terça-feira, 18 de novembro de 2014

Economia portuguesa a "puxar" pela zona Euro? Quem diria?!


  1. Segundo notícia ontem divulgada, Portugal apurou até Agosto último um défice comercial de € 6,8 mil milhões (inclui apenas mercadorias, não serviços), que seria o 5º mais elevado da União Europeia (posso acrescentar que esse défice subiu em Setembro para € 7,9 mil milhões, um agravamento de 16,3% em relação ao de 2013)…
  2. …ao mesmo que as economias da zona Euro, no seu conjunto, terminaram os primeiros 9 meses de 2014 com um superavit comercial de € 18,5 mil milhões, bastante superior ao apurado no mesmo período de 2013 (€ 10,8 mil milhões)…
  3. Acresce, segundo notícias de hoje, que Portugal lidera as vendas de veículos automóveis na zona Euro, no período até Outubro, com uma taxa de crescimento de 34,7%.
  4. Deveremos assim concluir que a economia portuguesa, apesar da sua considerável pequenez e das imensas dificuldades com que ainda se defronta para poder crescer de forma sustentada, está já funcionando como uma das (poucas) “locomotivas” da zona Euro, promovendo a procura interna e tentando assim combater os fantasmas da deflação e da estagnação económica que tanto assustam os “media” e os “opinion-makers”…
  5. Não deixa de ser irónico constatar que, apesar desta insofismável realidade, o Governo em funções continua a ser fustigado, pelos mesmos “media” e "opinion makers" – quais incansáveis carpideiras - de estar agarrado, cegamente, a uma cartilha “neo-liberal”, apostando na austeridade a todo o custo e ignorando a necessidade de promover o crescimento….
  6. Como é possível um tamanho absurdo? Acusem o Governo do que quiserem, obedecendo à moda do politicamente correcto; agora ser “neo-liberal” e seguir uma política de austeridade a todo o custo - com estes dados - não lembraria ao diabo mais pintado!

10 comentários:

  1. BOLETIM ECONÓMICO DO BANCO DE PORTUGAL (OUTUBRO DE 2014):

    Em maio de 2014, Portugal finalizou o Programa de Assistência Económica e Financeira. A economia portuguesa recuperou o acesso a financiamento nos mercados de dívida internacionais, para o que contribuiu o aprofundamento institucional a nível europeu, uma percepção de risco mais favorável face aos emitentes europeus, bem como os progressos alcançados na correção de algumas fragilidades estruturais que a caracterizavam. Em particular, ao longo dos últimos três anos, observou-se um assinalável esforço de consolidação orçamental, uma melhoria acentuada das contas externas - registando-se um excedente da balança corrente e de capital desde 2012 -, bem como uma desalavancagem gradual e ordenada do setor bancário, consistente com a desalavancagem do setor privado não financeiro. Desde meados de 2013, a economia portuguesa, iniciou uma recuperação económica gradual. (...) A nível setorial, continuou-se a verificar uma reafetação de recursos dos setores não transacionáveis para os transacionáveis, indispensável para a correção dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados nas últimas décadas. Neste âmbito, destaca-se a dinâmica positiva das empresas exportadoras - tanto na indústria transformadora como nos serviços de turismo - enquanto a construção manteve a tendência estrutural de redução do valor acrescentado. Assim, no primeiro semestre de 2014, o peso das exportações no PIB ascendia a perto de 40 por cento, cerca de 10 pontos percentuais acima do registado em 2010. Esta evolução da atividade foi acompanhada de uma melhoria nas condições de financiamento das sociedades não financeiras.(...) O conjunto de indicadores do mercado de trabalho é igualmente consistente com o ritmo de recuperação económica e com a respetiva composição setorial. Estes indicadores apontam para a continuação do crescimento do emprego por conta de outrem no setor privado - para o que estarão a contribuir também as políticas ativas de emprego - e para a queda do emprego no setor das administrações públicas

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  2. Num quadro de recuperação de componentes da procura interna com elevado conteúdo importado e de desaceleração das exportações de bens e serviços, a capacidade de financiamento externo da economia no primeiro semestre, medida pelo saldo conjunto da balança corrente e de capital, ainda assim apresentou uma relativa estabilidade face ao período homólogo.

