1. Depois de alguns dias de sufoco noticioso dominado quase integralmente pela lamentável novela que culminou na implosão do modelo de negócio do ex-BES, eis que surgem notícias que poderão dar algum alento aos veraneantes...
2. Em primeiro lugar, a continuação de um forte crescimento das vendas de automóveis, que em Julho registaram subida de 33,5% em relação ao mesmo mês de 2013, confirmando a melhor disposição dos consumidores já referida no último Post aqui editado...
3. Agora (hoje) surge a notícia, divulgada pelo INE, de mais uma descida da taxa de desemprego, neste caso a taxa média do 2º trimestre de 2014, para 13,9%, a quinta descida trimestral sucessiva e um valor já distante do “record” de 17,7% atingido no 1º trimestre de 2013...também o mais baixo registo desde o 4º trimestre de 2011...
4. Curiosamente, no afã de desvalorizar esta descida do desemprego, alguns comentadores tentam explica-la por um efeito sazonal – os empregos gerados pela aproximação do Verão – como se em 2013 e anos anteriores não tivesse havido também Verão...
5. Em contraponto, não desvalorizemos o impacto negativo da lamentável novela BES no desempenho da economia, que será provavelmente relevante, não apenas mas também no PIB do 2º ou 3º trimestres...
Começando pelo fim, ou seja, pelo 5º ponto, lembro-lhe estimado Amigo, que a Srª Ministra da finanças, ontem, na entrevista da SIC, afirmou que esta "medida de salvação" não iria causar qualquer impacto nas contas públicas. Quanto aos restantes pontos, pergunto-lhe caríssimo Amigo; da leitura deveremos inferir que em sua opinião, os portugueses deixaram de ser pobres e que dentro de dois ou três trimestres deixará de haver desemprego em Portugal?
ResponderEliminarMas há ainda uma questão a ter em conta, relativamente ao BES: se daqui a dois anos, ou mesmo antes, o banco for vendido, não voltarão os clientes do banco a estar em maus lençois? Ou seja, a solução encontrada pelo governo, não será somente um adiar de um inevitável desmoronamento do banco e da economia adjacente que será herdado pelo governo seguinte, caso este não seja reeleito? Se eu estivesse na situação de desempregado, por uma questão patriótica, emigrava... só para contribuir para as estatísticas... positivas, evidentemente! ;)
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarÉ óbvio que a operação de empréstimo ao Fundo de Resolução do sistema bancário para prover este Fundo dos meios necessários à capitalização do "Novo Banco" terá impacto nas contas públicas, nomeadamente na dívida pública, eventualmente também no défice (embora, e na minha mais que modesta opinião, no défice não deveria ter impacto uma vez que se trata da aquisição de um activo financeiro que tem como subjacente um património de valor não inferior e susceptível de gerar receitas mais que suficientes para pagar o serviço de tal dívida).
Mas o ponto mais importante nem será a discussão acerca da afectação ou não das contas públicas: o ponto importante, na minha análise, será o de saber se tal afectação - simplesmente contabilítica ou de outra ordem - será razão para a adopção de medidas adicionais de ajustamento.
Segundo a informação que foi prestada, isso estará fora de questão, pois o eventual agravamento do défice, decorrente desta intervenção, seria tratado de forma neutra quanto à política de ajustamento...
Se assim for, não vejo motivo para discussão, esperando que, no final do processo, o Novo Banco possa ser alienado por valor mais do que suficiente para permitir o reembolso integral do empréstimo estatal veiculado pelo dito Fundo de Resolução...
Mas até lá a discussão vai estar em aberto como é hábito da casa...
Relativamente à sua IIª questão, a minha resposta é bem mais simples: espero, confiadamente, que este tenha sido, em definitivo, o último episódio de uma sucessão infeliz; e que pelo menos sirva de exemplo para que durante muitos e bons anos não tenhamos (nem os nossos vindouros) de assistir a espectáculos tão degradantes...
