Encontrei na imprensa matutina “on-line” de hoje
uma notícia que muito me surpreendeu, referente à Grécia. Passo a citar.
“A capital da Grécia foi esta 5ª Feira à noite
palco da primeira manifestação contra o novo Governo de esquerda liderado
pelo Syriza; o protesto acabou em violência.
Dezenas de manifestantes lançaram pedras e bombas
incendiárias contra a polícia, lançando o caos nas ruas de Atenas.
Vários carros foram incendiados e dezenas de
montras de lojas foram destruídas na parte final do protesto.
São os primeiros confrontos graves desde a tomada
de posse do novo Governo de esquerda, que prometeu acabar com a austeridade
na Grécia e renegociar as condições de pagamento da dívida” – fim de citação.
Ao ler esta notícia ocorreu-me o seguinte: se a
execução das medidas apresentadas pelo Governo da Grécia ainda nem começou
e isto já vai assim, como será quando as medidas forem efectivamente
implementadas? Ou será que as medidas não vão conhecer a luz do dia?
Só uma nota: 65% do eleitorado - salvo erro - não votou Syriza...
ResponderEliminarSe são apenas dezenas de manifestantes, não é de preocupar. Devem ser as dezenas de "muito ricos" que se vêm agora ameaçados com as novas medidas...
ResponderEliminarQuais medidas? Explique s.f.f.
ResponderEliminar1.Em Portugal morre-se abandonado nas urgências e mesmo assim o governo continua a implementar cortes brutais na despesa decididos no OE2015 para o sector. O acordo grego não contempla cortes em sectores como a saúde ou a educação.
ResponderEliminar2.Em Portugal as medidas não eram negociadas com o Eurogrupo ou com os líderes das instituições, eram ditadas pelos funcionários que cá vinham ou que por cá se estabeleceram no Hotel Ritz e que depois davam conhecimento das mesmas às instituições.
3.Em Portugal nunca ocorreu a mais pequena divergência entre as três instituições da Troika, no acordo com a Grécia é evidente que ocorreu uma discussão política e que nem o FMI, nem o BCE impuseram as suas soluções.
4.Em Portugal os sacrifícios e miséria foram alvo de elogio dos governantes, Passos exibia mensagens miseráveis no Facebook, Gaspar gozava dizendo que o povo português era o melhor do mundo e Durão barroso exibia o sacrifício do seu próprio povo para engrandecimento internacional da sua figura. A Grécia levou o actual presidente da Comissão Europeia a admitir que os povos da Grécia, de Portugal e da Irlanda foram ofendidos.
5.O governo Português continua a promover o seu projecto de redução do número de funcionários públicos, estando a organizar um despedimento colectivo na Segurança Social. Para a Grécia o Eurogrupo não impôs despedimentos ou cortes salariais que de forma simulada continuam a ocorrer em Portugal.
Estes exemplos bastam para distinguir entre dignidade e subserviência, entre respeito pelo povo e o prazer de o sacrificar, entre defender os interesses de um país ou colocar um país ao serviço de experiências de professores duvidosos de Harvard. É uma pena que gente tão arrogante não perceba que um país pode perder tudo menos a dignidade,
Todos os cobardes que não foram capazes de dizer não a nada da troika, todos os canalhas que puseram o seu povo ao serviços de experiências, todos os políticos corruptos que protegeram o seu conforto convencendo o seu povo a aceitar o sacrifício querem agora que os gregos aceitem as mesmas regras e obedeçam ao mesmo tipo de políticos. (Blog oJumento)
Caro Ferreira de Almeida,
ResponderEliminarÉ verdade o que diz, certamente, mas, como terá reparado, essa mesma verdade parece ter sido esquecida por uma grande parte dos "media", para os quais as decisões do actual governo promanariam de uma maioria esmagadora dos gregos...
Esquecem os nossos media que o programa deste mesmo governo, quando presente ao Parlamento, foi rejeitado em bloco pela oposição Partido Comunista incluído...
Caro Fénix,
Foram dezenas os envolvidos nos relatados desacatos mas, segundo a mesma notícia, terão sido algumas centenas os manifestantes.
Creio que esta Manif terá sido convocada pelo PC grego que, como se sabe (não sabem quase todos os "media" em Portugal, certamente) gosta tanto do Syriza como Maomé gostava do toucinho...
