1. É notícia, hoje, mais um bom exemplo dos muitos “investimentos estratégicos” de cuja realização, com abundância notável ao longo dos últimos anos até ao rebentamento da crise financeira, o País se pode orgulhar - neste caso gerando um encargo líquido permanente de € 16.750/dia, € 500.000/mês, € 6 milhões/ano...
2. Por “investimento estratégico” pode entender-se aquele que, uma vez concluído e iniciada a fase de exploração, tem aptidão para gerar “cash-flows” negativos (custos superiores aos proveitos mesmo esquecendo as amortizações), por tempo indefinido, assim contribuindo para um desenvolvimento socialmente mais harmonioso, através do agravamento da carga fiscal...
3. São estes investimentos que “enchem o olho” aos denodados e simpáticos Crescimentistas: os quais muito apreciam repetir, até à saciedade, os benefícios associados à fase de concepção/construção (geração de empregos e de rendimento, efeitos a jusante/montante, etc)...
4. ... mas que esquecem, por necessidade lógica, os rendimentos negativos ou encargos que perduram até á eternidade e que alguém terá de pagar (os contribuintes, obviamente, normalmente por interposta pessoa, neste caso a Câmara Municipal).
5. A única solução para travar estes encargos permanentes sobre o erário público ocorre quando estas obras são deixadas ao abandono, sujeitas aquele processo de “upgrade” conhecido por vandalização...
6. Importa sublinhar que a realização deste tipo de “investimentos estratégicos” nunca suscitou, nem felizmente suscitará, a ninguém, quaisquer dúvidas de constitucionalidade...
«3. São estes investimentos que “enchem o olho”»
ResponderEliminarEu penso que para dizer tudo, o caro Dr. Tavares Moreira, nem precisava de se ter dado à maçada de escrever o post por inteiro, bastaria este pequeno segmento.
O mesmo, lembrou-me de imediato o célebre arquiteto das amoreiras, dono de um supinpa sofá de couro, onde eram recebidas e tratadas, meninas com problemas de fundo... de coluna. Este e outros arquitetos de renome da nossa praça, autores dos projetos de construção de estádios para o mundial, devem saber melhor que ninguém quantos "olhos" foram cheios, com esta "cheia" provocada pelas inundações de euros que chegavam ao nosso país. Segundo números oficiais, os 10 estádios construídos para o mundial de 2004, custaram a ninharia de 600 milhões de euros. Mas não é somente o estádio do Leiria que custa um balúrdio aos pensionistas e aos f públicos que levam a "talhada", o de Faro e o de Aveiro, são gémeos na desgraça.
Mas, se a memória não me falha, em 2004, o primeiro ministro de Portugal era um Senhor do PSD chamado José Manuel Barrosos. Lembra-se, caro Dr. Tavares Moreira?
Foi aquele senhor a quem a esposa comparou com um peixe... um cherne... acho que devido a ter uns olhos muiiiito graaaandes.
Pois é; não foi o único: à semelhança do lobo mão da estória da capuchinho vermelho, nessa época de "vacas gordas" houve muito boa gente com olhos muiiiito graaaandes, com bocas enoooormes e bolsos muiiiito fuuuuundos!
E agora, como sempre... o "zé" paga e aguenta... se os sem abrigo aguentam...
Muito bem, caro Bartolomeu, excelente memória a sua, sem a qual não nos seria possível recordar o nome do PM à data da inauguração deste e doutros famosos estádios de futebol, hoje frequentados maioritariamente por moscas e mosquitos...
ResponderEliminarAcontece apenas, como admito que saiba, estas obras não se planeiam, concebem, projectam e executam no próprio ano em que são concluídas e alegremente inauguradas...
Esse processo leva anos e, consequentemente, outra geração governativa terá estado envolvida igualmente nessa meritória tarefa cujas consequências agora entram pelos nossos bolsos adentro...
Mas não preciso de me dar ao trabalho de recordar esse ponto omisso em seu comentário, o respeito pela sua capacidade me orística dispensa-se de tal tarefa...
Aliás e apenas para remate, direi que uns e outros se entendem muito bem, para além de comungarem um enorme apreço por este tipo de projectos de largo alcance! económico e social...
