É incompreensível o tratamento que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e, agora, as Juntas de Freguesia, têm dado ao arvoredo que embeleza e dá vida a muitas das avenidas de Lisboa.
Por desleixo, incompetência ou insensibilidade, ou tudo junto, a manutenção do arvoredo não tem sido feita. O resultado é que nestes últimos anos têm sido cortadas centenas de árvores e com a agravante de que não são substituídas, deixando atrás de si uma paisagem de destruição.
É um vazio, uma descaracterização violenta da paisagem urbana, uma espécie de orfandade da cidade. São pequenos pulmões que morrem e morre também uma parte da vida da cidade. Que nos atinge a todos.
A manutenção não é feita, finalmente a solução final é o abate. Deixam-se os cotos para memória futura. Porque não é feita a substituição? A resposta bem poderia ser a “crise”. Mas não. Parece, segundo a notícia que a CML, está a preparar um regulamento sobre o arvoredo da cidade.
Custa a acreditar o desleixo a que este assunto foi deixado. Em pleno século XXI, parece não haver um plano de tratamento e manutenção do arvoredo de Lisboa.
É chocante o que se passa a este respeito nas avenidas novas. Conheço bem. A Av. Visconde Valbom, por exemplo, está transformada num cemitério de cotos corroídos, o que restou dos dois renques de árvores aí existentes, um de cada lado da avenida, e outrora pujantes de vida. Árvores condenadas ao abate, devido à doença que pouco a pouco as devorou.
Por quanto mais tempo teremos que conviver com uma paisagem dantesca, salpicada por cotos de árvores, carbonizados uns pelo sol escaldante do verão, apodrecidos outros pelas chuvas invernais. É incompreensível que as coisas cheguem a este estado.
Um reflexo, em parte, do país... no Verão arde, no Inverno inunda e por fim apodrece sem que surja a iniciativa de fazer algo que contrarie esta tendência que últimamente se tornou regra.
ResponderEliminarNo caso das árvores abatidas e da sua substituição que não é feita; porque não serem os cidadãos residentes a tomar a iniciativa de plantar novas espécies, evitando aquelas que em certas alturas do ano libertam pólens que causam alergias e seleccionando de acordo com as preferências de todos. Seria um exemplo de cidadania que faria as câmaras repensar as suas responsabilidades no campo paisagístico urbano e da qualidade de vida dos cidadãos.
Oportuno este apontamento, Margarida. À falta de políticas municipais de preservação do património arbóreo, junta-se, há que o dizer, a ausência de sensibilidade de parte da população. Existem pessoas que gostam das árvores desde que próximas das janelas dos vizinhos, nunca das suas. Sobretudo se lhes tiram as vistas sobre a paisagem ou sobre o quarto da vizinha...
ResponderEliminarNo concelho onde habito algumas árvores foram condenadas por alguns munícipes que incomodados com o crescimento das espécies e com a inação da Câmara a quem solicitaram o abate, trataram de resolver eles o problema à custa de químicos. Assim se provocou a morte prematura de dezenas, centenas de árvores de bom porte, e o desânimo de quem tem a responsabilidade de gerir o património natural nas nossas cidades. Urge uma campanha educativa que, designadamente, contribua para destruir alguns mitos com que se desculpa a destruição a eito de espécies que melhoram a vida de todos.
Uma nota mais. Tenho a impressão que a passagem de competências nestas áreas para as freguesias, tecnicamente impreparadas para lidar com a conservação das especies arbóreas, veio agravar a situação. Mas posso estar a ser injusto...
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarEssa intervenção de cidadania está na idade da pedra. A cultura intrusiva de um Estado que tudo comanda ainda que não tenha recursos para o fazer é por sua vez limitativa da interevnção de cidadania. O Estado diz que faz, cobra impostos e taxas, mas não faz. Isto acontece em muitos domínios. Seria necessário repensar tudo isto.
José Mário
Toca em dois pontos importantes. Por um lado, a questão da educação. Uma componente que deveria integrar os programas curriculares das escolas desde a infância. Futuros autarcas e responsáveis por políticas públicas teriam crescido num ambiente de sensibilização pelos espaços verdes. Por outro lado, a questão de dotar as entidade que têm responsabilidades autárquicas na manutenção e preservação dos espaços verdes de competências e recursos. O que se está a passar leva a concluir que há problemas.
Penso que é fundamental ter um plano para a cidade, com definição de metas e orientações, de modo a evitar o desleixo e a assegurar coerência e harmonia de intervenção e paisagem. De contrário, cada junta de freguesia fará o que lhe apetecer, que pode ser não fazer
nada.