1. Aparte compreensíveis manifestações de saudosismo por parte de Velhas-Guardas de Abril de 74 e os delírios verbais de antigos altos dignitários do Estado agora convertidos em temíveis revolucionários, a nota dominante das manifestações públicas do dia 25 de Abril foi o protesto, veemente, contra "o estado a que o País chegou".
2. Curiosamente, não me recordo (pode ser falha de memória minha, mas não tenho a mais pequena lembrança, mesmo) de que no 25 de Abril de 2010 ou de 2009, por exemplo, se tenham verificado manifestações semelhantes, de protesto pelo "estado a que o País estava a chegar"...
3. Manda a verdade dizer que , caso tais manifestações se tivessem verificado em 2009 ou 2010, elas teriam feito todo o sentido nessa altura: quem tivesse os olhos semi-abertos (não era preciso mais) percebia perfeitamente que estávamos a caminho de um beco sem saída, tão evidentes eram os erros da política económica e financeira que nos era imposta...
4. Aqui mesmo, no 4R, ao longo desses anos, foram feitas repetidas e severas denúncias contra tais erros e suas nefastas consequências, e ainda não sabíamos, com precisão, da imensa factura que nos esperava em Abril de 2011...
5. Um clamor de protestos, no 25 de Abril de há 4 ou 5 anos, teria pois feito todo o sentido, talvez ainda fosse possível corrigir alguma coisa no percurso para o abismo que demencialmente estávamos trilhando - estar-se-ia atacando as CAUSAS da crise que acabou por nos atingir em cheio, poderiam, quem sabe, ter-se minorado alguns dos seus EFEITOS...
6. Agora, em 25/04/2014 é que se lembraram de protestar, lamentando ruidosamente os efeitos dos erros cometidos até 2011?
7. Mas isso é o equivalente a chorar sobre o leite derramado ou andar a correr atrás do prejuízo, adianta tanto como coisa nenhuma...
8. Mas, pior do que isso, é terem-se ouvido, de forma bem audível, discursos de fino recorte literário, clamando, qual promessa salvífica, pelo urgente regresso aos erros de política que nos arrastaram para a ruína financeira da qual estamos finalmente a sair, depois de incontáveis sacrifícios suportados por Empresas e Famílias...
9. Não há mesmo pachorra para aturar tanta falta de senso!
Os que nos trouxeram até à bancarrota é quem agora nos promete ter o remédio santo. E ai de quem não concorde com suas excelências...
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira, é precisamente por coisas como a que acaba de descrever que eu desconfio fortemente do regime democrático em Portugal.
ResponderEliminarA minha teoria é de que quem apoia estes disparates e quem faz deles sua bandeira deve dormir melhor do que efectivamente pensar na realidade e no que se passa. Parece-me, que enquanto são consumidos pela dormência da solução divina e do milagre messiânico, keynesiano, ou raio que o parta, o culpado afigura-se sempre e comodamente como o fascista neo-liberal (como se isto fosse possível) de direita - de preferência no governo. Ora é o melhor dos dois mundos, um culpado e uma solução.
ResponderEliminarAcho a coisa mais extensa que isso. A verdade é que em TODOS esses festejos do 25/4 desde há 40 anos, TODOS, se condena a política do governo democraticamente eleito. Não era já tempo desses festejantes perceberem que não estão do lado dos vencedores e que os festejos deles não se justificam? Como se os super dragões festejassem os campeonatos do Benfica em que festejavam tudo menos o facto de ter sido o Benfica a ganhar...
ResponderEliminarCaro Luís Moreira,
ResponderEliminarDe tanto insistir na asneira, irremediavelmente perderam toda a sensibilidade para escrutinar o risco dos erros de política...
Caro Zuricher,
Tem todo o direito a dessa desconfiança...mas dificilmente encontrará melhor ou menos mau...
Caro T,
Trata-se de uma reflexão interessante, a que nos propõe no seu comentário...
Caro João Pires da Cruz,
O que nos quer dizer com esse sempre inspirado comentário, será, por outras palavras, que estas manifestações representam, basicamente, exercícios de frustração...e talvez acabem por fazer algum bem à Alma do Povo - do frustrado e do não frustrado - quem sabe!
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarSubscrevo o ponto 9 do seu post.
Se este governo tivesse realizado o que tinha de ser feito (cumprir o memorando à risca) o coro de protestos do fim de semana seria, com toda a certeza, muito menor.
O nosso melhor não é, necessariamente- como se comprova- suficiente e, (em certos casos) pode mesmo ser contraproducente.
Cumprimentos
joão
Quando passados 40 anos vemos os militares no Largo do Carmo indignados com os políticos, deviam todos eles lembrarem-se que deixaram um companheiro deles, muito indignado a falar sozinho "para as paredes", há vários anos atraz.
ResponderEliminarEsse sim , pôs o dedo na ferida, e podia evitar-se parte da banca-rota a que se chegou.