Reparei agora que o título deste Post tem um erro: onde está escrito "€16.750/mês", deve ler-se "€16.750/DIA".
ResponderEliminarAs minhas desculpas!
Caro Dr.Tavares Moreira,
ResponderEliminarJá agora e em complemento da resposta que deu ao sr.Bartolomeu,podia ter acrescentado que Portugal ganhou o "privilégio" de organizar o tal Euro 2004 com o "conseguimento" entusiasta do então ministro do Ambiente, o sr.José Sócrates Pinto de Sousa(o engºtécnico)e com a preciosa ajuda do sr.Carlos Cruz,esse fantástico apresentador de programas nas TVs e hoje enjaulado devido TAMBÉM às suas festas casapiana e não só!
Para que conste!
Um abraço
Pergunto se o aeroporto de Évora, tal,como este caso, tenha sido feito ferido de inconstitucionalidades?
ResponderEliminarJá agora, se souberem quanto custa por dia, tenham a gentileza de me informar.
Abraço
JPA
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ResponderEliminarChamar de “investimentos estratégicos” como faz o notável austerista articulista deste post, aos gastos com o europeu de futebol em 2004 é que não lembra a ninguém. O europeu de 2004, foi tido então, recorde-se, pelos políticos do “sistema”, da direita e do PS, como algo de grande importância. Na mesma lógica tinha acontecido antes a Expo 98 com iguais apoios políticos. Grandes acontecimentos que “projectariam Portugal no mundo”, dizia-se então em que os gastos eram considerados bons investimentos.
ResponderEliminarEsta “paródia” com os investimentos estratégicos do autor do post, não é original, nem revela grande perspicácia nem grande criatividade quando com tal paródia se pretende atingir o TC. Este seguidismo da ultra direita aos disparates políticos institucionais de Passos e Portas nos ataques ao TC , já não surpreende ninguém.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro JPA,
ResponderEliminarCreio que se refere ao aeroporto de Beja, certo? Não disponho de dados, confesso, mas a noção que tenho é de que terá sido promovido igualmente na perspectiva de "investimento estratégico".
Se os resultados de exploração correspondem a tal conceito - isto é, acumulação de prejuízos, por tempo indefinido - suspeito que até agora sim, mas torna-se necessário obter evidência contabilística para verificar se esta suspeita é fundada.
Quanto ao aeroporto de Beja, já começou a operar nos voos internacionais... um parto difícil, bem se sabe mas, que poderá vir a amortizar-se se ao Allgarbe não vier a faltar o sol (devido às alterações climatéricas provocadas pela concentração do vapor de àgua na atmosfera) e por conseguinte, o deserto que lhe ia causando o embargo. Quanto ao comentário que o meu estimado Amigo Dr. Tavares Moreira, teve a gentileza de me deixar, não poderia estar mais de acordo com o "remate".
ResponderEliminarE agora, para finalizar também, deixe que lhe diga, caro Dr., eles entendem-se muito bem, nas matérias que envolvem gastos "marados" e sem perspetivas de virem a gerar retorno, agora, nós, os que ao longo de sucessivos governos, servimos somente para pagar as veleidades e para votar (ainda por cima) sempre nos mesmos... é de ter dó. Das duas, uma: ou somos todos atrasados mentais profundos, ou masoquistas compulsivos. Eu, nem uma coisa nem outra, vou-me desviando alegremente e conforme posso dos pingos da chuva e assobiando para o ar. Afinal o carrocel não para, sem mim, ou com mim...
Mas... ainda estou aqui a matutar... esse Senhor, o Dr. Durão... não defendia ideais mauistas antes de o PSD lhe abrir a porta? Vai ver que esta coisa dos mega estádios, ficou-lhe daquelas imagens das paradas comunistas...
Sim, o aeroporto de Beja já foi destino de mais voos que a superfície de Marte, apesar do enquadramento turístico ser francamente desfavorável tal como a presença de aeroportos concorrentes ser francamente superior. Um investimento notável no que a visão estratégica diz respeito.
