domingo, 13 de abril de 2014

O sorteio fiscal e...outras rifas urgentes!...

O português bate recordes no totoloto e euromilhões, joga nas apostas on-line, adere aos sorteios dos bombeiros, dos cegos, da cruz-vermelha, das comissões fabriqueiras, compra rifas de que nunca saberá o resultado, entusiasma-se na lotaria instantânea. O português gosta de jogar em tudo, mas, ao que se ouve, só não gosta das rifas dos carros promovidas pelo Fisco. Melhor dito, os media dizem que não gosta, o que é coisa radicalmente diferente. Por exemplo, na RTP, dito serviço público, os jornalistas de serviço e ao serviço, certamente da verdade, nunca conseguiram encontrar um só cidadão que concorde com a rifa. Pelo contrário, pivôs, entrevistadores e entrevistados rivalizam nos argumentos mais boçalmente inteligentes contra a medida, como o custo do combustível ou da manutenção do carro, como se não fosse possível ao infeliz contemplado vender o objecto tão odiado que teve o azar de lhe calhar em sorte e assim arrecadar um bom pecúlio. E, ao que também vou ouvindo, a rifa de um carro de gama alta é considerada abominável afronta, coisa natural num país de pequenos e médios, agora até mais pequenos que médios. 
Também os senhores deputados e comentadores da esquerda muito esquerda e da esquerda menos esquerda, como da direita da esquerda não gostam da rifa fiscal. E dizem que o governo deveria era preocupar-se em acabar com a economia paralela.
Ora eu também não gosto da economia paralela. Mas é precisamente por isso que não engalinho com o sorteio. É que ele pode mesmo contribuir para mitigar tal economia.
Pois o que eu estou é contra os impostos que deixaram de o ser para ser confisco. E contra o estado excessivo que tal permite, pior ainda, que a tal obriga. E, neste caso, contra o governo, que não fez o que devia fazer. Mas estou também contra aqueles que querem ainda mais estado, que obriga a mais impostos que, automaticamente, geram mais economia paralela.
Ao fim e ao cabo é do que gostam. Por isso, odeiam a rifa.Como sempre nestas coisas com o inegável apoio da comunicação social. Alguma dessa, sim, a necessitar de uma enorme rifa!...

12 comentários:

  1. Caro HPSANTOS:
    Pois? Pois sim? Pois não? Pois, em parte? Pois, no todo?
    E depois?
    Pois...pois!...

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  2. Anónimo01:18

    Esta história do sorteio dos automoveis é das melhores jogadas deste governo. Vai precisamente de encontro à mentalidade Portuguesa até mesmo no pormenor dos carros escolhidos. Se fosse um Renault Clio ninguém ligava mas sendo um belo Audi tudo pede facturas a ver se tem sorte.

    Se há algo triste aqui é a mentalidade Portuguesa. A medida limita-se a usar essa mentalidade de forma positiva.

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  3. Caro Pinho Cardão,
    Fez-me lembrar uma professora alemã que dizia que o mais difícil em Portugal era perceber o que quer dizer a palavra pois. Como escrevendo não se pode entoar, ela dava esses exemplos (o pois, pois, que conforme a entoação quer dizer sim ou não, ou o pois sim, que também pode querer dizer sim ou não conforme a entoação, tal como o pois não, ou mesmo o solitário pois.
    Eu uso muito como usei neste comentário para sublinhar (equivocamente, é certo) a evidência do que diz.
    henrique pereira dos santos

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  4. Caro Henrique Pereira dos Santos:

    Pois a professora alemã era uma sábia e o meu amigo tão sábio quanto ela. Pois então!...

    Caro Zuricher.

    Pois o meu amigo bateu no ponto. Essa é a verdade. O resto...são tretas que nem uma rifa merecem. Mas também aí há quem venda...

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  5. Pois eu cá fico com a sensação que, no fundo, Pinho Cardão abnega a rifa e tudo o que ela significa.

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  6. Ao que dizem, esta história da nota fiscal não é uma invenção do governo português, mas acredito que é uma boa jogada e que vai dar bom resultado. E não compreendo a posição de muitos opinidadores que criticam a ideia, sobretudo os que esgrimem com os eventuais custos de manutenção dos carros, de tão pobre que é o argumento.

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  7. Pois, eu acho esta coisa bem esperta, e de esperta passaria a inteligente se fosse demonstrado o acréscimo da receita e o fim a dar-lhe, que poderia em parte repercutir-se no alívio da carga de todos...

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  8. Caro Ferreira de Almeida:

    Com rifa ou sem rifa, tempos são de abnegação, caro Ferreira de Almeida.
    Por isso, andamos todos devidamente abnegados. E até creio que, com clima instalado, os infelizes contemplados com a sorte e com os Audis serão os primeiros a abnegar da rifa. Não vão eles ser acusados de colaboracionismo com o Fisco!...

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  9. Caro Prof. Pinho Cardão,

    Há já muito tempo (demasiado…) que não me perdia por estas bandas do 4R! Já tinha saudades, confesso!

    Quanto ao S/ artigo, excelente, como sempre, suscita-me sentimentos algo conflituantes.
    Explico.

    Não sei se é apenas uma “febre conjuntural” ou se as minhas convicções estão mesmo a evoluir, mas o certo é que me sinto cada vez mais liberal. Nesse sentido, concordo com as observações que faz a propósito do excesso de Estado e da forma como este confiscador instiga a economia paralela.

    Dito isto, não vejo a economia paralela (em si mesma indesejável, é evidente), como uma doença, mas antes como um sintoma.
    E, por isso mesmo, não poderia estar mais em desacordo com a S/ tolerância para com a “rifa fiscal”.
    Por duas ordens de razão:
    Primeiro, porque não se cura a doença combatendo o sintoma…
    Depois, porque, retomando uma ideia que Michael Sandel tão bem explicou, a aposição de um “preço” em certas coisas esvazia-a do seu valor intrínseco. E isto de transformar a Autoridade Tributária numa espécie de avatar dos Jogos Santa Casa (já viram o logotipo?...) parece-me, de algum modo, uma ideia esdrúxula…

    E se quisesse ser maledicente, até poderia aventar uma terceira ordem de razão: Uma aldrabice (economia paralela) não se combate com outra aldrabice (as “rifas”). É que, bem vistas as coisas, quem, no fim de contas, ganhou a sorte grande foi mesmo a SIVA, que, suspeito, desde 2011 tem tido mais dificuldades em renovar as frotas do Governo, Troika oblige…

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  10. Caro Henry:
    Primeiro que tudo, muito obrigado pelas suas palavras. E nós gostamos de o ver por cá.
    Depois, penso que o seu comentário é muito pertinente. Eu também não morro de amores pela rifa. Mas não a critico. Porque penso que, sendo um meio legítimo, atinge um fim incontestável, que é o de diminuir a fuga aos impostos. Independentemente de essa fuga ser doença ou sintoma de doença, como diz.
    Claro que estou convencido de que uma fiscalidade razoável e racional, conjuntamente com a acção coactiva do Estado, seria a melhor medida para dissuadir a fuga ao fisco e a economia paralela. Mas, já que não é assim, e o meio é lícito, pois que se pratique. Será um second ou um third best. Paciência!...

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  11. Caro Pinho Cardão, não sei se haveria a mesma tolerância se a mesmíssima iniciativa tivesse sido no tempo do outro Governo...

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