sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Piruetas políticas dispensáveis...

PSD e do PS aprovaram ontem na Comissão de Orçamento e Finanças uma proposta conjunta que visava a suspensão das subvenções vitalícias dos ex-titulares de cargos políticos que vigorou em 2014. Em 2014 estas subvenções foram cortadas para os ex-titulares com rendimentos superiores a dois mil euros. 
PSD e PS que não se entendem sobre políticas e medidas essenciais para o país uniram-se subitamente. De repente surgiu uma espécie de “bloco central”. Qual reforma do Estado, qual reforma do IRS, qual reforma da “fiscalidade verde”, qual Orçamento do Estado. 
Medida aprovada e não se fizeram esperar as críticas na opinião pública e nas redes sociais, com vozes contra, incluindo, no PSD. 
Críticas que a generalidade das pessoas subscreve. Mantendo-se os cortes nas pensões e nos salários, mantendo-se uma carga fiscal colossal sobre os contribuintes, mantendo-se a restrição significativa das prestações sociais, mantendo-se o desemprego e a pobreza em níveis elevados, mantendo-se a suspensão dos complementos de reforma dos pensionistas das empresas públicas com prejuízos e mantendo-se muitos outros cortes e reduções, ou seja, numa palavra, mantendo-se a austeridade não há justificação política para aliviar a suspensão das pensões vitalícias. 
Hoje, depois da polémica instalada, PSD e PS fizeram uma pirueta, retiraram a proposta e desfez-se o “bloco central”. Volta tudo à normalidade. A interrupção terminou. 
É por estas e por outras que os partidos políticos se descredibilizam, que os cidadãos se afastam cada vez mais da política. São actuações deste tipo que desmoralizam as pessoas e lhes dão razão para apontar o dedo à falta de ética e moral dos políticos que nos governam. Este sentimento não tem que ver com as guerras da constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis. São planos distintos, a lei não esgota a ética e a moral. As pessoas estão hoje mais atentas. A suspensão caiu porque a sua visibilidade tornou-se muito clara...

6 comentários:

  1. A mim, parece-me que anda alguém a jogar à "Batalha Naval" com alguém. Ainda não percebi quem, mas também não importa.
    Um dia, são detidos uns quantos caramelos da direita por suspeita de implicação em casos de fraude e branquemento de capitais mais pataté, patatau e porque é mentira, porque só me ofereceram duas de tinto, outro dia, a Procuradoria-Geral da República torna público o seguinte:
    "Ao abrigo do disposto no art. 86.º, n.º 13, al. b) do Código de Processo Penal, no âmbito de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público e que corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e onde se investigam suspeitas dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, na sequência de diligências, desencadeadas nos últimos dias, foram efetuadas quatro detenções.
    Entre os detidos encontra-se José Sócrates.
    Vamos lá ver o que é que estes receberam... talvez uma saquita de batatas ou um garrafão de 5 litros de azeite.
    É que muita gente não sabe, ou não quer saber, que a vida está pela hora da morte, para muitos políticos e ex-politicos e, se não lhes voltam a pagar as subvençõezitas, eles começam a perder a vergonha e a aceitar as ofertas de bife do lombo. É certinho como 2 e 2 serem... serem... olhe; serem aquilo que na altura der mais jeito!

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  2. Lamentável sim, Margarida. Mas a verdade é que o Parlamento já pouco pode fazer para afundar ainda mais a sua credibilidade e, o que é bem pior, a confiança nas instituições.

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  3. Margarida: «É por estas e por outras que os partidos políticos se descredibilizam, que os cidadãos se afastam cada vez mais da política. São actuações deste tipo que desmoralizam as pessoas e lhes dão razão para apontar o dedo à falta de ética e moral dos políticos que nos governam.»


    Os cidadãos não se afastam cada vez mais da política. O que está a acontecer é uma mudança de paradigma, de uma passagem da «Democracia Representativa», que não representa os cidadãos mas apenas os seus donos, para a Democracia Direta, em que são os cidadãos a fazer diretamente as suas escolhas, a nível de bairro, a nível de freguesia, a nível de concelho, a nível de país, a nível internacional...

    A tecnologia (computadores, telecomunicações e informação) para suportar este novo paradigma já existe e melhora de dia para dia. Para quê votar num suposto «representante» que temos quase a certeza de ser corrupto, quando podemos tomar pessoalmente as decisões?

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  4. Sim, a tecnologia vai acelerar a mudança para uma democracia participativa. Se fosse preciso, esta das subvenções mostra bem que na AR não fazem ideia nenhuma do que pensam os cidadãos.

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  5. Caro Bartolomeu
    As sucessivas batalhas navais levaram o país ao naufrágio em que estamos metidos.
    José Mário
    É sempre possível afundar mais. A criatividade política parece não ter limites.
    Caro DIogo
    Tomar decisões individuais para resolver questões colectivas?
    Caro Luis Moreira
    Pensam, sim, ao ponto de fazerem inversão de marcha.

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  6. Cara Margarida,

    Não foi isso que eu disse.

    O que eu afirmei foi que alguns cidadãos (que podem ser todos), dispondo de um determinado orçamento, podem fazer propostas para a aplicação dessa verba.

    Vamos supor um caso a nível de freguesia:

    Um cidadão propõe um centro de saúde, outro propõe um infantário, outro propõe um viaduto, etc., etc., etc.

    Após um determinado período para apreciação de todas as propostas, algumas delas serão selecionadas (as mais votadas) pelos mesmíssimos cidadãos.

    As propostas selecionadas serão alvo de discussão. E após um determinado período de debate, irão a votação. Uma proposta sairá vencedora.

    É isto a Democracia Direta. Nada de «representantes» a soldo sabe-se lá de quem...

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