- Foi ontem e é hoje notícia de (merecido) destaque a emissão JUMBO de dívida pública portuguesa, num montante de € 5,5 mil milhões, com a particularidade de € 2 mil milhões terem sido emitidos ao prazo de 30 anos…
- As condições destas emissões reflectem a continuação de um ambiente muito favorável no mercado de dívida, que nem a “ameaça” (certo que cada vez mais suave, ao que se vai sabendo) do SYRIZA consegue perturbar:
- Ao prazo de 10 anos, foram colocados € 3,5 mil milhões,
com taxa de juro média da colocação de 2,92%;
- Ao prazo de 30 anos, foram colocados € 2 mil milhões,
taxa média de colocação de 4,131%;
- Procura global para as duas linhas: € 14 mil milhões,
segundo as notícias, com peso elevado de investidores estrangeiros.
3. Não podendo deixar de enaltecer a
qualidade do trabalho dos responsáveis pela colocação de dívida pública, IGCP
em particular, bem como de reconhecer que, afinal, apesar das milhentas vozes
em contrário, a dita “austeridade” parece não ter sido 100% em vão….
4. …não posso deixar de, neste contexto,
colocar duas breves reflexões/angustias…
5. A primeira, quanto a saber se o País vai ser capaz de preservar o
crédito que conseguiu ganhar/recuperar junto dos mercados financeiros ou se,
pelo contrário, embalado por estas aparentes facilidades e na convicção
infantil de que tudo está assegurado (tal como na altura gloriosa da entrada no
Euro, ainda se lembram?), vai regressar, sobretudo a partir do próximo Outono,
a fazer “vida de rico”, gastando os recursos que não tem…
6. A segunda, para lamentar que
exista uma distância abissal entre as condições de financiamento do Estado/SPA e as que estão disponíveis para o sector privado, Famílias e Empresas
que (com excepçãodas poucas que têm acesso directo ao mercado de capitais) têm
muito que penar para conseguir os recursos financeiros de que carecem.
7. Este contraste é tanto mais
chocante quanto é certo que deve ser atribuído ao enorme esforço das Famílias e
das Empresas uma grande parte do crédito que o Estado recuperou junto dos
mercados – recordemos, em especial, o enorme agravamento da carga fiscal…
8…e também deve ser lembrado que foi graças àquele
enorme esforço que o País conseguiu inverter o gigantesco desequilíbrio externo
de mais de 15 anos (que o afundou em dívidas), transformando-o, em apenas 3 anos,
num superavit apreciável, como aqui temos anotado, inversão que muito
contribuiu para a recuperação da confiança dos mercados.
9. Em conclusão, não há mesmo justiça
neste Mundo!
Meu caro, tivemos hoje notícia que o crédito barato chegou às empresas (PME - abaixo dos 5%). Isto quer dizer que há alguma justiça?
ResponderEliminarHá mais de uma semana, texto ao DN s/a Defesa/FA. Juntei extracto doutor Tavares Moreira há duas semanas s/actividade económica outubro conforme BdP.
ResponderEliminar"Política 2015: ano claro ano negro"
...No plano da economia e finanças, base e suporte de todas las cosas, a situação do país em Outubro, revela-nos:...
citados por Tavares Moreira no blog 4ª República, 27Dez...
Presumo sem interesse jornalístico,
para esquecer.
Cumpts
O raio dos números do desemprego é que não ha meio de começarem a baixar. Estou a começar a achar que os desempregados se reproduzem como os ratos...
ResponderEliminarPor acaso os números do desemprego até baixam, mas economia, caro Bartolomeu, não é a pantominice que o Boaventura vende, é outra coisa com os seus próprios mecanismos aos quais os estados têm muito pouco para o qual contribuir tirando com coisas básicas como segurança, educação e saúde. Havia uma maneira, mas isso significava deixar cair o estado como qualquer entidade falida que é....
ResponderEliminarPois é caro Cruz, fica-se então com a sensação (eu, pelo menos, fico) que a garantia dada aos compradores destes milhões em dívida pública, de que não vão ficar a "arder" com o dinheiro, é a capacidade demonstrada por este governo, em agravar impostos e sobretudo em cobra-los. O enorme esforço EXIGIDO às famílias e às empresas portuguesas, que o nosso Amigo Dr. Tavares Moreira refere, é a consequência de uma política canibalista que nada tem a ver com uma mobilização nacionalista. Os consecutivos vetos do TC, atestam-no.
ResponderEliminarCaro Luís Moreira,
ResponderEliminarTem razão, foi também notícia esta semana que as condições de financiamento das empresas (PME's incluídas) terão melhorado entretanto.
Dois apontamentos de reserva:
1º) Essa notícia dava conta dos spreads, falta saber o que se passa com outros encargos (comissões variadas), debitados pelos bancos financiadores, que contribuem para a TAEG e que se tornaram muito populares, nos últimos anos;
2º) Mesmo considerando um nível de 5% para taxa base+ spread, a diferença para as condições de financiamento do Tesouro são abissais - basta recordar que o Tesouro, para financiamentos a 6 meses (BT's) paga pouco mais de 0,5%...
