bem capaz de lembrar, mas como saberá o diabo não é entidade que se recomende...
    Note que a folga de que falamos é a fiscal (não a orçamental), em relação a cuja existência somos terrivelmente cépticos...

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  13. No limite se existisse "folga" fiscal isso acarretaria folga orçamental. A receita do estado é, essencialmente, a fiscal. O resto são coisas (normalmente chamdas "extraordinárias") e que normalmente se num ano são positivas, nos seguintes são negativas em igual ou superior medida.
    Da mesma forma a distinção que muitas vezes se faz questão de fazer entre saldos primários (que agora andam positivos) é como se os juros da divida não fossem eles mesmos despesa. São despesa, como qualquer outra.
    Portanto, tecnicismos à parte, não concebo folgas fiscais enquanto não existirem folgas orçamentais.

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  14. Caro Tavares Moreira, tantas vezes temos aqui comentado esse fenómeno que é tirar uma frase do seu contexto, fazer dele um sound byte e pronto, temos notícia! E, por muito estranhe que soe o tal dito, ninguém para para pensar, para hesitar, esperem lá, era melhor ouvir a conversa toda, mas náo, vai tudo atrás. Como sempre. Concluímos portanto que o caro Tavares Moreira acha natural que a Dra Ferreira Leite tenha ido, sem mais nem menos, pedir mais impostos à televisão e, como tal, merecedora de ser considerada tola e asneirenta? Fantástico.

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  15. Caro Carlos,

    A folga fiscal que referi é na perspectiva do contribuinte, não na perspectiva do orçamento.
    Ou seja, se consideramos que os contribuintes portugueses podem suportar, sem custo significativo, um agravamento da carga fiscal, com a justificação da necessidade da melhoria de alguns serviços públicos.
    A minha opinião, que espero ter deixado bem clara, é negativa.

    Cara Suzana,

    Ao ler o seu comentário, fico com a impressão que ou não me exprimi bem ou as considerações que produzi, tanto no Post como em resposta a alguns comentários, não foram devidamente considerados...
    Em 1º lugar, a afirmação da querida MFL é suficientemente clara para ter um sentido inequívoco, independentemente do contexto em que tenha sido produzida.
    Em 2º lugar diga-me, se não se importa, em que parte do Post ou das minhas respostas a comentários (em que até recusei, abertamente, interpretações mais ousadas), encontra esses qualificativos de "tola e asneirenta" para a sugestão da MFL...
    Se me permite, uma vez que foi autora da expressão, agora é a minha vez de dizer: fantástico!

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  16. "Asneira" fui eu que disse. Se quiserem saber o porquê, eu explico. O que é diferente de chamar asneirento a alguém, senão eu seria um asneirento. Bronco, ainda vá, asneirento não sou...

    "Tola" não li, nem me parece que venha a ler um dia...

    Não que me tenham pedido o esclarecimento, mas bolas, há um radicalismo que tem dono!

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