domingo, 6 de julho de 2014

Uma achega para a Reestruturação da dívida...

1. Não há volta a dar-lhe...os profetas da reestruturação da dívida não desarmam, estão  novamente de regresso ao palco mediático, e em grande força!
2. Não tendo logrado perturbar, como seria seu patriótico desígnio, a conclusão do celerado Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) e forçar, pelo menos, a celebração de um Programa Cautelar, insistem de novo na operosa argumentação do Manifesto dos 74+ (alguns mais, recrutados na 25ª Hora).
3. Face à evidência do enorme erro que seria o País tomar o seu conselho por bom, traduzido numa forte desvalorização da dívida cotada em mercado (e consequente subida das yields) e numa muito maior dificuldade em aceder aos mercados (e pagando muito mais caro)...
4...interrogo-me sobre quais serão os efectivos e racionais motivos que estarão por trás desta nova arremetida mediática dos Reestruturacionistas...
5. Em relação a alguns deles (não todos, aceito) compreendia-se o racional do Manifesto dos 74+: atrapalhar, tanto quanto fosse possível, a conclusão do PAEF; mas como atrás já referi, essa "guerra"  terminou, não tem mais aptidão para produzir "utilidade"...para quê e porquê esta nova investida? Não entendo, confesso.
6. Independentemente da questão da difícil cognoscibilidade dos desígnios dos Reestruturacionistas, nesta nova fase, há um ponto que me impressiona: a falta de imaginação/objectividade de que dão testemunho, pois dizer que é preciso mais tempo para pagar a dívida e juros mais baixos, qualquer "Zé da Esquina" é capaz de dizer, para isso não são necessários Manifestos nem tanto talento envolvido neles.
7. Por tal motivo, aqui fica uma achega concreta e objectiva caso os Reestruturacionistas a queiram considerar: proponham que pelo menos 50% (se não for possível a totalidade) da dívida pública portuguesa seja convertida em dívida PERPÉTUA e SEM CUPÃO!
8. Assim, ficaríamos sem preocupações quanto ao pagamento dessa parte da dívida - só pagaríamos se e quando nos fosse possível (até poderíamos jurar que pagaríamos só não dizendo como, quanto e quando) - e não teríamos o incómodo dos juros a cair todos os semestres ou anos...
9. Com uma reestruturação dessas até poderíamos abraçar, tranquilamente, um famoso programa económico inspirado pelo  Dr. Pangloss, nos últimos dias valorizado com uma nova e relevante componente, da Regionalização!  

26 comentários:

  1. Essa faz-me lembrar certos "artistas" que sempre afirmam com veemência a intenção de pagar a sua dívida mas nunca o fazem, conduzindo o credor à desistência. É um hábito que faz escola em certos locais.
    Preocupante é ver pessoas insuspeitas a defender essa tese!

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  2. Caro António Barreto,

    Espero que tenha entendido o racional deste Post e não aprecie demasiadamente à letra o real propósito dos parágrafos 7/8...

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  3. Como dizia ontem o Prof. Marcelo no seu habitual comentário de domingo: "agora é tarde". Talvez - e esta dúvida fica a dever-se ao meu nulo conhecimento em matéria de finanças e economia - tivesse havido um tempo em que a renegociação da dívida fizesse todo, ou mais, sentido. Neste momento da vida nacional, faz mais falta - do meu ponto de vista - para o desenvolvimento económico do país, que se aligeirem e desburocratizem processos relacionados com a constituição e licenciamento de empresas. Que se agilizem formas de relacionamento entre os agentes e tão importante quanto isso, que se aumente a eficiência em matéria de cruzamento de dados. É inadmissível que um país informatizado, emperre processos por falta de comunicação entre as bases de dados das instituições.
    Quanto aos pontos 7 e 8 do post, se o caro Dr. Tavares Moreira me permite, sugiro que em substituição das soluções que propõe; se contratem meia-dúzia de operacionais da Al-Qaeda especializados em explosivos, para rebentar com as agências de rating. Assim, em lugar da conversão de50% da dívida para "PERPÉTUA e SEM CUPÃO", teríamos 50% da dívida PAGA, AUTOMÁTICAMENTE!
    ;)))

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  4. Há um novo manifesto para a reestruturação da dívida? É preciso ser burro...

