1. Foi hoje divulgada pelo Centro de Estudos da UCP, uma primeira previsão para o desempenho do PIB no 1º trimestre de 2014, apontando para uma variação homóloga de + 2,2%.
2. A confirmar-se esta previsão – por enquanto não passa disso – ficarão lançados os dados para mais uma boa surpresa por parte da economia portuguesa: já em 2013 as previsões iniciais apontavam uma queda do PIB de 2,3%, o resultado final foi uma queda de 1,4% mas com variações positivas em cadeia a partir do 2º trimestre e mesmo uma variação homóloga positiva, de 1,7%, no último trimestre do ano.
3. E a boa surpresa em 2014 pode bem consistir numa taxa de crescimento anual de 2% ou mesmo acima, quando a previsão oficial – do Governo, do BdeP e do FMI – aponta para 1,2%...que, a verificar-se, não seria um desvio mais significativo do que o de 2013...
4. E devo confessar que não me espantará nada que tal venha a acontecer, tendo presentes indicadores parciais que vão surgindo, nomeadamente o muito rápido crescimento das vendas de veículos, tanto ligeiros de passageiros como comerciais, ligeiros e pesados, bem como a situação de elevada ocupação que se vem registando na actividade hoteleira e na restauração...
5. O grande e justificado espanto residirá na possibilidade de tal cenário face à persistência das políticas neo-liberais: segundo a velha cartilha crescimentista, JAMAIS seria possível qualquer vislumbre de crescimento, muito menos desta ordem de grandeza, enquanto tais políticas estiverem em vigor, com a cumplicidade das agências de rating e dos especuladores do mercado de capitais...
6. E o “pior” ainda pode estar para vir: uma nova descida do nível de desemprego, bem como um desempenho orçamental melhor que o previsto, graças, mais uma vez, à evolução da receita fiscal...
7. Admito que este cenário cause justificado horror nas hostes crescimentistas; convém por isso que se preparem sem demora para tal eventualidade, sofisticando até ao limite do (im)possível a técnica oratória de combate à realidade...
Oxalá tenha razão para bem de todos.
ResponderEliminarCumps.
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarE o TC já não lhe suscita qualquer tipo de preocupação?
Em minha opinião, quanto melhor forem os indicadores macro-económicos mais provável se torna um extenso chumbo constitucional. Aguardemos!
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarTomara o PM ter esta forma eloquente de explicar o bom caminho que a economia está a seguir que outro galo lhe cantaria! Olhe, eu cá por mim falo, cada vez que o ele fala sinto calafrios e, nem sei porquê!, olho logo para o chão a ver se caiu alguma miola de pão...
Desejo a todos uma Páscoa Feliz.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAs centenas de milhares de portugueses que vão para o desemprego, para a miséria, para a doença e para a morte prematura (por falta de cuidados médicos), já estão mais do que preparados para o boom económico que se aproxima…
ResponderEliminarHaverá duches, alojamentos, comida, trabalho e cuidados médicos, diziam sorridentes oficiais alemães às pessoas desesperadas que chegavam a Auschwitz em comboios apinhados…
Auschwitz vai crescer quanto? Quantos portugueses morreram por falta de cuidados médicos? É a tragédia!!! Não podemos ficar calados!!! AHAAHAHAHHAHAH!!!
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
Se há algo de determinístico nas previsões dos economistas é a sua capacidade de não acertar uma previsão. Por exemplo, acho que ainda se espera que o BoP acerte a previsão para 2013...
Mas mais importante que as previsões são as realizações(que frase oca fantástica!!!) Isto porque se o crescimento tem muito pouco a ver com o estado, já a despesa em função desse crescimento tem tudo. E ainda não se fez absolutamente nada que permita ao governo do estado ajustar a despesa em função daquilo que os donos do estado podem pagar.
João Pires da Cruz disse... «AHAAHAHAHHAHAH!!!» e pouco mais. Acrescenta o João: «o crescimento tem muito pouco a ver com o estado».
ResponderEliminarE, no entanto, foram os países nórdicos da Europa (os que mais impostos cobram aos seus cidadãos), que atingiram o maior nível de vida do planeta com menor desigualdade social.
