terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A China nos Açores

O Presidente do Governo Regional dos Açores considera uma bofetada na cara do Estado português  o anúncio pelos EUA da diminuição do efectivo norte-americano, civil e militar, de 650 para 165 elementos, medida que implica a redução gradual dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes de 900 para 400 pessoas, ao longo deste ano.
Claro que é de lamentar vivamente o desemprego de 500 trabalhadores, com grande incidência na economia local, mas não se pode escamotear tão facilmente a responsabilidade do Governo Regional.
Sendo obviamente transitórios os acordos de permanência americana, ou outra, nas Lajes, pergunta-se o que é que o Governo Regional, tão cioso da sua autonomia, fez para que a população da Terceira não estivesse tão dependente de factores incontroláveis, como a vontade americana? Sim, o que fez, quando é o próprio Governo Regional a dizer que mais de metade do emprego na Terceira se deve à Base americana?   
Um fracasso completo da política regional. Eles são mesmo bons é em decisões de grande risco e coragem, como a de recusar o navio Atlântida, cuja velocidade de cruzeiro pecava por dois nós na ligação entre as ilhas. Dois pequenos nós, mas um novelo de enormes prejuízos para o Estado português e uma redonda meada a puxar pela falência dos Estaleiros Navais de Viana.
E agora querem a China nos Açores! 

12 comentários:

  1. Patética a atitude do presidente do governo regional, primeiro porque não revela a mínima consciência de que as questões diplomáticas são para discutir com diplomacia. Agitar a ideia de que "vendemos isto aos chineses" é de uma indigência mental que mete dó. Depois é como diz, é bem, no post. Sabia-se que quando os Açores deixassem de ter interesse estratégico que a base americana seria desativada. Competiria ao governo regional desenvolver as políticas que atenuassem os efeitos sócio econômicos que serão seguramente graves. Esconde-se a incompetência com a alegada culpa dos outros. Um clássico.

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  2. Na minha completa e perfeita ignorância, creio que o governo regional não possui qualquer competência para alterar com os americanos, o caráter de transitoriedade dos acordos estabelecidos com o governo central para uso da ilha com fins de apoio militares.
    Mas agora estou curioso. O caro Dr. Pinho Cardão classifica de completo fracasso a inação do governo regional nesta questão e eu tento-me a perguntar-lhe que faria o Senhor de diferente ? Quais seriam as sua iniciativas? O que decidiria fazer, para garantir aos terceirenses o emprego que agora os americanos lhes vão retirar? Isto, partindo do princípio que nem o Ministro dos Negócios Estrangeiros teve competência para negociar estes acordos com os americanos... E que o arquipélago não dispõe de recursos a nível de oferta de empregos, ou de aplicação de projectos que os criem...

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  3. Aí, caro Bartolomeu, veja lá como o governo socialista dos Açores não foi capaz de apostar no crescimento e suscitar alternativas à redução da actividade da Base!...
    Então não foram capazes de aplicar políticas keynesianas na Terceira, nem conseguiram estimular investimento privado na Ilha?
    Fiaram-se na virgem, isto ë, nos americanos, e ficaram a ver navios, que os aviões vão -se indo aos poucos?
    Gente que tem sempre o desemprego na boca, mas sempre longe do coração?
    Valha-nos Deus, que há sempre um inimigo externo...seja ele o governo da República ou o dos EUA!...

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  4. Eles funcionam como o PC, está mal, não gostam, mas querem muito que eles lá estejam.
    Há anos que os EUA têm vindo a anunciar a redução, qual era a duvida? Mas primeiro estão os seus interesses estratégicos ou o dos açorianos? Santa ingenuidade desta tugalidade.
    Sr Bartolemeu deve estar a brincar não? Então a função de um governante é governar com o que lhe é dado apenas ou é mediante isso projectar e planear para se precaver deste tipo de situações?
    É para isso que está lá, além de que a Embaixada do EUA já informou que estava em conversações para ajudar na resolução deste problema.
    Demagogia e governar para os media, em vez de in loco, na prática tratar e resolver dos problemas. Nah, isso dá muito trabalho.
    O

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  5. Este é o preço a pagar pelos grandes projetos, sobretudo de origem externa. Quando cessam é uma grande tragédia. No continente está a trilhar-se esse caminho; quando "acordarem" é tarde.

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  6. Caro Dr. Pinho Cardão, perdoe-me a insistência mas, o Senhor não respondeu à questão direta que lhe coloquei; Se o meu estimado Amigo fosse por ventura chefe do Governo Regional dos Açores, que medidas, que iniciativas prévias teria tomado para garantir emprego aos açoreanos que mais cedo ou mais tarde seriam "despedidos" das Lajes?
    E já agora acrescento; insularidade e dependencia de um governo central (de cor partidária diferente) são dois "espartilhos" que cingem qualquer governo, de qualquer cor. A acrescentar temos de ter em conta a geografia e a morfologia das ilhas que lhes permite somente alguma agricultura de subsistência, o chá (reduzido a duas unidades) o tabaco quse extinto e o ananáz, a produção de leite e seus derivados de excelente qualidade, assinale-se e de pesca (assinale-se também que dois dos grandes rendimentos nesta área, a baleia e o atum, extinguiram-se). Sem ser isto, só estou a ver a venda do vulcão da ilha do Pico aos chineses...