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  5. Caro Bartolomeu,

    Subscrevo integralmente o 1º parágrafo do seu comentário.
    Quanto ao 2º, embora a solução me pareça algo radical - e o seu presumido efeito muito longe de ser "seguro" - pertimo-me recordar que a entidade destrutiva que menciona parece ter sido substitutída por outra com poder destrutivo não inferior - o ISIS...

    Caro João Pires da Cruz,

    Conclusão bastante cartesiana; bastam poucas palavras para dizer o essencial...

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  6. Esse grupo de terroristas Islâmicos que o estimado Dr. Tavares Moreira menciona, considero-os eu, menos perigosos e destrutivos que os consecutivos grupos de deputados que Portugal tem enviado a Bruxelas e que levam como missão negociar as (melhores)condições de exportação daquilo que sabemos e conseguimos produzir. Daí, a burocratização dos sistemas e a consequente dificuldade para qualquer investidor que pretenda constituir uma empresa que vá entrar no mercado das exportações.
    Sabe o Senhor, sei-o eu, porque a vida já nos ensinou o bastante, que; por detrás de cada consequência, existe sempre uma causa... contudo, nem sempre transparente.

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  7. Caro Tavares Moreira,

    Eu não me considero um profeta da reestruturação da “dívida”. Muito simplesmente porque o que aconteceu não foi um empréstimo mas antes um roubo de proporções pornográficas.

    Defendo, por outro lado, que os agiotas “que emprestaram” e os políticos que encomendaram o "empréstimo" deveriam ser devidamente justiçados.


    Caro Bartolomeu,

    É agradável ouvir uma voz sensata nesta caixa de comentários.


    Caro João Pires,

    Você continua a não dizer coisa com coisa…

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  8. Caro Bartolomeu,

    Essa comparação de capacidades destrutivas, entre políticos/burocratas e fundamentalistas islâmicos, pode levar-nos muito longe...
    E poderá mesmo constituir tema para um livro, provável "best-seller", da sua autoria, prefaciado pelo JPC e cujo título poderia ser deste teor: " Na feroz competição pela destruição de valor, quem leva a melhor - burocratas empedernidos do Ocidente ou fundamentalistas do Levante?"

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  9. Caro Bartolomeu,

    Sem querer meter a foice em seara alheia e em relação à resposta de Tavares Moreira ao seu comentário, eu diria que os burocratas empedernidos do Ocidente (ou melhor, os Senhores do Dinheiro) destroem infinitamente mais e apoderam-se de incomensuravelmente mais valor do que os “fundamentalistas do Levante” (ou melhor, os desgraçados treinados, armados e persuadidos) pelos burocratas empedernidos do Ocidente.

    Há tempos, Jon Stewart (do Daily Show) teve como convidado um especialista americano nos conflitos do Médio Oriente e na Ásia Central. O especialista, falou, esclareceu, explicou, e o Jon Stewart ouviu. No fim da entrevista, Jon Stewart fez-lhe uma simples pergunta:

    - Porque é que Deus pôs o nosso petróleo no Médio Oriente?

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  10. Peço desculpa, caro Dr. Tavares Moreira, estimado Amigo mas, nessa competição, os burocratas ocidentais, defensores dos interesses capitalistas, estão para os fundamentalistas e geadistas islâmicos, como os peões no Xadrez estão para o rei,a rainha e os bispos.

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  11. Caro Diogo, para que possamos entender mais facilmente, o sentido daquilo que o nosso Amigo Cruz, escreve, é mister que façamos um exercício de alguma concentração e esvaziamento da mente quanto a deduções ou conclusões antecipadas. É que o nosso estimado co-comentador, expressa-se a um nível técnico e intelectual que dispensa o uso das frases completas, dado que todo o sentido se acha concentrado em meias-frases.
    Salvo melhor classificação, entendo este método como sendo o resultado de um superlativo apuramento da filosofia economicista.
    Quanto ao seu último comentário; desconheço as razões divinas que levaram à escolha geográfica mas, sou capaz de encontrar nelas, uma tentativa de equilíbrio de forças.
    Agora... uma coisa é tentar, outra completamente diferente; são os "vendilhões do templo" que a todo o momento tentam enfiar areia no maquinismo da coisa...