Foi Garcia dos Santos e o caso da Junta Autónoma de Estradas.
O ministro do Equipamento Social (Obras Públicas) disse que o General tinha "acordado com pesadelos".
Nenhum Capitão de Abril se manifestou em apoio. (1997)
O que se tinha evitado se houvesse coragem e "juizinho".
Talvez não tivesse havido os exageros das Expô 98, dos Estádios, dos BPN's, dos túneis jardinistas...! etc, etc. etc.!
Agora só a Merkel.
Aquilo que verdadeiramente me preocupa, é o facto de a troika ir continuar a "visitar-nos" até que a dívida pública do país se encontre 75% paga.
ResponderEliminarEu sei que ao longo de vários séculos de História, ocorreram já em Portugal, múltiplos milagres. O último de que há memória, ocorreu na Cova da Iria, a 13 de outubro de 1917. Passados que estão quase 100 anos, seria maravilhoso para os portugueses que outro milagre sucedesse... o das rosas, talvez. Só assim, penso, poderíamos aspirar a pagar os tais 75% da dívida, no espaço de tempo de 3 ou 4 gerações... a menos que entretanto, a troika morra de tédio, ou de impaciência, ou de velhice... quem sabe...
Caro João Jardine,
ResponderEliminarSaberá, certamente, que esse conceito de cumprimento "à risca" do "Memo of Understanding" assinado em Maio de 2011 é um conceito razoavelmente vago...
Em muitos objectivos - e refiro-me apenas aos financeiros, no caso dos estruturais então a imprecisão é muito maior - tratou-se de valores aproximados como é natural numa negociação sujeita a frequentes revisões de cenário e de pressupostos...
A minha conclusão, com o devido respeito, é de que a reacção populo-demagógica seria sempre a mesma, a diferença só existiria se o rótulo político dos incumbentes fosse outro, mais escarlate...
Caro septuagenário,
Ser septuagenário transporta sempre muita sabedoria, como se verifica no caso vertente...
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarA troika é o melhor que aconteceu a Portugal e essa notícia é excelente. Até porque tem sido impossível para Portugal conseguir vencer a guerra contra a república portuguesa. E sem a ajuda da troika seria impossível.
Meu caro Cruz, não são somente as moedas que possuem duas faces. A troika também. Se uma das suas faces pode ser considerada positiva, porque veio acabar por colocar alguma ordem no "convento", por outro, atingiu com as suas medidas impositivas, vítimas inocentes. Não sou capaz de elaborar a contabilidade da intervenção deste "corpo de elite" e apurar se o saldo é positivo ou negativo. Mas sou capaz de perceber que vivemos no centro de um furacão financeiro que suga tudo o que apanha, deixando um rasto de destruição impossível de recuperação.
ResponderEliminarInocentes? Não há inocentes em democracia. As nossas decisões são coletivas e, recordo que o Sócrates era sabido não ser flor que se cheire desde que fui sec. De estado do Ambiente. Foi eleito PM duas vezes.... inocentes??? Os mesmos inocentes que reelegeram um PR depois de se saber que assinou por debaixo as medidas de ocultação da contabilidade do estado? Inocente é o desgraçado do finlandês que está a meter dinheiro nisto. Esse é que está a ver o fruto do seu trabalho a ser enterrado em fantasias do TC.
ResponderEliminarCaro João Pires da Cruz,
ResponderEliminarVejo com muito interesse a introdução desse novo conceito em que a República assume um estatuto de opositor ao País, nos interesses mais fundamentais!
É óbvio que o País, para se defender eficazmente desse opositor precisa de ajuda externa, tal como em 1385, em Aljubarrota a ajuda dos Archeiros ingleses foi decisiva para levar de vencida o exército de Castela!
Nesta altura, o País combate contra um temível exército de sanguessugas/burocratas, sempre pronto para nos vir aos bolsos, da maneira mais desenfreada, usando o subterfúgio do Estado Social!
Sem o apoio da Troika, o que seria de nós?
Caro Bartolomeu,
Sem querer por em causa a continuidade desta saudável dialética, proponho que não esqueçamos o essencial: o próximo ( e espera-se que bem cruento) combate no Dom Feijão, agendado para o dia 8 de Maio!
Népia, meu Amigo Tonibler!
ResponderEliminarEsses da Finlândia nada têm de inocentes naquilo que diz respeito a direitos e obrigações democráticos, vulgo, cidadania. Por isso, quando a "coisa" não lhes cheira, julgam e condenam os políticos governantes que os tramam.
Os inocentes a que me referia, são os nossos crentes, que fazem fé nas promessas eleitoralistas com que os candidatos os cobrem em campanha, como se de agasalho para a alma e o corpo se tratasse, e depois de lhes sacarem o voto, ignoram-nos ou pior... lixam-nos... com "F" maiúsculo!