    (Fim de citação).

    Como se vê, só uma visão equívoca pretende fazer crer que não existiram avanços significativos ao longo de todo o processo de ajustamento. Têm existido erros? Certamente! Mas o reconhecimento dos erros não deve impedir o reconhecimento dos avanços já alcançados. Entretanto, é preciso cuidado para que as coisas não voltem para trás, isto é, para uma economia baseada no endividamento e nas importações. Já se viu no que deu esse caminho! É indispensável continuar a apostar-se no tecido empresarial português, com destaque para as pequenas e médias empresas, com especial atenção às que estão focadas nas exportações, bem como o incremento do setor do turismo. É indispensável, ainda, sem deixar de lado políticas sociais indispensáveis, a continuação da consolidação orçamental, tendo-se em atenção a obrigação de se cumprir o Tratado Orçamental. Não se cresce com endividamento, com contas desequilibradas e com balança comercial também ela desequilibrada. Cresce-se com responsabilidade económica e financeira, com contas em ordem, com esforço coletivo, com o encarar os problemas de frente, com seriedade nas contas públicas, ao invés de expedientes de disfarces dos desequilíbrios. É com essa responsabilidade e seriedade que o país pode crescer e beneficiar da confiança dos credores internacionais! António Costa deveria refletir nisso. Temo que seja um François Hollande português.

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  3. Estes dados, caro Dr. Tavares Moreira, não me parecem indicadores de recuperação nenhuma. Se em Agosto do próximo ano este déficit for menor, então já podemos mandar abrir uma garrafa de champanhe no D. Feijão; teremos motivos para festejar. Agora, aquilo que é importante ter em conta e que eu acho muito importante, é que estes dados por melhores que sejam, não permitem ainda a este governo, nem a outro que o venh a suceder, abrandar a política de austeridade. É que a nossa dívida publica externa é de tal maneira gigante, que, mesmo que Portugal conseguisse reduzir o seu déficite comercial a o% ainda teria de andar muitos anos com os tomates na mão e com muito cuidadinho para que não sefressem nenhuma a
    molgadela.

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  4. «Portugal lidera as vendas de veículos automóveis na zona Euro, no período até Outubro, com uma taxa de crescimento de 34,7%»


    Vendiam-se 100 carros por anos e passaram-se a vender 135?

    Como é possível escrever um post destes?

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  5. “Economia portuguesa a “puxar” pela zona Euro? Quem diria?!”
    Apenas um comentário. Ah, Ah, AH.
    Depois vem o exemplo, (como prova da “força” da economia portuguesa, do tal “milagre económico anunciado pelo impagável ministro da economia Pires de Lima) “que Portugal lidera as vendas de veículos automóveis na zona Euro”.
    Vejamos: Aumento de vendas no período indicado: Ferraris-50%; Porsche-55%; Lexus- 99%; Mercedes- 45%.
    Pois, nós já sabíamos que “ o país está melhor mas os portugueses estão piores”.
    Os defensores da “economia que mata”, como lhe chama o Papa Francisco, não deixam de nos espantar.

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  6. Caro Pedro de Almeida,

    As suas citações e observações são pertinentes, como é hábito aliás, mas, como terá reparado, nesta apreciação está em jogo o comportamento do comércio internacional de mercadorias (bens), não o de serviços.
    Se incluirmos os serviços, em que a economia portuguesa é fortemente excedentária, o saldo comercial passa para positivo...nas condições actuais,é certo, até há 3 anos não era nada assim, o saldo conjunto era acentuadamente negativo.
    Muita coisa mudou, como diz, e para melhor.
    No entanto, e porque, como se dizia, "caldos de galinha não fazem mal a ninguém", há que estar atento á evolução destas variáveis uma vez que não podemos repetir a proeza que nos conduziu ao desastre de Maio de 2011...
    Mas não deixa de ser curiosa esta metamorfose da economia - com "alta" recente dos cuidados intensivos e já a "puxar" por uma zona Euro meio anémica...

