O futebol e as eleições quase obnubilaram um acontecimento de primeira grandeza, a visita do Papa Francisco a Israel e à Palestina. As mensagens que o Papa tem deixado são, porém, de uma importância fundamental para resolver um conflito que se arrasta desafiando a razão.
Se há hoje personalidade que pode ajudar pela autoridade feita não de jogos de sombras ou calculismos diplomáticos, mas de prestígio, bondade e exemplo, é, sem qualquer dúvida, Francisco.
Os primeiros sinais parecem indicar que, do lado israelita como por banda das autoridades palestinianas, os apelos têm sido compreendidos e aceites.
Dia histórico será aquele em que, rendidos à necessidade de terminar com o sofrimentos de tantos, Israel e Palestina resolvam no Vaticano ou onde quer que seja, celebrar o que afinal é a expressão mais autêntica das religiões que os dividem mais do que as disputas territoriais: a coexistência em paz dos povos.
Longa vida, Papa Francisco. Este lugar cada vez mais perigoso em que se converteu o mundo precisa mesmo de um santo vivo.
José Mário
ResponderEliminarFez bem em lembrar a viagem do Papa Fransciso. Tinha na ideia fazer o mesmo. É esperançoso o gesto do Santo Papa de oferecer o Vaticano para irrealistas e palestinianos rezarem em conjunto pela paz. É um Homem de uma dimensão humana à qual ninguém fica indiferente.
Como todos os outros povos têm que saber viver em paz como vizinhos.O Papa Francisco tem a razão dos simples
ResponderEliminarPost cheio de boas intenções mas sem qualquer correspondência com a realidade:
ResponderEliminarMuito antes do governo de Hitler ter começado a restringir os direitos dos judeus alemães, os líderes da comunidade judia mundial declararam formalmente guerra à "Nova Alemanha" numa altura em que o Governo Americano e até mesmo os líderes judeus na Alemanha estavam a aconselhar prudência na forma de como lidar com o novo regime de Hitler.
A guerra dos líderes da comunidade internacional judia contra a Alemanha não só provocou represálias por parte do governo alemão mas também preparou o terreno para uma aliança económica e política entre o governo de Hitler e os líderes do movimento sionista que esperou que a tensão entre os alemães e os judeus conduzisse à emigração maciça dos judeus para a Palestina. Em suma, o resultado foi uma aliança táctica entre os Nazis e os fundadores do moderno estado de Israel - um facto que muitos hoje prefeririam ver esquecido.
A primavera de 1933 testemunhou o começo de um período de cooperação privada entre o governo alemão e o movimento sionista na Alemanha e na Palestina (e mundialmente) de forma a aumentar o fluxo de imigrantes judeus-alemães e dinheiro para a Palestina.
Para os líderes sionistas, a tomada do poder por Hitler ofereceu a possibilidade de um fluxo de imigrantes para a Palestina. Antes, a maioria dos judeus alemães que se identificavam como alemães tinham pouca afinidade com a causa sionista de promover o agrupamento da Judiaria mundial na Palestina. Mas os Sionistas compreenderam que só um Hitler anti-semita tinha capacidade para empurrar os judeus alemães anti-sionistas para os braços do Sionismo.
O actual lamento mundial dos partidários de Israel (já para não mencionar os próprios israelitas) sobre "o Holocausto", não ousam mencionar que tornar a situação na Alemanha insustentável para os judeus - em cooperação com Nacional Socialismo alemão - fazia parte do plano.
Este foi a génese do denominado Acordo de Transferência (Transfer Agreement), acordo negociado em 1933 entre os judeus sionistas e o governo Nazi para transferir 60 mil judeus alemães e 100 milhões de dólares para a Palestina Judaica, em troca do fim do boicote mundial judeu que ameaçava derrubar o regime de Hitler.