Um último ponto para seu esclarecimento (se quiser ter a bondade, claro): o forte fuxo Emigratório iniciou-se muito antes de a taxa de desemprego ter começado a baixar, estava e ainda se manteve a subir durante muitos meses...
Assim, se a taxa de desemprego está subvalorizada por força dessa componente, isso já se verifica há muito tempo e não apenas agora que a curva representativa da variável entrou em declínio...
Gostaria sinceramente de estar tão confiante e otimista, quanto o meu muito estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira. Talvez a minha visão já um pouco enfraquecida pela acumulação dos anos, não me permita ver tão claramente como o meu estimado Amigo, os sinais positivos que menciona. Mas isto... já nem com (bin)óculos.
ResponderEliminarQuanto à taxa de desemprego, é bom que volte a níveis de 2011 porque vamos precisar deles, se o súbito acordar de PR e TC não forem reais.
ResponderEliminarQuanto à história do BES. A melhor notícia parece ser a do encaminhamento da regulação européia para um esquema americano. Isto significa que os bancos vão deixar de ser portugueses muito breve, para responder ao caro Bartolomeu, e passarem a ser europeus. Isso tbem significa que a imbecilidade do esquema de Basiléia está finalmente condenado no médio prazo. O que não deixa de ser irônico porque fora do esquema de Basiléia não haveria caso BES.
Estimado Amigo Cruz, a meu ver, estamos mais próximo de sair da moeda única, que os bancos passarem a ser europeus (seja lá isso o que for). E mais; não querendo ser de intrigas, palpita-me que se o BdP e as polícias fiscais começarem a meter o nariz nas frestas, irão provavelmente encontrar muitos mais Ricardos Salgados. É que as campanhas políticas têm de ter quem as subsidie...
ResponderEliminarInfelizmente, tenho tido pouco tempo disponível, e confesso que no fim do dia já não posso olhar para esta "maquineta". Mas como diz o caro Dr. Tavares Moreira a coisa está a recuperar, também na parte que me toca, finalmente começam a ser substituídos os reformados...
ResponderEliminarPois eu acho que o dinheiro injetado na economia por virtude dos subsídios animaram um pouco mais a economia mas pelo que li as exportações estagnaram ou baixaram donde se conclui que o mercado interno é importante...
Quanto à criação de emprego, não sei bem se empregos parciais podem ser considerados emprego, mas enfim é melhor que nada.
Um abraço sincero aos meus amigos.
Finalmente, eis que surge
ResponderEliminarO meu Amigo Jota Cê.
Ainda bem, o tempo urge.
Faiz tempo que num via ocê.
;)))
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarConsidera-me optimista quando alerto para o que aí vem de consequências do naufrágio do ex-BES, tipo Costa Concordia, sobre a economia portuguesa?
E coloco esse alerta, explicitamente, em contraponto às boas notícias entretanto divulgadas?
Devo concluir que o seu conceito de optimismo estará consideravelmente desestabilizado, meu Caro e ilustre Comentador...
Caro Pires da Cruz,
Quererá dizer, na sua linguagem metafórica, que os novos empregados são como que "carne para canhão", tendo como principal função alimentar o IRS?
Caro jotac,
Seja bem regressado em 1º lugar!
Quanto ao resto, vivam então os subsídios repostos - concordo que também precisamos de alguma animação, nem que seja só para nos iludirmos por algum tempo!
Obrigado caro Drº Tavares Moreira e Bartolomeu.
ResponderEliminarEste Bartolomeu é um prodígio da natureza, faz o quer da língua, até em português brasileiro...;)
Já agora a coisa no BES não está no pacote viral?
Do último parágrafo da amável resposta que o meu estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira dá ao meu comentário, infiro que considera cristalinos os números estatísticos divulgados pelo INE e que refletem um bom desempenho do atual governo. Foi a esta parte que me referi e não às duas anteriores, as quais, para além de pertencerem integralmente à sua esfera de competência académica e profissional, não tenho a menor dúvida de que o seu entendimento ultrapassa largamente os meus ínfimos conhecimentos da matéria.