Estimado Dr. Tavares Moreira... esse, nem que chovam picaretas, pela parte que me toca será honrado. A menos que, em resultado da lista de nomes russos declarados interditos para o Ocidente, venha a dar aso à tão temida 3ª guerra mundial, mais cedo do previsto por quem já vê as nuvens negras da tempestade a acumular-se para cá do horizonte.
ResponderEliminarA ver vamos...
Não esqueçamos o que é de essencial importância! Salvar a economia das investidas neoliberais dos especuladores da economia de casino e das agências de rating aos serviço do capitalismo imperialista da Sra. Merkel e do antecessor do Sr. Hollande!! Ao almoço!
ResponderEliminarAh prontes... visto por esse prisma...
ResponderEliminarPreserve-se acima de tudo aquilo que nos une; a amizade e o respeito mútuos.
To the lunch now and forever!
Já agora, e a proposito do respeito que cada vez mais os nossos políticos demonstram possuir pela Democracia, aqui vai uma "velhinha" do Zé Feliciano.
https://www.youtube.com/watch?v=d-lUBlbJkrQ
Nem todos os cegos, são aqueles que não vêem...
Caro João Pires das Cruz,
ResponderEliminarE não esqueçamos também que a nossa preferência pelo Dom Feijão atende, entre outras razões, ao facto de ter sido uma das unidades de negócio do ramo alimentar/restauração mais fustigadas pelas políticas neo-liberais, que os conduziram a uma situação de quase "over-booking"!
Uma dura calamidade, que merece nossa incondicional solidariedade!
Que será de nós? Que será de nós!?!?
ResponderEliminarCaros, por motivos de força maior, dia 8 será impossível para mim. Qualquer dia dessa semana será bom tirando esse. Uma daquelas coisas que não se metem na agenda e depois dá nisto.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarSolicito os seus bons ofícios, na qualidade de proficiente Secretário-Geral deste evento, face à inesperada dificuldade anunciada pelo ilustre João Pires da Cruz...
Será que 9 de Maio constitui alternativa viável? Por mim certamente, mas a opinião de um impenitente "neo-liberal" pouco contará...
9 será perfeito
ResponderEliminarImpenitente... gostei!
ResponderEliminarPois eu, na minha qualidade de Ímpio "neoliberal" declaro-me disponível a 9 e nos restantes dias do calendário.
;))
Sabe, caro Dr. Tavares Moreira?! Hoje almocei no "nosso" Capoeira; uns filetes de polvo acompanhados por um arroz de polvo e um tinto de Murça, que estavam de "estalo", no fim, uma tarte de limão merengada que ainda me faz salivar quando me recordo dela. A sua Foz estava maravilhosa, apesar dos escombros dos cafés e bares que o mar destruiu. E o rio, sereno como um espelho, superlotado de barcos de turismo.
Um dia muito bem passado!
;)
O quê? O Guarda-Sol ou como se chamava aquela café gigantesco foi destruido?
ResponderEliminarNão sei o nome caro Tonibler. É o que fica na praia, mesmo em frente ao forte e o outro a seguir também.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarExcelente escolha a do seu almoço de hoje...o Capoeira, ao almoço, continua excelente, ao jantar nem tanto.
Quanto às destruições na Foz do Douro, devo confessar-lhe que tive oportunidade de assistir ao mar em fúria, arremetendo contra os restos do restaurante X, que como bem diz fica quase em frente ao forte de S. João...
Metia dó, mas não havia nada a fazer; do restaurante já pouco restava, mas mesmo assim o mar parecia insatisfeito na sua fúria devastadora...
Aproveito para lhe deixar uma nova recomendação: o 13% (é mesmo assim que se chama), um pouco mais acima - ao cimo da rua de Dio, numa praceta que fica do lado direito de quem sobe, muito próximo da minha padaria/confeitaria preferida (quando lá estou) que é a Rainha da Foz! Vale a pena tentar, da próxima vez, não se vai arrepender, estou "seguro"!
Quanto ao dia 9, vamos então trabalhar para isso, caro Secretário Geral, que o JPC merece que se escolha uma data conveniente!
Vamos então trabalhar
A sugestão que o caro Dr. Tavares Moreira gentilmente me apresenta, irá "seguramente" ser a minha escolha na próxima visita ao Porto, que espero não demore. Adoro aquela cidade e aquela gente. Quanto ao nome do restaurante... não sei por quanto tempo irá conseguir manter-se; para mais, com o agravamento da taxa do IVA que o nosso Primeiro anunciou para breve acompanhada do corte das pensões que ía ser, deixou de ser, mas voltou a ser.
ResponderEliminarEste país vai lindo, vai.
Olhe, cantarolemos o refrão da dupla Camilo e Ivone: Este país é um colosso...está tudo grosso... está tudo grosso.
https://www.youtube.com/watch?v=obRvgYfECXY