ResponderEliminarJá o aeroporto de Lisboa, esse peça de arqueologia industrial que ia destruir a economia nacional se não fosse trocado parece ser afinal um dos motores do boom turístico da capital onde surge nos primeiros lugares dos fatores positivos. Pena que o trafego de aviões já bloqueie a luz do Sol sobre a cidade, como previam os peritos dos IST em inúmeros relatórios periciais de boa memória. De positivo, o facto de não se ter construído um aeroporto que fosse vulnerável aos ataques terroristas à ponte sobre o Tejo.
Quanto aos estádios, louve-se desde já o plano do prefeito de Manaus, em cujo estádio a nossa seleção vai jogar. Parece que o sujeito percebeu bem a importância de ter aquela infraestrutura para a transformar num presídio assim que a copa acabar...
Essa ideia de aproveitar o estádio como edifício prisional, é uma ideia perfeita, caro Cruz. Por cá, uma vez que não são precisas mais prisões, podiam converter alguns estádios para a criação de caracóis... afinal, a relva já lá está, é só deixa-la crescer.
ResponderEliminarCaros João Pires da Cruz e Bartolomeu,
ResponderEliminarEssa ideia, com alto valor acrescentado, de transformar estádios de futebol sem utilização em parques de estacionamento para prisioneiros paga direitos!
Não se esqueçam que um ilustre libertador do Povo, há cerca de 39 anos, teve essa original concepção, embora não tivesse chegado a concretizar seus planos pois entretanto aconteceu um episódio chamado 25 de Novembro...
No caso em apreço tratava-se de uma prisão para abrigar, confortavelmente (à ponta de G3), os descontentes com a revolução.
Quanto aos caracóis do Bartolomeu, eu com franqueza prefiro o ensopado de erozes do FUSO!
E está a decorrer a época "delas", caro Dr. Tavares Moreira. Ainda no domingo passado me deliciei com elas no Escaropim, acompanhadas por um também divinal, arroz de feijão (sem Dom) malandrinho e um tinto alentejano de fazer um simples mortal duvidar, se na verdade o inferno existe, ou se é somente um Constitucional quezilento que está a boicotar a felicidade dos "tuga".
ResponderEliminarEscaropim????? Tenho memorias de infância de um ensopado de enguias no Escaropim....
ResponderEliminarNão estará na altura de reavivar essas memórias, Amigo Cruz?!
ResponderEliminar;)
Claro...
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarPode elucidar-me quanto a esse Escaropim? Localização, etc...
Pela descrição que fez, sinto-me fortemente tentado a seguir na esteira dos meus amigos, rumo a esse reduto gastronómico...
E estou convencido que não se tratará de um investimento estratégico, de outro modo as erozes estariam em greve, por esta altura, reivindicando talheres de prata!
Com todo o gosto, caríssimo Amigo.
ResponderEliminarE uma vez que me "dá corda" vou aproveitar, tentando ser o mais sucinto possível e por conseguinte, menos maçador.
;)
Escaroupim, é uma pequena aldeia de Avieiros, localizada na margem esquerda do rio Tejo e pertencente ao município de Salvaterra de Magos. Avieiros, é o nome atribuído aos pescadores originários de Vieira de Leiria que, devido à impossibilidade de entrar no mar durante o inverno, para proceder à faina da pesca, recolhiam-se no rio Tejo e aí se foram radicando, dado a fertilidade das suas margens e a fecundidade das suas águas.
Passando agora ao restaurante:
O estabelecimento adotou o nome do local e situa-se no Largo dos Avieiros. O local é priveligiado em termos de vista e do ambiente que o cerca. O conceito gastronómico é uma agradabilíssima surpresa para quem não imaginaria encontrar naquele local, um espaço, um atendimento e uma qualidade e um preço tão agradáveis. O restaurante é constituído por uma sala panorâmica e uma varanda-esplanada. De ambas usufrui-se de uma vista priveligiada. O conceito gastronómico assenta numa simbiose do tradicional com um toque de sofisticação, começando nas entradas em que me lambuzo com uma tarte de caça de fazer salivar e os pratos de peixe do rio, ou de carnes confecionados como se a mão de uma antiga Avieira, guiasse a mão da atual cozinheira. Todos os participantes desta "orgia gastronómica" são detentores de uma qualidade e frescura e genuinidade a toda a prova. A carta dos vinhos é modesta mas suficiente e o buffet de sobremesas nem lhe falo para não o martirizar mais.