Caro Bmonteiro,
Algo transcendente, esse comentário, de qualquer modo seja bem-vindo!
Caro Bartolomeu,
Excelente lembrança, certamente, é pois necessário que o Estado comece a largar os cordões à bolsa para fazer baixar, de uma forma sociologicamente correcta, a taxa de desemprego.
Mas é necessário assegurar que esse factor não seja invocado como justificação para novo agravamento dos impostos...nem que daí resulte qualquer aumento da dívida pública...nem aumento do défice...nem perturbação das contas com o exterior...
Caro Dr. Tavares Moreira, estimado Amigo; a situação económica e financeira a que o nosso país chegou e ainda se encontra não sabemos por quantas décadas mais, sabe V. Exªa muitíssimo melhor que eu, não fica e dever-se a essa apregoada subtileza demagógica "as pessoas andaram a viver muitos anos a cima das suas reais possibilidades".
ResponderEliminarNão foram as pessoas, foram os que nos governaram - começando, sabe (novamente) V. Exª muitíssimo melhor que eu, quando e quem - que hipotecaram o país recebendo empréstimos comunitários com o fim de desenvolver os diversos sectores da produção e... nícles batatoides, foi tudo parar aos jipes aos iates, às herdades no Alentejo, etc. Todos esses créditos mal parados que deram origem à ruína de bancos que hoje tods estamos a pagar, não são da responsabilidade das famílias que, como refere, estão ha anos a ver o seu rendimento familiar a encolher e a ter de provir através do pagamento de impostos à receita de que o Governo necessita para poder garantir o reembolso àqueles que subscrevem dívida pública. Dívida pública, caro Dr. Tavares Moreira, dívida pública e não, dívida privada, porque essa, continua a ser da responsabilidade de quem a contraíu e não nem nunca, do Estado. Portanto, caro Dr. Tavares Moreira, não faz qualquer sentido, acenar com o papão do aumento do déficit àqueles que estão na situação de desemprego por má gestão dos sucessivos governos, desemprego esse que também não se espera venha a ser resolvido através de uma medida sociológicamente correta. Talvez um reequilíbrio da economia, talvez uma tomada de consciência europeia, ou ainda a eminência de uma derrocada global façam os especuladores e os governos que os sustentam compreender que a solução para uma crise como esta, esteja no equilíbrio social e naquilo que por exemplo o Papa Francisco tem vindo insistentemente a pedir aos governos...
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarO nosso País não chegou a nenhuma situação económica e financeira especial....chegou tão somente a uma situação de asfixia financeira, em Maio de 2011 concretamente, que nada de especial tinha, como bem explicou o principal responsável da altura.
Há muito exagero nessa história como o meu ilustre Amigo certamente admitirá.
Também não me parece que se deva dizer que as pessoas andaram anos a viver acima das suas possibilidades...se consumiram, em bens correntes e duradouros, muito para além do seu rendimento disponível, tal se ficou a dever a ter-lhes sido criada, pelos agentes políticos em especial a expectativa de que desse tipo de comportamento não viria nenhum mal ao Mundo, bem pelo contrário, que isso iria contribuir para animar a actividade económica, com o que todos ficariam a ganhar...
Ao mesmo tempo que os grandes mentores económicos do Povo aconselhavam os cidadãos a não se preocupar com o endividamento, uma vez que numa zona monetária o nível de endividamento deixaria de constituir uma restrição ao comportamento dos agentes económicos.
É bom que estes conceitos básicos sejam lembrados, de quando em vez, a bem da Nação.
Pois é, caro Amigo. É muito bom que sejam lembrados, mais não seja para que não voltemos a cair no canto da sereia que depois teremos de pagar com o corpo e com a alma.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarOra aí temos uma excelente conclusão para este breve debate...o meu ilustre Amigo, não obstante a sua proclamada preocupação social - na esteira do grande Dante Alighieri, que não se cansava de sublinhar que "a dor alheia é a minha dor" - recusa embarcar em cantos de sereia.
E faz muito bem, em minha opinião. Mas receio avultadamente que os cantos de sereia venham a atingir, nos próximos tempos, uma intensidade tal que mesmo pessoas cautas como o Senhor acabem por ser seduzidas e venham a acreditar, mais uma vez, nos méritos de nova aventura despesista.
Por isso me permito sugerir, para mitigar os riscos de tão infausto cenário, a aplicação, desde já, daqueles dispositivos auriculares que se usam no desporto automóvel para proteger os ouvidos do ruído infernal dos motores em alta rotação...
Caro Amigo, Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarPara que não venhamos mais tarde a lamentar o termo-nos deixado seduzir por "cantos de sereias", precisamos de estabelecer antecipada e determinadamente meia-duzia de regras que deverão servir-nos de guia. Para que possamos definir com rigor essas regras, é fundamental que tracemos previamente e com lucidez o perfil das sereias que nos rodeiam. Se assim procedermos, cheagaremos imperativamente à conclusão que existem traços comuns que definem as sereias em cena; a saber:
1. Todas as sereias cantam maravilhosamente.
2. Todas as sereias desprezam os meios que as podem conduzir à conquista do objectivo final.
3. Todas as sereias tentam encantar e capturar os encantados.
4. Após a sedução, todas as sereias arrastam as suas presas para os abismos mais fundos de onde, em vida, nunca sairão.
5. Cada sereia considera-se mais bela e sedutora que a outra.
6. Após retirar da presa o primeiro proveito desejado, todas as sereias a mantêm subjugada, alimentando-se do seu sangue até à última gota.
