Nos
templos tibetanos, e funcionando em movimento contínuo, os moinhos de oração
substituem ou completam as preces dos fiéis. Como as orações impressas na roda
moageira têm a mesma capacidade de chegar aos céus que as preces individuais,
realiza-se o ritual e folgam os penitentes. Lembro-me
destes equipamentos de cada vez que ouço uma sessão parlamentar, nomeadamente a
habitual jornada periódica de perguntas ao 1º Ministro. Palavra por palavra,
repetem-se as perguntas já mil vezes feitas, e dão-se as respostas já mil vezes
repetidas, num ritual cíclico e infindável. Tudo se passa de modo tão igual e
previsível, que um cidadão minimamente atento seria capaz de relatar uma sessão
de perguntas e respostas ao 1º Ministro, qualquer que fosse o governo, na
véspera da sessão se realizar.
Sendo
as coisas como se apresentam, não se perderia nada, e traria até óbvias
vantagens, substituir os deputados por um moinho tibetano, trocando na roda as
preces pelas orações dos deputados. Os deputados deixariam de se cansar com as
mesmas perguntas e os Primeiros- Ministros poderiam trabalhar no que mais
interessa ao país, ficando, acima de tudo, o ritual salvaguardado. E assim como
no Tibete as versões dos moinhos variam dos grandes maquinismos dos mosteiros às
pequenas maquinetas de mão, entre nós o problema ficaria resolvido com um moinho
de grandeza adequada à dimensão oratória dos nossos deputados. E estou certo de
que S. Bento receberia muito bem tal equipamento, lembrado do convento que em
tempos já foi...
Se estiver interessado, pode continuar a ler o artigo de opinião que publiquei no jornal i, no âmbito da série Por uma Democracia de Qualidade
Moinho por moinho, caro Pinho Cardão, devo confessar que prefiro, a boa distância, o Moinho Ibérico, ali para os lados da praia do Magoito...
ResponderEliminarSe os nossos amigos correspondentes Pires da Cruz e Bartolomeu também conhecessem esse preciso Moinho, estou certo que ficavam clientes fiéis...