Quanto aos ricos ou ricaços, julgo que não grande necessidade de se manifestar, pois, segundo consta, já não terão bens penhoráveis em seu nome nem saldos nas suas contas de depósito bancárias em bancos gregos...
Cara Fénix:
ResponderEliminarTambém para a minha amiga o critério que preside às manifestações depende do gosto pessoal: se são dos nossos, são boas e recomendáveis; se são dos adversários, são más e reaccionárias, dos ricos e dos agentes do capitalismo internacional. Mesmo que convocadas por partidos comunistas. Naturalmente ao serviço dos grandes especuladores financeiros.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarComo afirma Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."
Como o Grande Dinheiro se apercebeu de que a situação na Grécia era explosiva, tal como está a acontecer em muitos outros países, o Grande Dinheiro decidiu apoiar financeira e mediaticamente um partido de extrema radical, leninista, trotskista, estalinista, maoista, kim-jong-ilista e jihadista - o celebrado Syriza - para ver se acalmava a rapaziada.
Mas logo a seguir às eleições toda a gente percebeu que o Syriza era a cara chapada do Pasok (o PS lá do sítio). E, evidentemente, os ânimos voltaram a exaltarem-se.
Porque Fernando Madrinha tinha toda a razão quando escreveu no Jornal Expresso de 1/9/2007:
[...] "Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais." [...]
Caros Comentadores,
ResponderEliminarÉ bem perceptível que esta situação está causando especial incómodo a muito boa (excelente, mesmo) gente, que vê um belo e esperançoso projecto entrar em colapso...e forçar o abandono, em sinal de derrota, das bandeiras da inadimplência que galvanizavam os seus promotores.
Mas que fazer perante a força da realidade? Pela nossa parte pouco mais do que lamentar...
Alexis Tsipras - “O acordo de ontem com o Eurogrupo (...) cancela os compromissos dos governos anteriores para cortes nos salários e nas pensões, para despedimentos no sector público, para subidas do IVA na alimentação, na saúde”.
ResponderEliminar“Com o decisivo apoio do povo grego, conservámos a dignidade da Grécia, no dia que foi talvez o mais importante desde que está na União Europeia”.
“Herdámos um país à beira do abismo, com os cofres vazios e frustrámos o plano de forças conservadoras cegas, tanto no interior como no exterior do país, que queriam asfixiar-nos.”
O acordo cria o quadro institucional para as tão necessárias reformas progressistas no que respeita à luta contra a corrupção e a fuga ao fisco, bem como reformar os Estado e a administração pública, e evidentemente ultrapassar a crise humanitária, o que consideramos ser a nossa principal responsabilidade.
Ontem demos um passo decisivo, deixando para trás a austeridade, o Memorando e a Troika.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCurioso !!!
ResponderEliminarNão posso deixar de notar, com alguma surpresa, o post que hoje releva a violência e a manif na Grécia...
É que ponho-me a pesquisar os arquivos ...e após alguns anos de Toika, na Grécia...e de recorrentes episódios de manifs publicas e violência...
não me lembro de os mesmos factos terem tido a mesma leitura ?!??!?
Será que foi só por o Governo ser outro?
Isto é....com um governo a apoiar a Troika, e subserviente, a violência e manifs eram irrelevantes. ou menorizados por serem de extremistas mandriões
já hoje, agora que o Governo é anti-Troika, e tenta não ser subserviente (se conseguirá ou não , é outra conversa)...já as manifs são relevantes e os manifestantes pessoas de bem!
Curioso...no mínimo...
Este post é das coisas mais demagógicas que já li.
ResponderEliminarE contraditório nos seus próprios termos.
Se o Syriza é firme, é porque é radical, de extrema-esquerda, irresponsável.
se cede, é porque é ignorante e eleitoralista: não sabia que não podia prometer o que as regras da UE não permitem.
Se não é contestado, a Grécia vai para o abismo com aquelas propostas.
Se é contestado pelos anarquistas e esquerda da esquerda, ´parece que a coisa até é boa.
Afinal, a esquerda da esquerda é que tem razão.
Quanto a % de representatividade, com que percentagem do eleitorado foi eleito o actual governo português?
