O Tesouro Português efectuou ontem 2 emissões de
dívida (Bilhetes do Tesouro) aos prazos de 6 e de 12 meses, com os
seguintes resultados: a 6 meses foram colocados € 600 milhões, taxa de
juro média de 0,014%; a 12 meses colocados € 1.135 milhões, taxa de juro média
de 0,088%.
Para os Tudólogos, e muitos foram, que previam sérias
consequências para a economia e as finanças portuguesas em razão do
desenvolvimento da crise da Grécia ( o contágio), estes resultados devem dispensar
mais comentários: os Tudólogos observaram total silencio
do assunto.
E não me venham dizer que isto acontece pelo
facto da crise grega estar em vias de solução, pois os mesmos Tudólogos
diabolizaram a solução encontrada, reputada de ofensiva da dignidade dos
gregos, uma ultrajante submissão à Alemnha a seus seguidores, uma capitulação
do quase social-democrata Tsipras – como tal uma “não solução” que só vai
agravar a debilíssima situação financeira da Grécia…
Nesse quadro e seguindo a superior perspectiva e
imbatível lógica dos mesmos Tudólogos, nós deveríamos estar, nesta altura,
no auge do fenómeno do contágio da crise grega, sujeitos ao império cruel dos
mercados e impossibilitados de mobilizar meios de financiamento…
…como os resultados acima indicados claramente
denunciam.
Tudólogos para a Grécia, rapidamente e em força,
apoiando Varoufakis na sua luta heroica em defesa de um projecto genuíno
de salvação nacional, do regresso ao dracma como símbolo da resistência de
um Povo e de uma economia próspera e inclusiva.
Caro Tavares Moreira, sobre o retorno da Grécia ao dracma, sinceramente, é algo que não excluo. Desde logo para o resto da Eurozona e para a UE em geral seria muito positivo largar esse lastro e acabar com a instabilidade que, como todos sabemos, será para continuar por largos anos.
ResponderEliminarQuanto aos Gregos... Todas as medidas prévias do fim de semana passado (e que a maioria já vinha dos programas anteriores até) são medidas muito necessárias, importantes para a Grécia evoluir mas têm um obstáculo: a sociedade Grega não as quer, não as aceita, não quer viver daquela forma. Se calhar então o melhor seria eles sairem e viverem como querem. Iriam voltar ao ciclo inflacção-desvalorização? Sim, sem qualquer dúvida. Com o dracma irão empobrecer? Evidentemente que sim. Mas, hey, nem todas as culturas nem todas as sociedades estão talhadas para o progresso e para a riqueza. Por vezes há também que assumir isto. E, se calhar, os Gregos são mais felizes vivendo na bandalheira em que viveram nos últimos 40 anos do que com estas medidas que os obrigam a viver de forma moderna e avançada.
Deixa-los cair seria um win-win. Bom para o resto da UE e bom para os Gregos que poderão viver como querem viver. Com a certeza de que não implicariam ninguém mais nas consequências.
Se uma sociedade quiser suicidar-se, viver na pobreza ou seja lá o que for qual o objectivo de impedi-los? Para quê? Para acabar em confusões interminaveis que a ninguém aproveitam?
Caro Zuricher,
ResponderEliminarÉ bem visível, em algumas entrevistas de rua, em Atenas, que os canais de TV vão divulgando, que há muito boa gente completamente iludida quanto à verdadeira situação económica e financeira da Grécia, convencidos de que todas as suas desgraças são culpa dos credores internacionais e, em especial, da Alemanha...
Para aquela boa gente, resistir ás exigências dos credores iria fazer a sua felicidade - beberam integralmente as teses delirantes que o tresloucado Varoufakis lhes vendeu.
Todavia, e em aparente paradoxo, a maioria dos gregos não deseja sair do Euro, considerando a opção dracma uma espécie de fuga para o abismo.
Eu partilho um pouco a sua opinião de que haveria grandes vantagens para a Grécia numa saída das baias da moeda única- na qual, obviamente, nunca deveriam ter sido admitidos - como espécie de terapia de choque que poderia ajudar a resolver, talvez numa década, aquilo que destarte pode nunca mais ser resolvido.
Curiosamente, tal como aquando da entrada da Grécia no Euro - na altura os opinion makers diriam que um impedimento à entrada seria uma grave quebra da solidariedade europeia - prevalece a política, a Grécia vai continuar, penosamente, o seu caminho das pedras na moeda única.
Acabo de ouvir joão Galamba defender, com citação de números, que a diferença entre a situação de Portugal, que conseguiu sair do resgate com uma diminuição do PIB e um índice de desemprego muito inferiores aos da Grécia, e a situação actual da Grécia, que é a que sabemos, é devida a que a dose de austeridade do programa português foi muito menor que aquela a que a Grécia foi submetida durante os dois programas passados. Portanto, seguindo este raciocínio de diabolização da austeridade, o 3.º programa, com ainda mais austeridade, só poderá ter como resultado um agravamento da situação grega. Não explicou como poderia a Grécia acabar com os seus problemas financeiros sem austeridade, saindo ou não da zona euro.
ResponderEliminarCaro Freire de Andrade:
ResponderEliminarO melhor mesmo seria que o citado deputado, em vez de explicar, arranjasse um explicador que lhe desse umas noções básicas de teoria económica...
Galamba era o que dizia que os bancos podiam emprestar dinheiro à vontade ao estado porque não consumia capital, o chamado moto contínuo. Havia um senhor ali para os lados de Torres Vedras que também dizia ter inventado uma máquina que funcionava sem energia mas que tinha medo de ser atacado pelo cartel do petróleo.... Por isso, cheira-me que o Galamba é o próximo ministro das finanças do PS.
ResponderEliminarQuanto aos tudólogos, existe agora esta indefinição que tem que ser resolvida em sede de comité central da Internacional Beluga. Afinal, Tsipras é um herói vítima do imperialismo antidemocrático da Merkel ou o herói é o Varoufakis que se recusou a apoiar o traidor? O VAroufakis dá uma história melhor, até porque é um perfeito exemplo de que o socialismo se faz na abundância, como diz a Varela.
E tudo isto porque a classificação da dívida pública portuguesa pelas agencias de rating tem a classificação de LIXO!
ResponderEliminarPor favor, não deitem foguetes antes da festa.
Caro João Pires da Cruz:
ResponderEliminarAí está o argumento supremo quanto à escolha perfeita do ministro das finanças, se o PS ganhar as eleições...
Caros Freire de Andrade, Pinho Cardão e Pires da Cruz,
ResponderEliminarO pensamento do ilustre economista que mencionam não é facilmente entendível, pois ele utiliza, habitualmente, 3ªs e 4ªs derivadas para exprimir seus raciocínios.
Um bom exemplo desse talento dialético é o citado pelo Pires da Cruz: o argumento de que os bancos podem emprestar fundos ao Estado, indefinidamente, pois tais mútuos não consomem capital.
Ninguém entendeu que o jovem e talentoso economista tinha em mente casos como o do Zimbawe, em que a experiência comprovou, avassaladoramente, essa tese: os bancos puderam emprestar indefinidamente ao Estado, o capital nunca foi consumido, apenas a inflação atingiu níveis estratosféricos, de milhões por cento ao ano...o capital lá está, transformado em poeira é certo, mas está, bem ilustrado na equação 1 USD = 35 mil biliões de dólares do Zimbawe.
Vamos longe, com esta rapaziada, há que ter esperança!
Foguetes antes da festa?
ResponderEliminarSó se for os da praça Syntagma!
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