1. Com chamada da 1ª página, podia ler-se na edição de Sábado do magnífico PÚBLICO um artigo dedicado à evolução recente da economia portuguesa, intitulado "A economia está a crescer graças à quebra da poupança".
2. O artigo, da autoria do (respeitável) jornalista Sérgio Aníbal, utilisa informação divulgada pelo INE na última 6ª Feira, que dá nota de uma quebra da taxa de poupança das famílias no 1ºtrimestre de 2014, para 11,9% do rendimento disponível, depois de ter atingido 13,5% no 2º trimestre de 2013, que foi o registo mais elevado desde a adesão ao Euro em 2009 (o mínimo foi atingido em pleno consulado socrático, 2007/2008, com valores da ordem de 5,5%).
3.Salienta o artigo que tem sido graças a esta quebra da poupança que o consumo privado tem vindo a recuperar ( ou vive-versa, acrescentarei eu), contribuindo para o regresso do País a taxas de crescimento positivas a partir do final de 2013.
4. E acrescenta que "este cenário de recuperação da confiança (dos consumidores) até pode ser considerado normal e desejável à medida que a economia recupera. O preocupante é se o crescimento estiver apenas sustentado nesta melhoria das expectativas"...
5....concluindo "Nesse caso, e tendo em conta o elevado nível de endividamento das famílias, esta subida do optimismo poderá revelar-se insustentável".
6. Como já aqui tenho argumentado, a maior ou menor sustentabilidade da recuperação da procura interna - um fenómeno natural, associado à melhoria das expectativas dos agentes económicos - tem um indicador muito claro: o comportamento das contas com o exterior.
7. Tal como referi em último Post, a evolução das contas com o exterior nos primeiros 4 meses de 2014 não obstante evidenciar alguma deterioração no saldo da balança Corrente - estava praticamente equilibrada nos primeiros 4 meses de 2013, este ano mostra um défice de cerca de 0,5% do PIB - permite concluir que a recuperação até agora verificada da procura interna é sustentável...
8....uma vez que para o conjunto do ano se devem esperar saldos positivos nas diversas rubricas das contas com o exterior (balanças Corrente, de Bens e de Serviços e Corrente+Capital, esta última aliás já positiva nos primeiros 4 meses),embora menos expressivos do que em 2013.
9. O que seria de estranhar, face a uma melhoria das expectativas dos agentes económicos e após a forte contracção dos últimos 4 anos, é que a procura interna não estivesse a recuperar...
10. Bem sei que, depois dos fabulosos erros acumulados ao longo de tantos anos, culminando na hecatombe financeira de Maio de 2011, toda a cautela será pouca para não se voltar atrás...mas isso não justifica que se anatematizem os primeiros sinais de recuperação da procura interna num contexto de melhoria das expectativas; será caso para dizer "nem tanto ao mar nem tanto à terra"...
9. O que seria de estranhar, face a uma melhoria das expectativas dos agentes económicos e após a forte contracção dos últimos 4 anos, é que a procura interna não estivesse a recuperar...
10. Bem sei que, depois dos fabulosos erros acumulados ao longo de tantos anos, culminando na hecatombe financeira de Maio de 2011, toda a cautela será pouca para não se voltar atrás...mas isso não justifica que se anatematizem os primeiros sinais de recuperação da procura interna num contexto de melhoria das expectativas; será caso para dizer "nem tanto ao mar nem tanto à terra"...
Então, caro Tavares Moreira, a procura interna não há-de recuperar porquê?
ResponderEliminarO nº de desempregados continua a subir, os empregados continuam a ganhar cada vez menos, os pensionistas têm cada vez menos dinheiro para comprar uma carcaça, a mortalidade dos doentes graças a uma crescente falta de médicos e medicamentos, continua a crescer o nº de pessoas que perde as suas casas, e continuam a aumentar os suicídios por causa de isto tudo junto.
Parece que a venda de Porches, os jaguares, as casas de milhões de euros e os iates de centenas de milhares continuam a subir em bom ritmo. Tenhamos esperança…
Sim, eu nunca ouvi falar em crescimento nenhum que fosse baseado na pioria das expectativas... E muito se preocupa esta gente com o endividamento das famílias. Por acaso, gostava de ver um dia alguém explicar-me o que é uma família pouco endividada para chegar à conclusão aquilo que eu suspeito, que família sem endividamento excessivo não existe a não ser que tenha herdado uma fortuna sem fim, como parece ser o caso do ex-PM. Não se preocupem com as famílias que as famílias sabem o que fazem.