João Pires da Cruz deve ser fruto dessa cartilha monolítica neoliberal que hoje se martela em todas as universidades. A Mão Invisível, a ele, tapa-lhe a vista e não o deixa espreitar para lá da gravata (bem bonita, por acaso).
Abraço
Por acaso não é verdade. Eu sou fruto da relação de um macho homo sapiens sapiens com uma fêmea homo sapiens sapiens. Mas podia ser perfeitamente fruto de uma cartilha, quem sabe? O que é uma cartilha neo-liberal? É uma cartilha ainda nos seus anos de juventude que é um pouco galdéria?
ResponderEliminarCaro opjj,
ResponderEliminarRetribuo, gostosamente, os amáveis cumprimentos.
Quanto ao resto, posso confirmar que existe uma "vaga de fundo" que nos arrasta para ritmos de crescimento mais elevados, não obstante o consabido efeito pernicioso das políticas neoliberais...
Se as exportações (efeito de procura externa) não desanimarem, os 2% não são impossíveis.
Caro Brytto,
Curiosamente, no actual contexto, as arremetidas jurisprudenciais do ilustre Tribunal acabam por favorecer a actividade económica...
Podem, eventualmente, se forem ministradas em doses exageradas, criar dificuldades no plano das finanças públicas a um ponto tal que ponha em causa, por exemplo, a espantosa benignidade que os mercados vêm demonstrando em relação à dívida portuguesa.
Mas esperemos que a imaginação criativa de Sexas não chegue a esse ponto...
Caro jotaC,
Há que conservar o sangue-frio em todas as circunstâncias...mesmo nessas que menciona...
Espero que tenha visto as trocas de comentários do Bartolomeu e meus, em Post anterior, a propósito da organização de um próximo ágape, no Dom Feijão ou no FUSO...contamos consigo!
Caro João Pires da Cruz,
Uma cartilha neoliberal será, para os Crescimentistas, o oposto do Corão para os islamitas: ela tem tudo aquilo que não precisamos de saber ou que não devemos saber!
Mas apresenta uma diferença não despicienda em relação à cartilha crescimentista: não se propõe ir-nos aos bolsos em jeito de superioridade moral!
ResponderEliminarGostaria de deixar claro, que os Keynesianos, são pelo Desenvolvimento, e não pelo "crescimento". Este geralmente está preso ao crescimento do PIB.
Ora o PIB é um índice importante, mas não O essencial.
(houve países que aumentaram o PIB bastante, mas a pobreza aumentou ainda mais)
Os Keynesianos são sim pelo Desenvolvimento, como por exemplo tem sido deixado claro em vários livros, Joseph Stiglitz.
Por Desenvolvimento, entende-se é bom que se diga, o aumento da qualidade de vida das pessoas, nomeadamente do seu Poder de Compra, e isso acaba por beneficiar as Empresas.
Caro Diogo
ResponderEliminarJoseph Stiglitz alerta-nos para um fenómeno curioso. Poucas vezes se coloca em causa, a tal "mão invisível" (ou intervenção dos privados que tudo fazem).
Ele convida seus leitores, a pensarem em situações em que se prove, que na realidade a mão invisível não existe.
Stiglitz tem mesmo uma frase cómica, mas para muita gente verdadeira. A "mão invisível" é invisível, porque não existe. Se existisse, não era invisível.
Um bom exemplo, o da Saúde, parece ser paradigmático. Sem o SNS, milhares de pessoas morreriam das mais variadas doenças.
Caro Judeusito,
ResponderEliminarExcelente observação, que fica devidamente anotada. Há todavia um problema, que resulta do facto de haver Keynesianos para todos os gostos: uns desenvolvimentistas, outros crescimentistas, outros no meio-termo...
E tomo até a liberdade de lhe sugerir que acrescente "sustentado" ou "sustentável" (este mais do agrado dos ambientalistas)e "inclusivo", a seguir a desenvolvimento. Para além de outras vantagens, o conceito fica mais em dia, o próprio Banco Mundial aprovará.