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  12. Não, caro Bartolomeu, a frase está mesmo completa. O primeiro manifesto já era burrice. Se há um segundo, não é preciso acrescentar mais nada. Como todas as anedotas, não só esta, da segunda vez já não tem piada, é só triste.

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  13. Só não consigo encontrar coerência num minúsculo pormenor, caro Cruz; afinal: pretende-se consenso ou, a fantochada resume-se à questão da não renegociação da dívida pública?

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  14. Caros Bartolomeu e João Pires da Cruz,

    Entendamo-nos, os notáveis proponentes da reestruturação da dívida pública não são propriamente burros: conheço alguns e considero-os até bastante dotados, intelectualmente falando.
    E notem que a primeira proposta de reestruturação (o famoso Manifesto dos 74+), apesar de constituir um erro enorme, na minha perspectiva - se avaliada em função da preservação dos valores que diz defender, pois objectivamente os despreza, sem qq misericordia - não revelou burrice nenhuma.
    Reparem que essa proposta foi divulgada no momento em que, pelo menos teoricamente, maior dano poderia causar ao objectivo de conclusão do PAEF...
    Só não perceberam que os mercados já não estavam para aí virados: o "mood" de "hunt for yield" não quer saber de jogadas dessas, passa por cima disso e de muito mais se for preciso...
    Não sendo burros, em suma, estes incansáveis proponentes da reestruturação conseguem ser, todavia, de um insuperável mau gosto e de uma falta de imaginação que já não se pode aturar...parecem cada vez mais uns pedinchas sem rumo!

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  15. Devo concordar com a sua opinião, caro Dr. Tavares Moreira; no nosso país, as propostas de defesa de valores, não passam de demagogia barata. Fora isso, acredito que em certo ponto (recordo-me de nessa altura ter manifestado num comentário neste blog, esta opinião)desta novela mexicana da dívida, da negociação da mesma, dos PEC I,II,III e quase IV e depois, quando toda a gente foi forçada a perceber que as promessas eleitoralistas de Passos Coelho, não passaram de mera publicidade barata para conquistar os votos dos que ainda acreditam no "pai natal", houve um hiato de tempo em que, com base na defesa dos superiores valores da nação, essa renegociação fazia sentido, acompanhada evidentemente, da imprescindível cooperação de todos os quadrantes da política e da sociedade. Mas para que essa renegociação culminasse na conquista da estabilidade e da sustentabilidade da nossa economia, seria necessário que houvesse um projeto sólido honesto e abrangente. Algo que no nosso país existiu há tanto tempo, mas tanto tempo mesmo, que ninguém consegue já recordar-se.

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  16. Caro Bartolomeu,

    Está a cair num erro. "Nós", não temos dívida nenhuma. A nossa economia é estável independentemente da dívida pública e a sustentabilidade não depende dela. Eu tenho a minha dívida, o meu caro terá a sua. O estado tem uma dívida? Tem, mas para a renegociar, o melhor é acabar com ela, acabando com o estado. Agora renegociar para o estado sair mais caro a quem trabalha? Pois, como dizem os brasileiros, "dá não!..." Liquidam-se os bens, despede-se o pessoal e paga-se ao credores. Está renegociado!

    Caro Tavares Moreira,

    A sua bondade está a encontrar uma sofisticação exagerada onde parece não haver nenhuma. Principalmente porque os prejudicados da renegociação é quem emprestou dinheiro ao estado português, ou seja, Portugal. Se não são burros, parecem. Embora haja quem eu possa admitir que seja burro mas cruzado com equídeos mais nobres. Umas mulas, portanto...

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  17. Caro Bartolomeu,

    Acontece que aquilo a que chama de "proposta de defesa de valores", neste caso é bem pior que um simples exercício da demagogia barata que aponta: trata-se de uma proposta que, se fecetivamente aplicada, atingiria valores/resultados inteiramente opostos aos que pretende defender!
    Talvez se possa falar, neste caso de demagogia "negra" ou ""fatal", tal é a obscenidade de que se reveste.