ResponderEliminarCaro Jota Cê, empolga as minhas faculdades linguísticas e com isso, minimiza outras que desempenho com muito mais competência. Por mencionar isso; não me posso esquecer de marcar uma consulta para um reumatologista... ando a sentir uma certa dificuldade em mexer os dedos... das mãos. Maldito rimático.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarNão convirá extrair certidões interpretativas do meu texto que não tenham suporte no mesmo (nem numa interpretação extensiva)...
Não existe no texto qualquer juízo, explícito ou implícito, quanto á qualidade da governação em função dos dados revelados...
Como aqui tenho dito e redito, os verdadeiros heróis da mudança que se operou no desempenho da economia portuguesa, nos últimos 3anos, são basicamente dois, as Famílias e as Empresas (privadas), que:
- Não só suportaram a esmagadora fatia do esforço de ajustamento financeiro do Estado, ao contrário do que pensa e jurisprudencia o TC (via IRS, CES e outros factores equivalentes, sobretudo);
- Com o seu esforço consequiram corrigir e mesmo inverter o mais grave de todos os desequilíbrios de que a economia enfermava e sem a resolução do qual, os afundaríamos definitivamente - o desequilíbrio externo.
Certidões?! De forma alguma, estimado Dr. Tavares Moreira!
ResponderEliminarAntes de mais, deixe-me apresentar-lhe uma "declaração de interesses" - já a fiz anteriormente e reafirmo-a - Tenho pelo Senhor uma elevada estima e um elevado sentimento de amizade. Como é obvio, não me sinto obrigado a concordar com algumas opiniões que o caríssimo Dr. aqui deixa expressas, nem espero que esta sã amizade que nos identifica, o vincule a aceitar os meus pontos de vista.
Dito isto, permita-me que passe à parte... lúdica, digamos assim. A minha mulher possui em casa duas máquinas; numa delas, coloca agua farinha, sal e fermento, liga-a à tomada elétrica e, caso haja energia na rede, passados poucos minutos obtém uma massa que coloca na outra máquina também ligada a uma tomada elétrica e na qual, passados alguns minutos, quase que por magia, aparece, pronto a comer, um quente e saboroso pão.
Para mim, estas duas máquinas representam; uma delas os que se desunham, que dão o litro e são a massa produtiva deste país; a outra, o governo e os organismos do estado (INE) que cozinham a massa a seu bel-prazer, obtendo com a cozedura um pão mais mole ou mais rijo, de acordo com as circunstâncias e as necessidades do momento.
Neste ponto, imagino que esteja o meu estimado amigo a questionar: então e o pão... quem é que o trinca?
Pois essa é que considero a questão fulcral; o pão, quando sai da tal maquineta formoso, cheiroso, apetitoso, é comido pelos donos da máquina... quando sai deformado, queimado, rijo... é dado aos porcos.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarNo tocante à declaração de interesses que teve a suma gentileza de enunciar, só posso acrescentar que os sentimentos nela expressos são recíprocos...
E a divergência de opiniões a que se refere não é mais do que uma consequência desse mesmo estado de alma.
Se tivessemos de concordar sempre um com o outro, mesmo a contra-gosto, faltar-nos-ia a independência que é a melhor argamassa de uma sincera amizade e do mútuo respeito.
Quanto à curiosíssima alegoria que nos apresenta, não me posso por ora pronunciar: a complexidade do tema exige reflexão aturada...
Eloquente e magnânimo, como seria espectável de um gentleman como o Senhor, caro Dr. Tavares Moreira.
ResponderEliminarQuanto à alegoria, acredite que me esforcei para que fosse clara e objetiva. Provavelmente não conseguir atingir o objetivo; prometo que da próxima irei esforçar-me.