terça-feira, 20 de maio de 2014

Entre o direito e o dever...

É uma iniciativa de muito mau gosto. Protestarem nos aeroportos para chamar a atenção dos turistas que nos visitam que os polícias são mal pagos em Portugal e que trabalham desmotivados. Não duvido, acompanhei, aliás, com muita preocupação, as manifestações dos polícias em frente à Assembleia da República. Mas não vale tudo. Somos conhecidos por sermos um país seguro, com baixa criminalidade, uma vantagem competitiva e um ponto muito importante para quem nos procura para fazer umas férias seguras. É uma campanha que dá uma má imagem de Portugal. Um péssimo "cartão de visita". Tenho pena que tenhamos chegado a este estado de coisas: pelos polícias, que prestam um serviço público fundamental, mas também pelo país que merece melhor. Esperemos que este triste episódio não seja muito mediático e não tenha cobertura estrangeira...

8 comentários:

  1. Anónimo23:42

    Cara Margarida, sim, é de muito mau gosto essa tentativa de envergonhar a República no aeroporto. Muito mau mesmo. Porém, e sem tentar desculpar o indesculpavel mas pelo menos atenuar um pouco a culpa, as condições que os Policias Portugueses têm são vergonhosas. Os salários baixissimos, equipamento um desastre, condições das esquadras, enfim.

    Não sei se os elementos da PSP e da GNR já receberam todos as novas pistolas Glock de 9mm. Mas há bem pouco tempo, Verão passado, ainda havia muita gente com as Walther PP calibre 7,65, velhissimas. Isto para não falar das Walther P38 da GNR... O que, enfim, para o treino que não têm às vezes nem sei se é mais seguro não terem é arma nenhuma. E poderia continuar falando de salários, condições que têm (para não ir longe, aqui na pequena vila onde vivo há um ano e meio a policia local - note-se local, não a Guardia Civil - até um ginásio tem para os agentes) respaldo da superioridade hierarquica e política e um longuissimo etc.

    Em suma, não desculpo o indesculpavel. Mas se calhar atenuo a culpa atendendo ao desastre que são as condições em que trabalham as policias em Portugal.

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  2. Aqui na zona onde vivo, a 40 km da capital, um casal idoso que vive numa pequena propriedade, afastada do centro cerca de 3 km, pediu ajuda à GNR local, por suspeita de estar a ser assaltado.
    A GNR compareceu no local, 16 horas depois. Justificação da demora: não possuíamos viatura!
    Resumo: O casal que vive isolado a 3km de distância do posto da GNR, poderia ter sido assaltado e até morto, porque os agentes da GNR local não possuíam carro disponível, nem energia nas pernas para percorrer 3 km e desempenharem a função para que foram admitidos no corpo da Guarda Nacional Republicana; um corpo que jura um lema mas que pratica a ociosidade.
    Não querendo ser "má língua" mas estando já a enveredar de mansinho por essa via, pergunto: não estariam os agentes a tentar apanhar uma boleia para outro país e a imprensa pensou que era uma manif?!

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  3. Anónimo12:41

    Bartolomeu, 16h... Pois... Pois! Terceiro-mundista a resvalar para quinto!

    Sempre toda a vida tenho sido muito ligeiro a pedir ajuda da autoridade policial quando necessário. Em Espanha nunca estive mais de 10 minutos à espera tanto de policias locais como da Guardia Civil. E para coisas infinitamente menos importantes do que um possivel roubo a um casal de idosos! Aliás, uma das vezes, ainda vivia em Madrid, foi algo totalmente insignificante. A rematada imbecil que tinha como vizinha do lado chegou a casa com os amigos ainda não eram 8 da manhã dum Domingo e resolveram continuar a discoteca em casa. Acordaram-me com o alarido e, pela parte que me toca, é o tipo de coisa que nem fu nem fa. Chamo directamente a polícia. A Policia Local de Madrid demorou 5-7 minutos a apresentar-se à minha porta.