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  7. Meu caro T, a condição de ser governo não equivale à de mágico.
    Aconselho-o se tiver oportunidade, a visitar os Açores. O arquipélago é composto por nove ilhas, o que à partida até nos pode (quem não conhecer) deixar pensar que existe para ali espaço que dá para tudo e mais alguma coisa. Mas não. Estas 9 ilhas estão localizadas quase a meio do oceano Atlântico e algumas delas nem sequer têm acesso nem através de carreiras marítimas nem aéreas. Para além do isolamento, a morfologia e a orografia; trata-se de solo de origem vulcânica e montanhoso onde só nos vales e junto às orlas é possível praticar alguma agricultura. Até o turismo, apesar de ser uma importante fonte de receita, está condicionado por estes aspetos.
    Por isto que lhe referi, ´não é possível nem desejável pensar numa solução de implementação de indústrias. Portanto, caro T, a solução não é assim tão fácil como à partida possa parecer.
    Já agora mais um conselho, se me permite, na impossibilidade de se deslocar aos Açores, adquira e leia o livro de Vitorino Nemésio "Mau Tempo no Canal" que já lhe permitirá construir uma opinião mais aprimorada.... apesar do tempo que passou desde... esse tempo, os Açores não mudaram muito, exceto no turismo.

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  8. Nessa sua extensa lista inicial não faltará aí o turismo?

    Porque resistiu o governo regional à abertura de rotas às low cost, quando estas podem potenciar o turismo?

    Porque não tentou, em vez disso, convencer low cost e outras a abrir ligações directas para a Europa?

    A Madeira tem vôos (low cost) directos para Londres, Paris, Amesterdão, Frankfurt, etc. Isso não ajuda a economia?

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  9. Pouco percebo destas coisas mas, segundo depreendo do que diz Bartolomeu e não havendo nos Açores outras alternativas económicas, têm que ser os Americanos a "sustentar" os Açores. Pelo menos a Terceira. Haja Deus.

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  10. Não, não é isso que deve depreender daquilo que escrevi, caro SLGS. Não têm de ser os americanos a sustentar os açoreanos. É obvio que as ilhas possuem recursos que permitem a subsistência. Citei Vitorino Nemésio e o livro "Mau Tempo no Canal" porque se encontra aí espelhada a economia açoreana de ha 6 décadas, precisamente para que se pudesse estabelecer um paralelo com a atualidade. Como disse e é do conhecimento geral, os Açores encontram-se a meio do Atlântico e isso faz com que as ilhas possuam condições diferentes da Madeira, por exemplo.
    Agora que para a economia açoreana é de capital importância os postos de trabalho que os americanos garantiam a uma população tão pobre e tão carente de recursos, é. Assim como para o governo regional é importante a parcela que lhe cabe do valor pago pelos americanos, com o fim de utilizarem as Lajes, tambem é.
    A questão que se coloca é de descobrir a forma de rentabilizar melhor os recursos naturais das ilhas, assim como os recursos humanos. Do meu ponto de vista, não ha muito mais que possa se feito, a menos que alguma coisa altamente poluente, fosse permitida instalar no arquipélago.
    Relativamente aos Açores, estamos do meu ponto de vista, perante um impasse que é ditado por diversos factores de ordem natural e impossível de alterar.

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  11. Caro Bartolomeu, percebo e subscrevo o que diz neste seu último comentário em resposta, ou à guisa de resposta, ao meu.
    Mas meu caro, não acha que os Governantes Regionais, por eles e pressionando o Governo Central, deveriam ter cuidado em tempo da situação?. O que está agora a acontecer era expectável há muito tempo.
    Falo-lhe assim porque estou a recordar e a rever o que aconteceu em Beja, com a saída dos Alemães da Base Aérea. Se aqui teve muito impacto na economia local,sem o problema da insularidade, como não será na Terceira.

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  12. Caro SLGS, a expectativa de que a América viria a perder o interesse em manter o acordo com Portugal (não com o Governo Regional dos Açores) de utilisação da base das Lajes, existe desde o fim da "Guerra Fria". Portanto, e dado que nunca foi estabelecida uma data para que, total ou parcialmente a América saísse das Lajes, tanto esta dispensa de funcionários podia dar-se este século, como nunca. Neste contexto, nem o governo central, nem o regional, tomaram qualquer iniciativa com vista a reempregar os desempregados. Agora, se mudarmos um pouco a direção da questão levantada e perguntarmos se o governo regional esgotou todas as hipoteses e empregou todos os esforços para atrair mais investimento e estimular empresários, criando condições atrativas para gerar e desenvolver no arquipélago novos projetos, novas dinâmicas, novos métodos de exploração e aproveitamento de todos os recursos naturais e humanos das ilhas, talvez concluamos que existe sempre algo que possa ser feito para promover e valorizar recursos dos quais ainda muito se poderá extrair. Assim haja vontade, determinação e espírito aberto e inovador. E não haja intreposições politicas derrotistas e rivalidades bacocas.

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