Aqui há uns
anos, num dos vários jantares com empresários organizado pelo banco em que trabalhava,
encontrei o jovem herdeiro do dono de uma grande empresa que, entre meias
palavras, me foi dando a entender que, no fundo, no fundo, considerava os
trabalhadores da sua empresa como um mero custo, se bem que “alguns se pagassem
a si próprios”. Recomendei-lhe então os despedisse a todos e então, sem
trabalhadores, ele teria um manancial de lucros que nunca mais acabava…
Por estes
dias, um aguerrido dirigente de uma sociedade anónima desportiva veio a
considerar indignos dos sócios os atletas que perderam um jogo de futebol. O
mesmíssimo dirigente que acompanhava os jogadores a receber os aplausos do
público nos momentos de vitória. No fundo, a vitória era dele, a derrota é responsabilidade
dos atletas.
De uma forma
ou de outra, ainda vai subsistindo entre muitos capatazes promovidos a
dirigentes empresariais um estado de espírito que vê nos trabalhadores apenas o
instrumento de lucro para o acionista, financeiro ou traduzido em vitórias
sobre a concorrência. Em caso de vitória, os capatazes surgem a colher o fruto
do aplauso; mas, em ocasião de fracasso, vá de atribuir as causas aos
trabalhadores, até como forma de se desculparem junto dos accionistas e mostrar-lhes
a excelência da liderança.
No fundo, o
que eles mostram é a sua absoluta falta de capacidade para o cargo e, com tanta desfaçatez que até a exibem publicamente como troféu. Na sua
ignorância básica, pensam que assim obtêm o apoio dos accionistas e o empenho
acrescido dos trabalhadores.
Eles nem em
sonhos são capazes de pensar que sem trabalhadores tratados de forma digna e motivados
não há empresa que resista. Porque trabalhadores
tratados como meros custos seguramente tendem a actuar como tal. E é bem feito!
Nota: O jovem
gestor de que falei no início do post teve a hombridade de me falar dois dias
depois do mencionado jantar a dizer que tinha percebido a mensagem e que “agradecia
a lição recebida”, palavras textuais. Hoje, a empresa continua próspera e com
trabalhadores…
«... sem trabalhadores tratados de forma digna e motivados não há empresa que resista.»
ResponderEliminarO desfecho do caso que o caro Dr. Pinho Cardão relata não é, infelizmente, comum aos da maioria que compõem o universo empresarial do nosso país. O jovem empresário que refere, teve o bom senso de escutar, reflectir e perceber a hironia que envolvia o proveitoso conselho.
Diz o ditado que é necessário possuir-se alguma inteligência para que possamos reconhecer a própria estupidez.
Este jovem empresário, teve essa inteligência, em troca, recebeu os benefícios da prosperidade.
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarHá ainda muitos "donos" de empresas que tratam os trabalhadores como custos. Não são gestores, não investem na relação da empresa com os trabalhadores. O resultado é uma perda de capital humano com consequências muito negativas a vários níveis. A economia também é atingida por esta cultura.
V.Exª refere-se ao Presidente do Sporting que neste momento não me recordo do seu nome.
ResponderEliminarAntes do jogo com o Guimarães este dirigente muito ufano, gabaroso e vaidoso, falava que nem um Rei sem trono. Se tivesse alguma vergonha coibía-se de fazer prognósticos antes dos jogos.
Caros Bartolomeu e Margarida:
ResponderEliminarAs coisas têm vindo a melhorar e continuarão a melhorar. No fundo, é uma questão de inteligência.
Caro opjj_
minha excelência? Nem por isso, caro opjj...nem por isso...
Caro Pinho Cardão infelizmente é essa a mentalidade de muitos "gestores" (pretensos gestores, claro, só lhes copiam o nome do cargo e com isso se contentam) sejam públicos ou privados, o problemas sáo os aplausos que recebem quando anunciam publicamente que o problema sáo os trabalhadores, esses ingratos que não merecem quem tem o poder de os comandar. Devia estar escrito em cartazes a frase de Camões que um rei fraco torna fracas as fortes gentes.
ResponderEliminarNani soube dar a resposta: "quem não sabe ganhar também não sabe perder", ou vice-versa!
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