quarta-feira, 13 de maio de 2015

Representantes do povo ou moinhos de orações?

Nos templos tibetanos, e funcionando em movimento contínuo, os moinhos de oração substituem ou completam as preces dos fiéis. Como as orações impressas na roda moageira têm a mesma capacidade de chegar aos céus que as preces individuais, realiza-se o ritual e folgam os penitentes. Lembro-me destes equipamentos de cada vez que ouço uma sessão parlamentar, nomeadamente a habitual jornada periódica de perguntas ao 1º Ministro. Palavra por palavra, repetem-se as perguntas já mil vezes feitas, e dão-se as respostas já mil vezes repetidas, num ritual cíclico e infindável. Tudo se passa de modo tão igual e previsível, que um cidadão minimamente atento seria capaz de relatar uma sessão de perguntas e respostas ao 1º Ministro, qualquer que fosse o governo, na véspera da sessão se realizar.
Sendo as coisas como se apresentam, não se perderia nada, e traria até óbvias vantagens, substituir os deputados por um moinho tibetano, trocando na roda as preces pelas orações dos deputados. Os deputados deixariam de se cansar com as mesmas perguntas e os Primeiros- Ministros poderiam trabalhar no que mais interessa ao país, ficando, acima de tudo, o ritual salvaguardado. E assim como no Tibete as versões dos moinhos variam dos grandes maquinismos dos mosteiros às pequenas maquinetas de mão, entre nós o problema ficaria resolvido com um moinho de grandeza adequada à dimensão oratória dos nossos deputados. E estou certo de que S. Bento receberia muito bem tal equipamento, lembrado do convento que em tempos já foi... 
Se estiver interessado, pode continuar a ler o artigo de opinião que publiquei no jornal i, no âmbito da série Por uma Democracia de Qualidade

1 comentário:

  1. Moinho por moinho, caro Pinho Cardão, devo confessar que prefiro, a boa distância, o Moinho Ibérico, ali para os lados da praia do Magoito...
    Se os nossos amigos correspondentes Pires da Cruz e Bartolomeu também conhecessem esse preciso Moinho, estou certo que ficavam clientes fiéis...

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