Os gregos são uns loucos.
ResponderEliminarNem sobreviveriam sem loucura total!
Caro Septuagenário,
ResponderEliminarAquilo que diz, com essa total simplicidade, parece ser corroborado por mais uma extraordinária intervenção do azougado Ministro das Finanças helénico, Varoufakis de seu nome.
Pois este destemido especialista terá hoje declarado que tenciona pagar pontualmente as dívidas da Grécia ao FMI (como, é um mistério); mas, no tocante à dívida detida pelo BCE, já a opção parece ser a inadimplência, pretendendo "forçar" o BCE a aceitar uma reestruturação dessa mesma dívida.
Para quem está apenas a um apeadeiro da bancarrota, dependendo inteiramente do BCE (bancos gregos, sobretudo), a todo o tempo, para para conseguir sobreviver nas próximas semanas, esta declaração reveste-se de uma subtileza que o "comum dos mortais" obviamente não logra alcançar...
Caro Septuagenário,
ResponderEliminarAquilo que diz, com essa total simplicidade, parece ser corroborado por mais uma extraordinária intervenção do azougado Ministro das Finanças helénico, Varoufakis de seu nome.
Pois este destemido especialista terá hoje declarado que tenciona pagar pontualmente as dívidas da Grécia ao FMI (como, é um mistério); mas, no tocante à dívida detida pelo BCE, já a opção parece ser a inadimplência, pretendendo "forçar" o BCE a aceitar uma reestruturação dessa mesma dívida.
Para quem está apenas a um apeadeiro da bancarrota, dependendo inteiramente do BCE (bancos gregos, sobretudo), a todo o tempo, para para conseguir sobreviver nas próximas semanas, esta declaração reveste-se de uma subtileza que o "comum dos mortais" obviamente não logra alcançar...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNada melhor que o fogo expressivo do Dragão, na noite de ontem, para me fazer regressar à actividade de comentador do afamado 4R!
Em primeiro lugar importa salientar a ligeira com que esse assunto foi tratado nos jornais, ao contrário das botas do recluso 44, ou do pequeno-almoço e uma qualquer equipa dos três grandes em "matchday".
Ainda na mesma linha de pensamento, notar que foi dado mais relevo à questão se Portugal esteve contra ou a favor da Grécia na reunião do Eurogrupo. Eu, pessoalmente, após postura tão reles do ponto de vista institucional (o que não é de admirar vindo de Tsipras), bem ao nível de uma Joana Amaral Dias (que vem expôr na praça pública convites pessoais), faria questão de enviar uma caixa de farinha Maizena, como bem lembrou, em tempos, Manuel Pinho.
Em segundo lugar, percebo a questão do Governo Grego, e, confesso nutrir alguma simpatia pelo Sr. Varoufakis. Também gosto de motas e de casacos bem ao estilo "Darth Vader" e concordo que a dívida da Grécia é impagável. Agora, o que a Grécia não pode fazer é pedir primeiro melhores condições e depois dizer que implementará reformas. A lógica tem de ser totalmente inversa. Primeiro fazem as mudanças e alteram as políticas e, posteriormente, deverão ser-lhes concedidos benefícios.
Mas bom, vamos esperar que a porta-voz do Syriza, Catarina Martins venha esclarecer a situação...
Caro André,
ResponderEliminarBem-vindo ao 4R, embora invocando uma razão terrível, essa tragédia da noite de ontem no Dragão!
Quanto ao tema sub judice, tudo indica que a temperatura vai subir bastante, em Atenas e no exterior, ao longo dos próximos dias, com a multiplicação de desculpas por parte dos ilustres líderes atenienses para que o Programa "extended" não saia do papel...
Entretanto e muito curiosamente recebi notícias de um cidadão estrangeiro que reside temporariamente em Atenas, com um relato aflitivo da situação que por lá se vive e que, ao contrário das ideias divulgadas pelos imensos fãs que por cá pululam, se caracteriza por ser tão confusa e mal dirigida que já quase ninguém é capaz de acreditar no futuro.
Felizmente, e como bem refere, temos a distintíssima Tudóloga Catarina Martins que nos vai elucidando, de forma perfeitamente objectiva e exaustiva, sobre o desenrolar dos acontecimentos.