;)
O telefone é o 263107332 e o 912539228. O restaurante encerra à quinta-feira e serve jantares somente às sextas e aos sábados.
Posso garantir-lhe que nesta altura do ano, jantar na esplanada é uma experiencia inteiramente feérica.
Onde escrevi «tarte de caça» devia ter escrito, empada de caça.
ResponderEliminarPode parecer que é a mesma coisa mas não... aquela empada desde a carapaça até ao recheio... hmmmmmm!
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarMuito grato pela sugestão e mais ainda pela superlativa apresentação!
Nestes termos, uma fuga até ao Escaroupim torna-se absolutamente "compulsory" numa das mais próximas semanas!
Veremos se, desta vez, será possível mobilizar alguns 4Republicanos - que parecem necessitar ou esperar algum incentivo material, por parte do TC, para se aventurarem nestas andanças!
Bom, bom, se esperam pela remissão do TC, ou que este governo pese as medidas que toma, em função do estado do país, das dificuldades e esforços que as classes mais desfavorecidas fazem para sobreviver dia-a-dia... pode o meu estimado Amigo ter a certeza que nesta encarnação, não vai degustar os paladares do Escaroupim.
ResponderEliminarFalar em remissão do TC, pode sugerir que o mesmo se encontra em pecado grave, caro Bartolomeu...
ResponderEliminarApesar de em nada apreciar a jurisprudência do dito, como bem sabe, aconselho-o como amigo a não usar linguagem tão contundente, pois pode correr o risco de receber o rótulo de "neoliberal"...
O que lhe poderia causar insónias e suores frios iníquos e desproporcionados, algo que certamente não merece!
Essa interpretação do "pecado grave" cabe-lhe a si, caro Amigo.
ResponderEliminarA minha "remissão" enquadra-se numa figura não jurídica, nem política, mas social.
Daí, caro Dr. Tavares Moreira, apesar de sensibilizado pelo cuidado que me dedicou, não considero que a minha linguagem seja suficientemente entendível e não constitua prova suficiente para que seja acusado desse horroroso título que me atribui.
Não vejo quem possa recusar-se a um Escaropim. Tenho na memória de ter comido lá ainda antes de existir restaurante, numa mesa de madeira junto ao Tejo.
ResponderEliminarCaro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarBrilhante post mas título errado!
Não acha melhor "custa aos contribuintes"?
Que eu saiba são estes que pagam as despesas da câmara municipal de Leiria.
Adorei a parte gastronómica dos comentários!
Caro Carlos Santos,
ResponderEliminarConfesso-lhe que ainda pensei em escrever o título com a CML entre ""!
Exactamente para expressar,de forma subliminar, a ideia que sugere e com a qual estou 100% de acordo!
Mas segui a opção de dizer de forma mais clara, no corpo do Post, que pagam os contribuintes, "por interposta pessoa, neste caso a CML"!
Caro Bartolomeu,
Pode, à vontade, apontar-me essa e outras intenções interpretativas, que, como se costuma dizer, já "tenho as costas largas"...
Mas o meu amigo, mesmo assim, não se livra de algumas insónias e suores frios - talvez não iníquos ou desproporcionados mas incómodos, "quand même"...
Mas tudo se poderá resolver à mesa do Escaropim, aí sim é que a remissão, em pleno, fará sentido!
Meu estimadíssimo Amigo, Dr. Tavares Moreira; para usufruir da companhia agradabilíssima das pessoas que estimo partilhando a mesa de um restaurante tão sóbrio e honesto como é o Escaroupim, estou sempre disposto. Assim o(s) meu(s) estimado(s) comensa(is) estejam dispostos a aceitar a minha (por vezes) incomoda opinião (a qual nunca empenho, em nome de algo vão e hipócrita como o chamado politicamente correto).
ResponderEliminarMas o meu estimado Amigo, herdeiro genético que é de altos valores éticos e humanos, compreenderá certamente que por vezes, justifica-se que sacrifiquemos o corpo, pela alma.
;)