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  4. Apesar de nunca ter vivido em Espanha, desloco-me lá em lazer, com alguma frequência. Uma dessas vezes, em Salamanca, passeava pelas ruas e ao colocar mal o pá na beira do passeio "aterrei" e esfolei o cotovelo. Nada de mais; um pouco de saliva na mão, uma esfregadela e estava como novo. Ainda não tinha terminado a esfregadela e já parava ao meu lado um carro patrulha da guardia civil. A agente que conduzia perguntou-me imediatamente se estava bem e se era necessária ajuda. Respondi-lhe que não era necessário, que estava muito bem. Ela e o colega que seguia ao lado insistiram, que seria melhor ir ao hospital. Comecei a ficar incomodado com a insistência, agradeci novamente e continuei o meu caminho. Para meu grande espanto, o carro da polícia acompanhou-me a passo, ainda durante alguns metros e depois lá avançou, espiando sempre pelo espelho retrovisor. A minha mulher ria-se a bom rir, tanto da minha cara, como do insólito da situação, se comparada com o que seria com a nossa polícia. Há poucas semanas, numa outra viagem em Espanha, por alturas de Madrid o meu GPS baralhou-se e tanto me mandava para um lado, como para outro. Saí então da via rápida para tentar reprograma-lo e encontrei dois agentes de mota, numa rotunda de acesso. Dirigi-me a eles e pedi-lhes que me indicassem a via para Toledo. Um deles disse-me que as indicações não estavam muito explícitas e que iria indicar-me o caminho, que fosse atrás dele. Chamei-o, quando já se dirigia para a mota e disse-lhe que não era necessário incomodar-se, que me desse a explicação que eu lá iria ter (até quis dar a imagem que os portugueses são gajos espertos e desenrascados). Então Sr. agente dirigiu-se à mota, tirou um bloco e uma caneta, voltou para junto do meu carro e fez ali em "3 tempos" um croquis que parecia obra de um estudante finalista de Belas Artes. Segui aquelas indicações e pronto, em menos de um "ai" estava de novo no bom caminho.
    ;)

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  5. Reformam-se novos,com poucos anos de serviço, valores que 80% dos portugueses não têm. Há milhares e milhares com licencituras que não têm tantas benesses e garantias.
    B.H.

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  6. A questão fundamental não será essa, meus caros. Das duas uma, ou a manifestação é feito por nossos para nos chamar a atenção ou é feita por outros contra nós. Os polícias, se vão protestar aos turistas, assumiram a posição de serem contra nós. Nessas circunstâncias devem ser tratados como tal: inimigos.

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  7. Estive para escrever um apontamento neste mesmo sentido. Aqui fica a minha concordância, Margarida.

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  8. Caro Zuricher
    Sim, temos que nos envergonhar com as condições salariais e outras relativas ao exercício das suas funções.
    Não há muito tempo, constava de uma proposta legislativa retirar aos polícias o subsídio de fardas. Não sei se este absurdo foi aprovado.
    Ontem ouvi a notícia que o governo decidiu equipar os polícias com novas fardas, querem uma nova imagem. O argumento é que o azul escuro é pouco visível, por isso as fardas serão azul turquesa na parte da frente dos casacos. Esta mudança vai custar 18 milhões de euros! Não há dinheiro para gasolina, mas depois assistimos a estas coisas...
    Caro Bartolomeu
    Vai-se lá saber quais são os critérios! Por exemplo, a GNR tem um programa de acompanhamento das pessoas idosas que vivem isoladas e sozinhas. Têm aqui uma função social extremamente importante.
    Caro opjj
    Não conheço o regime especial de aposentação dos polícias. É um assunto que deveria ser esclarecido.
    Caro João Pires da Cruz
    Neste caso, não são bons para eles próprios.
    José Mário
    Matéria muito delicada!

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