    Caro João Pires da Cruz,

    Eu acho que não encontrei qualquer tipo de sofisticação, nem reconheço sofisticação qualquer ao Manifesto dos 74+ (a não ser no + ou seja nos aderentes da 25ª hora, aí houve de facto alguma sofisticação...).
    Repare que eu até afirmei que dizer o que vem no Manifesto - além das habituais balelas sobre a necessidade de promover desenvolvimento (mais despesa do Estado, para bom entendedor), a (in)sustentabilidade da dívida e coisas desse género - qualquer "Zé da Esquina" diria...
    Não me parece, salvo melhor entendimento, que isto seja reconhecer sofisticação...

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  18. Meus amigos; eu acho que este conjunto de comentários poderia dar origem a um novo post. Desta feita com o título " A Chaga da dívida pública".

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  19. Li hoje parte do trabalho do Louça e outros 3 sujeitos. Uma vergonha para todo o ensino universitario portugues. E acho que o ISEG deveria defender os seus alunos do impacto reputacional que uma vergonha daquelas acaba por ter na vida futura. Não deve faltar muito tempo para um licenciado do ISEG ser visto como um Relvas.

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  20. Anónimo12:07

    É suposto ter-se respeito democrático por gente deste calibre?

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  21. Caro Bartolomeu,

    Discordo do título: não " A Chaga da Dívida Pública" mas sim "Os Chagas da Reestruturação da Dívida Pública". Se for assim, prometo colaborar!

    Caro João Pires da Cruz,

    Ter conseguido ler esse documento sem fenecer, constitui feito digno de registo e grande apreço! O meu mais sincero testemunho de admiração!

    Caro Zuricher,

    Desrespeito democrático, com certeza - é aquilo que exprimimos, de forma modesta admito, nestes textos a que vamos dando vida...

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  22. Ok! Mas... para escrever acerca dos "chaga's" é necessário efetuar uma pesquisa exaustiva aos motivos que deram origem á crise. Algo semelhante à elaboração da árvore genealógica de uma determinada família. Neste caso, caro Dr. Tavares Moreira, estou certo que tanto os braços da árvore como as suas raízes, se estendem a numerosas famílias de muiiiiitas origens.

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  23. Não percebo, caro Bartolomeu. Se descobrir a origem genética da crise, resolve-a? É que eu sei perfeitamente quem é o culpado. Se isso o ajudar ... é você!

    Quer recuar às origens? O Salazar era um FDP de parolo que reduziu este país à ignorância, o Caetano inaugurou a dinastia dos benzocas de Cascais que brincam aos pobrezinhos e cuja história parece estar no epílogo. Todos eles com um apoio popular admirável, senão nãos e falava de 48 anos daquilo. Depois vieram os da legitimidade democrática, todos apoiados pelo povo, mas agora por escrito... Portanto, meu caro, o culpado está encontrado. Diga-me, vai pagar em cheque, em cartão ou por transferência?

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  24. Sim, realmente meu estimado amigo Cruz, não entendeu. Não entendeu que utilizei o termo genealogia e não; genética. O termo que referi, diz respeito à disseminação das "famílias", independentemente dos genes herdados por cada um dos membros que a constitui.
    Neste caso, poderíamos, quiçá, estabelecer alguma relação causa-efeito sabendo de onde vieram, como cá chegaram e assim, prever onde pretendem ir. Sendo que, esta previsão não é difícil de fazer mesmo não estando na posse dos dois dados anteriores, basta que olhemos com atenção para percebermos que comem com as mãos, limpam os beiços à manga, arrotam profundamente e possuem uma gula incontrolável.
    Quanto ao pagamento da dívida... tenciono emitir letras cujos fiadores são os seus filhos, netos, bisnetos e trisnetos.

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  25. Há bancos que são grandes demais para poderem falir.

    Comprar e vender dívida pública portuguesa (ou de países com economias desamparadas) é um negócio bom demais para deixar de existir.

    Suculenta teta por onde se chupam as mais-valias geradas nas economias desses países.

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  26. Caro Manuel Goulão,

    Importa-se de precisar um pouco mais o conceito de "economias desamparadas" - por oposição, lógica, ao de "economias amparadas"?
    Se tiver tempo e paciência para isso, evidentemente.
    Confesso-lhe que fiquei curioso em relação a este conceito e por isso lhe deixo a sugestão.

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