segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A taxa sobre o carbono e os heróis do agrupamento

A taxa sobre o carbono, a principal medida da fiscalidade verde, vai constituir mais uma machadada na competitividade das empresas portuguesas e, assim, no crescimento económico e no emprego. Tomando a forma de um  adicional sobre o ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos), irá representar   um aumento de preço na gasolina e no gasóleo para o consumidor final.
Portugal, com uma base industrial insignificantemente poluidora a nível global, permite-se encarecer o preço dos produtos, tornando-os menos competitivos, enquanto os grandes países poluidores, sem quaisquer preocupações ambientais, concorrem a preço baixo com produtos altamente poluídos nos mercados onde também estamos. Já não bastava o preço alto da energia eléctrica, mercê da opção por um desproporcionado parque eólico produtor de energia cara, mas, e mais grave, com o preço acrescido dos custos adicionais de ter que se manter um aparato produtivo clássico como alternativa pronta a fornecer energia no caso de não haver ventania.
E assim, como aliás já o fazemos, iremos pagar na electricidade o custo das novas eólicas e, simultaneamente, o custo dos parques produtivos necessários para suprir as suas falhas. Paga-se a eólica e paga-se simultaneamente a convencional.
Porque não são os salários que afectam a nossa competitividade. A nossa competitividade é afectada, sim, por outros factores nos quais o custo da energia é determinante. E onde os governos, que tanto clamam por crescimento e emprego, normalmente actuam em sinal contrário, por lógicas corporativas ou de grupo, que se sobrepõem ao interesse geral. Claro que os responsáveis se tornam heróis no seu agrupamento. Mas fábricas como, por exemplo, a Covina/Saint Gobain estão paradas e continuarão paradas devido ao custo da energia.

9 comentários:

  1. Se houvesse uma política ambiental coerente, o ministério do ambiente colocava uma central de bio-gás nas suas próprias instalações para aproveitar os gases emanados pelas ideias que saem daquelas cabeças. Já agora, o dinheiro vai servir para quê?

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  2. Anónimo12:52

    Mais uma medida politicamente correcta, aplicavel a economias muito produtivas, consolidadas e potenciadoras de elevados proveitos para os investidores mas totalmente absurda no contexto Português, uma economia que precisa de investimento como de pão.

    Não é caso único, enfim.

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  3. Muito bem!

    Como o Eng. Mira Amaral em tempos fez notar, quem está a tutelar a pasta da Energia e Ambiente deveria, em rigor, ser tido como o ministro do CO2.

    As empresas, essas, que se lixem, especialmente se forem do ramo industrial.

    Não admira, pois, a boa imprensa de que goza Moreira da Silva, a começar pelo verdejante Público.

    Entretanto, as temperaturas médias no globo terrestre, seja à superfície, seja na baixa troposfera, não sobem desde há 15-18 anos. Mas não era para nos salvarem de um tal de "aquecimento global" que a "descarbonização" era imperativa e, para isso, se tornaria imperativo torrar centenas de milhões em tecnologias por definição incapazes de assegurarem a fiabilidade (devido à intermitência do vento e do sol) da produção eléctrica?

    Pobre país!

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  4. Caro Pinho Cardão,
    Penso que não tem razão em três pontos essenciais da sua argumentação:
    1) Há uma relação entre energia barata e desenvolvimento económico. Nada demonstra este seu pressuposto, havendo países como a Dinamarca ou a Alemanha com energia cara e com fortes perspectivas de desenvolvimento, e países com energia ao preço da chuva, como a Líbia, onde não existem essas perspectivas positivas de desenvolvimento. Parece-me que está a esquecer um princípio básico de economia: o maior custo de um factor conduz a uma maior eficiência no seu uso;
    2) Num cenário de neutralidade fiscal (e é nesse cenário que existe a taxa sobre o carbono) não é nada líquido que a transferência de um custo de um factor para outro tenha um efeito global negativo. É possível, sim, que fábricas com utilização intensiva de energia se tornem inviáveis, mas muitos outros negócios, de mão-de-obra intensiva se tornem mais competitivos, por exemplo;
    3) Não entendo como medidas que oneram a energia e desoneram o trabalho são machadadas no emprego.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. «Porque será que os governos, que tanto clamam por crescimento e emprego, normalmente actuam em sinal contrário?»

    Teria Fernando Madrinha razão quando afirmou (Jornal Expresso de 1/9/2007):

    [...] "Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais." [...]

    Será que este país (e tantos outros) estão a ser vampirizados por uma catrefa de parasitas? E. se assim for, mão haverá um inseticida eficaz que possamos utilizar? Que extermine rastejante e voadores?

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  7. Caro João Pires da Cruz:
    Enfim...uma central é capaz de ser excessivo...Sou mais generoso: um postozito de recolha...

    Caro Zuricher:
    Acho que tem razão. As medidas têm que se adequar às circunstâncias. De outra forma, impô-las contra natura trata-se de fundamentalismos.

    Caro Eduardo Freitas:

    Claro que tem toda a razão!

    Caro Henrique Pereira dos Santos:

    Nesta matéria e afins discordamos sempre. É a vida!
    1. O meu amigo esquece a relatividade das coisas e o exemplo da Dinamarca e da Alemanha, com uma estrutura produtiva e uma tecnologia muito diferente da nossa, não colhe.
    2. Concordo que, como diz, "é possível, sim, que fábricas com utilização intensiva de energia se tornem inviáveis..." e até diria que é muito provável e até certo em muitos casos. E não estamos em tempo de as desaproveitar por capricho dos deuses. Mas já não concordo que " muitos outros negócios, de mão-de-obra intensiva se tornem mais competitivos...", porque o encarecimento de um factor prejudica sempre a competitividade, pese o facto de poder ser parcialmente compensado por ganhos de produtividade noutros.
    3. Não vi concretamente onde é que estão essas medidas.

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  8. Porque é que o meu amigo Pinho Cardão tem tantos pruridos quando se fala da Banca e dos governantes que ela controla?

    São coisas da vida. Há que aceitá-las...

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  9. Embora não admitindo que tenha qualquer prurido a propósito de banca desonesta e banqueiros desonestos( há banca e banqueiros sérios), portanto não admitindo a generalidade da premissa, todavia já poderei concordar de alguma forma com a conclusão. É a vida. E é em vida que nos devemos esforçar por nos entender. Por exemplo, o 4R que o meu amigo frequenta é um bom espaço de convivência.

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