De acordo com historiador judeu Walter Laqueur e muitos outros, os judeus alemães estavam longe de estar convencidos de que a imigração para a Palestina era a resposta. Além disso, embora a maioria dos judeus alemães tenha recusado considerar os Sionistas como seus líderes políticos, é certo que Hitler cooperou com os Sionistas com a finalidade de implementar a solução final: a transferência em massa de judeus para o Oriente Médio.
(Continua)
(Continuação)
ResponderEliminarEdwin Black, no volumoso livro «O Acordo de Transferência» (The Transfer Agreement) (Macmillan, 1984), declarou que embora a maioria dos judeus não quisesse de forma nenhuma ir para a Palestina, devido à influência do movimento sionista dentro da Alemanha Nazi a melhor forma de um judeu de sair de Alemanha era emigrando para a Palestina.
As denúncias das práticas alemãs contra os judeus para os assustar e obrigarem-nos a ir para a Palestina serviu os interesses sionistas, porque só com o advento de hostilidade alemã para com a Judiaria se poderia convencer os judeus do mundo que a imigração [para a Palestina] era o único escape.
Para todos os propósitos, o governo Nacional Socialista foi a melhor coisa que podia acontecer ao Sionismo na história, pois "provou" a muitos judeus que os europeus eram irreprimivelmente anti-judeus e que a Palestina era a única resposta: o Sionismo veio a representar a grande maioria dos judeus somente por artifício e cooperação com Adolf Hitler.
Nalguns aspectos claramente demarcados, o actual apoio dos Estados Unidos ao governo israelita corresponde aos interesses próprios americanos. Numa região onde o nacionalismo árabe pode ameaçar o controlo de petróleo pelos americanos assim como outros interesses estratégicos (o Canal do Suez), Israel tem desempenhado um papel fundamental evitando vitórias de movimentos árabes, não apenas na Palestina como também no Líbano e na Jordânia. Israel manteve a Síria, com o seu governo nacionalista que já foi aliado da União Soviética, sob controlo, e a força aérea israelita é preponderante na região.
Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho." O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.
O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.
Na realidade, um Estado israelita em constante estado de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos, está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.
Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.
Interessante descrição, Diogo. Muito interessante, mesmo, logo, é fácil de ver o que vai acontecer, fica tudo na mesma, se não mesmo pior. Sendo assim, assiste-se a mais uma "teatralidade"...
ResponderEliminarNo Vaticano não há geoestrategas?
Meu caro Diogo, não contrario factos que desconheço. Os que refere não conheço, como não conheço as fontes. Mas agradeço muito o conhecimento que demonstra ter e que aqui partilha.
ResponderEliminarPermita-me, porém, que o questione: dando por assente tudo o que anotou, isso invalida o que escrevi? Quer significar que o passado torna inútil o gesto do Papa no presente?
Se sim, considera que o chefe de uma Igreja que apregoa a paz como valor supremo deveria visitar territórios em guerra declarada e calar qualquer mensagem no sentido da pacificação e da coexistência pacífica? Isto é, deveria abdicar do capital de influência sobre os governos para conseguir o que só depende da vontade dos homens?
Calculo que a sua resposta deva ser que sim. Mas se o for, é uma resposta capturada pela História, quando - penso eu - a ideia do Papa é libertar aqueles Povos de um alegado determinismo, doutrina dos que pensam que a História só tem um sentido e que esse sentido não pode ser invertido por quem, afinal, faz a História.
Doutor Massano,
ResponderEliminarInfelizmente tudo não passa de teatro. A estratégia do Vaticano é tentar manter ou aumentar o seu número de fiéis. Quanto às outras questões, limitam-se a fazer os discursos da praxe…
Caro JM Ferreira de Almeida,
Evidentemente que um dos papéis do principal líder religioso ocidental é pregar a paz. Mas não tenho dúvidas de que se trata apenas de «teatralidade». Que poderia ele contra os interesses colossais das petrolíferas, do complexo militar-industrial ou do poder financeiro que tudo regula?