A Grécia é um caso perdido de incumprimento das obrigações que assume perante os credores. Pede financiamentos, mas habitualmente não os paga. Em 183 anos de história, assim aconteceu. Por 6 vezes, a Grécia não reembolsou os credores pelos financiamentos obtidos: em 1826, em 1843, em 1860, em 1894, em 1932 e, mais recentemente, com o hair-cut de largas dezenas de milhares de milhões de euros. Desde que se tornou independente, a Grécia esteve metade do tempo em incumprimento.
E quer manter-se nessa situação, já que pretende um novo hair-cut da dívida remanescente.
Também na área financeira não bastam as luzes tecnocráticas, e o conhecimento da história é essencial na gestão.
Ma a história é disciplina votada ao ostracismo. Pois é, mas o governo grego sabe muito bem o que isso é, desde a antiguidade. E vão-se aproveitando da ignorância, explorando-a até mais não. Tentam fazê-lo mais uma vez.
Nota: o reiterado incumprimento grego é do conhecimento geral, mas foi muito bem lembrado por Miguel Monjardino num excelente artigo na última edição do Expresso.
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ResponderEliminarCaríssimo António,
ResponderEliminarNão serei eu quem perderá tempo a defender a probidade dos gregos, mas quando leio algumas informações relevantes, sobre seja o que for, que me parecem estranhas tenho o hábito, quando tenho tempo, de tentar confirmar.
Ora consultando "This time is different. Eight Centuries of Financial Folly" de Carmen M. Reinhart e Kenneth S. Rogoff, pags. 348 a 392 - Appendix A.4 - Historical Summaries of Banking Crises (1800-2008)
constato que os autores (muito citados após a erupção da crise em 2008)
registam na Grécia dois eventos - um em 1931 - The country defaulted on external debt and left the gold standard in place; 1991-1995 - Localized problems requiered significant injection of public funds.
Só a titulo comparativo:
Na Austria - 4 registos; Bélgica - 9 ; Canadá - 7; Dinamarca - 9; Estónia - 4; Finlândia - 5; França - 13; Alemanha - 4; Hungria - 2;
Irlanda- 2; Israel - 2; Itália - 12; Japão - 8; Letónia - 3; ituânia - 1; Holanda- 5; Noruega - 5; Portugal - 6; Roménia -2; Rússia - 5;
Espanha - 7; Suécia- 7; Suíça - 4; Reino Unido - 13;; Estados Undos - 15
Os mesmos autores referem a pags. 12 da mesma obra que " Greece´s default in 1826 shut it out of international capital markets for fifty-three consecutive years." Isto é, entre 1826 e 1879 a Grécia esteve fora dos mercados financeiros internacionais.
Há, portanto, evidente divergência entre as fontes que consultaste e o que os dois economistas norte-americanos referem no seu livro.
Por outro lado, em termos de incidentes bancários entre 1800 e 2008 os bancos gregos não se terão portado, comparativamente, assim tão mal.
O mesmo tenho andado a comentar desde o início de toda esta história.
ResponderEliminarFinalmente, as doutas opiniões, chegaram à conclusão de que a Grécia-reincidente-no-não-pago, continuará no mesmo cíclo eternamente.
No entanto, ha ainda algo que as doutas cabeças ainda não assumiram: a incompetência da UE em matéria de cortes de cabelo e de restauradores capilares. É! Se por um lado a UE corta o cabelo rente aos gregos, logo a seguir ministra-lhes várias aplicações de um tónico capilar que lhes faz nascer uma monumental cabeleira, sem que os gregos precisem de se preocupar sequer em se pentear. Passado pouco tempo, a UE arrepela-se porque o cabelo dos gregos já cresceu tanto, que não lhes conseguem ver a cara e passam a exigir que se lavem e se penteiem e sobretudo que aparem pelo menos, as pontas. E eles riem-se, por detrás daquela juba de milhares de milhões de cabelos! Cá para mim, espalhou-se pela UE, um sentimento generalizado de masoquismo...
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarO seu post apenas me ocorre formular a seguinte pergunta: porque é que os nossos parceiros no euro ( para apenas mencionar os que nos são mais próximos) e os nossos governos aceitaram a adesão da Grécia ao euro? Falta de informação ou de memória?
Cumprimentos
joão
Caro Rui:
ResponderEliminarPoderá haver algum desajustamento e interpretações quanto ao conceito de "default" de um Estado e daí estatíosticas diferenciadas. No entanto, a actual cessão de pagamentos por parte da Grécia tem características diferentes, pois nenhum país do mundo terá recebido tanto apoio externo a fundo perdido como a Grécia, nem terá havido em nenhum país do mundo, em qualquer tempo, um perdão de dívida como aquele de que recentemente a Grécia beneficiou. E isso faz a sua diferença.
Caro João Jardine:
Ainda bem que voltou. Já tínhamos saudades!...
Bom, a entrada da Grécia foi uma opção política, em prol da democracia, depois do governo dos coronéis. Penso eu de que...
Depois de lá estar, a Grécia chantageou ao máximo os países da Comunidade, condicionando a sua concordância à entrada de Portugal ao recebimento de mais dinheiro e fundos. Foi a Alemanha que, na recusa de outros países em aceitarem a chantagem, acabou por pagar, viabilizando a entrada de Portugal.
Mas a memória grega é curta. E a portuguesa também!...
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ResponderEliminarCaro Pinho Cardão, pelo que tenho lido a Grécia fez o mesmo aquando da entrada da Finlândia.
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