ResponderEliminarDe vez em quando, há uma ideia qualquer que o pessoal gosta de repetir e anda ali a mastigar e a mastigar...
Caro João Cruz, não percebi o seu comentário.
ResponderEliminarCaro João Pires da Cruz,
ResponderEliminarPercebo o seu comentário e não deixo de lhe dar razão. Acrescentarei, até, que as Famílias e as Empresas terão direito de se sentir cansadas de ter de resolver, para além dos seus próprios problemas, os problemas que lhes são causados por um Estado que tem sido um desregrado e impenitente gastador...
Mas mais: além de terem de resolver os seus problemas e os problemas que o Estado lhes acrescenta, agora assumem a resolução dos problemas do próprio Estado...como se pode constatar através do contributo decisivo da receita fiscal para o cumprimento de objectivos que deveria ser atingidos atrávés de uma redução de despesa.
Mas o cenário está a mudar, a Espanha avança com uma expressiva redução da tributação sobre o rendimento das Famílias, não poderemos ficar muito tempo a olhar para o lado...
Caro tavares Moreira,
ResponderEliminarNão devemos esquecer que o Estado é governado por marionetas a soldo da Banca.
Vem isto a propósito dos 78 mil milhões de euros que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional vão emprestar a Portugal a juros agiotas (vão ser pagos durante 13 anos a uma taxa igual ou superior a 6%).
Destes 78 mil milhões de euros, 12 mil milhões de euros vão servir para a recapitalização dos bancos e, dos 66 mil milhões restantes, o Estado oferece, "acomoda", 35 mil milhões de euros em garantias à Banca para que esta possa emitir dívida para se "financiar"... Ou seja, o Estado vai oferecer de mão beijada à Banca 47 mil milhões de euros à custa dos contribuintes.
Os restantes 31 milhões de euros vão servir para pagar os juros dos empréstimos aos bancos pelas obras faraónicas e inúteis com que os prestáveis políticos (a soldo da Banca) endividaram o país.
[JN] - Portugal vai pagar um total de 34.400 milhões de euros em juros pelo empréstimo de 78 mil milhões do programa de ajuda da "troika". Segundo dados do Governo, quase metade do que é emprestado pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional é para pagar à "troika".
Relembrar duas opiniões:
Fernando Madrinha - Jornal Expresso de 1/9/2007:
[...] "Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais." [...]
Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 19/6/2012
[...] "Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex-políticos." [...]
[...] "Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters."
A acreditar nas notícia sobre o BES, parece que se estiver a soldo será de outra banca...
ResponderEliminarCaro João Pires da Cruz,
ResponderEliminarAo escutar certos comentadores, dou comigo a concluir que o Estado Português (os diveros governantes envolvidos no processo, para ser mais concreto)andou muito mal por não ter negociado com a TROIKA um empréstimo sem juros e não reembolsável!
Isso, sim, é que seria uma negociação patriótica, defendendo com firmeza os interesses nacionais...
E os credores externos teriam de ficar agradecidos, por os termos seleccionado para nos financiar!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro João Pires da Cruz,
ResponderEliminar«A acreditar nas notícia sobre o BES, parece que se estiver a soldo será de outra banca...»
O BES é apenas uma agência dos bancos que controlam o monopólio mundial de dinheiro. O Salgado é apenas um gerente de conta.
*******************
Caro Tavares Moreira,
Nós não precisámos de empréstimo nenhum. «Recapitalizar» a banca nacional é anedótico (adequada para mentecaptos). Para pagar as compras e obras escandalosas levadas a cabo pelo centrão: PS + PSD + (cds), instigadas pelos bancos, deveríamos (ter agido na altura), mas, podemos levá-los hoje a tribunal, incluindo os banqueiros envolvidos, e obrigá-los a pagar todas as obras criminosas que fizeram (além de uma pena de muitos anos de cadeia) e uma grande indemnização ao país.
*******************
Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006
«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projetos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»
«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
Abraço do Diogo, ou, para os mais chegados, «um certo comentador».
Cheguei ao «utilisa» e parei.
ResponderEliminar