    Caro Bartolomeu,

    Como eu não utilizei a expressão "recuperação" - que tem um sentido bastante distinto da (pobre) teoria desenvolvida neste Post - e como o meu ilustre Amigo vem questionar a ideia de "recuperação", não o posso contraditar, posso apenas salientar que a questão não será propriamente essa.
    Quanto ao presuntivo deficit comercial em Agosto de 2015, atrevo-me a antecipar que será maior e não menor, mas não creio que isso seja motivo para não abrirmos o "champagne": o simples facto de podermos voltar a reunir no Dom Feijão, como já aconteceu, com assinalável sucesso, em tempos de maior austeridade, será motivo suficiente para tal celebração!

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  7. «A “locomotiva” do crescimento deste “insofismável” milagre do crescimento»

    1.Índice de Volume de Negócios nos Serviços acentuou variação homóloga negativa.
    O índice de volume de negócios nos serviços registou, em setembro, uma variação homóloga nominal de -4,9% (-3,3% em agosto). No 3º trimestre de 2014, a variação homóloga deste índice situou-se em -3,7% (-0,8% no trimestre anterior). (INE 11.11.2014)

    2.Horas Trabalhadas
    O índice de volume de trabalho, medido pelo número de horas trabalhadas ajustadas dos efeitos de calendário, apresentou uma diminuição homóloga de 0,5% em setembro, resultado idêntico ao observado no mês anterior. (INE 11.11,2014)

    3.Índice de Produção na Construção diminuiu 6,9% em termos homólogos
    O índice de produção na construção registou em setembro de 2014,uma variação homóloga de -6,9%. (INE 11.11.2014)

    4.Dette publique par État membre à la fin du deuxième trimestre 2014
    Parmi les États membres pour lesquels les données trimestrielles du PIB selon le SEC 2010 sont disponibles, les ratios les plus élevés de la dette publique par rapport au PIB à la fin du deuxième trimestre 2014 ont été enregistrés en Italie (133,8%), au Portugal (129,4%) ainsi qu’en Irlande (116,7%), et les plus faibles en Estonie (10,5%) et au Luxembourg (23,1%). (Eurostat 23.10.2014)


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  8. Ah, o Don Feijão!.. O Don Feijão tb é europa e com Portugal a servir de motor do crescimento, não deve haver lugar.

    Há também a importante notícia de o PS e o PSD terem finalmente chegado a acordo num ponto. Na reposição das subvençoes aos deputados, o que mostra que há esperança no acordo promovido até à exaustão pelo PR, agora que se sabe que o orçamento do estado vai investir meio milhão de euros no seu gabinete de ex-PR. É sempre importante que os altos orgõs do estado dêm um exemplo de rigor e frugalidade.

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  9. Caro João Pires da Cruz,

    O Dom Feijão é bom demais para ser apenas Europa...o Dom Feijão é uma verdadeira "off-shore" da boa mesa, ou seja um local onde aos clientes é proporcionado um tratamento que os estabelecimentos similares dificilmente podem acompanhar!
    Quanto ao restante do seu comentário, está simplesmente impagável, ao melhor estilo do velho Tonibler!

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  10. Para quem tiver paciência de ler e quiser deixar de repetir verdades de algibeira fabricadas para a luta político-partidária mais abjecta, ignorando a realidade dos números.
    Os números nunca mentem, as interpretações dos números é que podem ser mentirosas (às vezes são propositadamente mentirosas).
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    XXI, TER OPINIÃO - 2012 revista anual de reflexão e debate
    Fundação Francisco Manuel dos Santos
    «Dívida: Como explicar o crescimento da dívida externa nacional desde 1996?»
    Ricardo Cabral, economista, professor na Universidade da Madeira
    https://www.ffms.pt/xxi-ter-opiniao/artigo/428/divida
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    «O que é que o euro tem a ver com a crise da economia portuguesa? (I)»
    Ricardo Paes Mamede, economista, professor no ISCTE
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/

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