Caro Amigo, à semelhança do que ordenou Ulisses aos seus marinheiros, como forma de não escutarem os encantatórios cantos das sereias e porque, tanto a cera de abelha, como os auriculares possam falhar, proponho que mantenhamos os ouvidos bem abertos, os sentidos bem alerta e que treinemos o gesto tão genuínamente lusitano, conhecido por "manguito" imortalizado e criado em 1875 pelo escultor Rafael Bordalo Pinheiro, na bonacheirona figura do "Zé Povinho".
Entretanto, oiçamos a voz do poeta referindo-se às míticas Tágides;
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarConfesso-me emocionado, depois de ler este seu inspirado comentário, que encerra uma grande dose de verdade!
Sugiro-lhe, como passo subsequente, a elaboração de um Tratado sobre o Canto das Sereias, denunciando toda a perversidade que esse canto transporta e que tantas vezes tem levado à perdição dos Povos.
O exercício do direito de voto em próximas eleições deveria ficar condicionado à prova, pelos eleitores, da leitura desse Tratado.
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarPercebo que se eventualmente me dispuzesse abraçar o desafio que me lança, poderia contar com o seu apoio e aconselhamento. Mas sabe o meu excelso Amigo que no nosso país, encontra-se enraizada na população, a cultura da surdez e da cegueira relativamente ao que é lógico e óbvio.
Em consequência dessa cultura, qualquer "manifesto anti-canto-ilusório" seria um nado-morto, cuja causa da morte seria a ignorância e a inação compulsivas.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarNão era um inspirado poeta que dizia: "É preciso avisar toda a gente; é preciso, necessário e urgente!".
Na esteira desse tão glosado alerta dos anos 60, parece-me que o meu Amigo poderá estar desvalorizando uma importante e inalienável função social...
Acho que valerá a pena correr todos os riscos, para cumprir essa nobre missão de "avisar toda a gente", nesta crucial conjuntura que vivemos...amanhã poderá ser muito tarde!
Venha, pois, esse Tratado sobre o Canto das Sereias! É o Povo que o reclama!
Estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarEsse "Tratado", a ser concebido, deveria forçosamente iniciar-se com a análise semântica de certas frases que nos são oferecidas pelos nossos simpáticos e esforçados governantes, de forma idêntica à distribuição de pão aos pobres, pela Raínha Santa Isabel, o qual, prodigiosamente se transformava em rosas sempre que a ocasião e a prudência a isso aconselhavam. Assim e na linha da análise da semântica, para dar um exemplo, poderíamos começar pelos dois primeiros pontos do texto que V. Exª publica:«...emissão JUMBO de dívida pública portuguesa...» «As condições destas emissões reflectem a continuação de um ambiente muito favorável no mercado de dívida...» «Não podendo deixar de enaltecer a qualidade do trabalho dos responsáveis pela colocação de dívida pública, IGCP em particular, bem como de reconhecer que, afinal, apesar das milhentas vozes em contrário, a dita “austeridade” parece não ter sido 100% em vão…».
Ora bem, destes 3 excertos que transcrevi, em termos semânticos, podemos presumir o seguinte: O governo portugues precisa de dinheiro e, qual carochinha, colocou-se à janela a cantarolar; quem quer emprestar dinheiro à carochinha que era triste e pobrezinha mas que agora, depois de ter provado ter poder para esfolar as famílias portuguesas se tornou riquinha? E logo apareceram um monte de candidatos num infernal gritaria; quero eu, quero eu, quero eu.
Ora bem, como a carochinha não estava a vender sacos de batatas, mas sim e na realidade, a pedir dinheiro emprestado com a promessa do pagamento de juros e porque já o tinha feito anteriormente sem ainda o ter pago, depreende-se que acumulou dívida e que esta nova dívida contraída garante somente 50% das necessidades de endividamento para o ano corrente. Como somos cidadãos atentos e preocupados, assalta.nos de imediato uma dúvida JUMBO: então e ou outros 50%? Ou... será que este governo pensa demitir-se am Junho?
Bom, colocando a análise semântica ao meu nível, que é o rural, poderia fazer o seguinte raciocínio: o governo possui 20 burros e aluga esses burros ao empresários para transporte das mercadorias que exportam. Mas depois de uma reunião com os ditos empresários, o governo concluiu que se em lugar de 20 burros, possuir 40, os empresários poderão produzir e exportar mais criando assim mais riqueza para o país, então, o governo decidiu endividar-se para comprar os burros que precisa, obter mais receita e com ela equilibrar a contabilidade pública e amortizar os anteriores empréstimos. Mas, é claro que a semântica nem sempre é aquilo que as palavras enunciam... a maior das vezes, é aquilo que uns querem que elas signifiquem... a bem, ou a mal.