segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Mil e uma noites de angústia existencial...

"Há uma pergunta muito importante para mim e que anda altamente subestimada no cinema de hoje: o que significa ser espectador? Que lugar tem ele dentro de um filme?"
Miguel Gomes, realizador do filme "As Mil e uma noites", em entrevista ao Expresso-Revista
Só me espanta é que o homem, não sabendo o que é um espectador, faça filmes. Ou não esclareça  alguma crítica, que  não sabe se é um filme que são três, ou se são três filmes num só... 
Que a obra é grandiosa  isso não tem dúvida, mede-se em seis horas de filme. E em largas páginas no Expresso, que já ninguém lhe tira. 
Quanto a espectadores...enfim...penso que definitivamente não têm qualquer lugar na fita...

11 comentários:

  1. Os criticos, traduzem o significado mais infimo do filme tão "bem", que o espectador de tão esclarecido, já nem sente necessidade de ver o filme , para o perceber.
    Isto de "educar" as massas é uma arte "sagrada"

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  2. Já agora, caro Pinho Cardão: ...e gostou do filme ?

    Para além daquilo que pensa sobre os ecos do mesmo no Expreso, qual é mesmo a sua opinião sobre do filme ?

    Gosto ou não de ver o filme ?

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  3. ;) ;) ;) Boa pergunta, Pedro!
    Talvez a resposta, se vier, nos esclareça se o nosso estimado Amigo Pinho Cardão, toca de ouvido, ou se frequentou o conservatório e possui formação musical que o habilite a ler a pauta.
    Já agora, sem ter lido a entrevista ao Expresso, ou ter assistido à exibição do filme, baseando-me somente naquilo que é transcrito no texto, opino que o nosso Amigo Pinho Cardão... telvez não tenha interpretado o sentido das palavras de Miguel Gomes. A mim, não me parece que ele não saiba o que seja um espectador mas sim, que tenta encontrar a forma de incluir nos seus filmes, o espectador, atarindo a sua atenção para dentro do filme. Quanto à duração... seis horas, são de facto difíceis de suportar sentado numa cadeira de cinema, mesmo que o filme em exibição seja catalizador da nossa atenção. Porém, na história do cinema existem películas de grande sucesso que também foram difíceis de "gramar" estou a recordar-me por exemplo de Cleópatra com Elizabeth Taylor. Mas pronto... naquela época, assistir à diva em trajos voluptuosos, não só prendia a atenção do espectador como o fazia entrar literalmente pelo pano. Mas... 6 horas de filme... isso deveria dar direito a uma refeição... um snack e uma bebida, servidos como nos aviões.

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  4. Aposto que a pergunta do realizador prepara um novo filme sobre o que é ser espectador.

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  5. Decerto que a estupefacção do realizador na pergunta deriva de não saber onde espetar o 'espetador'... Daí as 6 horas do 'espetáculo' espetado...

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  6. Caro António Cristóvao:

    Tem toda a razão, educar as massas é uma arte sagrada. Mas em alguns filmes é bem mais difícil, sobretudo quando não se sabe o papel das massas na fita...

    Caro Pedro:
    Francamente...uma pergunta dessas...mas respondo: aquilo é mesmo do melhor...e maior que há!...
    Ah, e seja bem reaparecido depois do intervalo que fez nesta fita do 4R!

    Caro Bartolomeu:

    No que respeita a tocar de ouvido e à pauta, embora a saiba ler, daí não consigo tirar nem um som: infelizmente, nasci sem qualquer gene musical, ã garganta só desafina, o ouvido não distingue o dó do ré, muito menos do sol bemol ou sustenido. E, no piano, só com um dedo. Portanto, tocar de ouvido é para mim uma impossibilidade completa...
    Diz que 6 horas de filme é muito, mas aí penaliza-me discordar. Repare, mil e uma noites, mesmo a 8 horas, dá 8008 horas. Resumi-las a 6, é obra de autor!...Admito, em abono do artista, que tenha passado as restantes a dormir. Um homem não é de ferro, e mesmo um realizador não pode estar sempre a realizar...

    Caro Ferreira de Almeita:

    Fabulosa tirada, meu caríssimo amigo. Curta, mas do melhor que já passou por aqui. Humor em grau elevado.

    Caro majoMo:

    Pois é...quando não se sabe o papel do espectador no filme tudo pode acontecer a um incauto pagante...

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  7. Caro Pinho, fico então a saber que plo menos se não for bom...grande é de certeza ! ( - embora as 6 horas, estejam repartidas por tres "capitulos" distintos, e de visualização independente)

    Tambem já li sobre o filme, e confesso que tou curioso para espreitar "a coisa". (áparte da realidade e temática politica, gosto de cinema e das diferentes abordagens e estilos)

    Quanto ao "regresso", de facto não cheguei nunca a "partir" - teem sido os afazeres e a maturidade naturalmente crescente que me tem tolhido a pena (critica). Mas continuo a passar, nem que seja de "raspão", e a "tresler" com gosto.

    ,o)

    (depois, quando vir um dos "terços" do filme, logo lhe partilharei a minha opinião de "espetador"! )

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  8. Caro Amigo, Dr. Pinho Cardão,
    O número de dedos com que podemos executar (bem) uma melodia não depende... não é, a meu ver, de capital importância para que se atinja um apoteotico "grand finale". Basta para tanto que o executante siga as "regras musicais" e faça bom uso da intuição, ou seja: que comece por um suave "larghissimo", que passe progressivamente a um vagaroso e imponente "adagio", daí a um auspicioso "allegro" e quase de seguida a um desejado e exigido "vivace", culminando num aguardadado e frenético "presto" e "prestíssimo". Depois... é não deixar arrefecer o instrumento e continuar a dedilhar...

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  9. Muito obrigado, caro Pedro. Desejo-lhe uma boa visão!...

    Caro Bartolomeu:

    Ora aí está uma lição de um verdadeiro expert...só possível por uma dedilhação muito traquejada em mil e uma noites verdadeiramente musicais...

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  10. Anónimo22:03

    CAro Pinho Cardão,

    Um dia vai ter que compilar essas suas reflexões num livro qualquer com um título do estilo "Da Grande Produção Cultural". Vai ser um mimo :)

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  11. Caro João Pires da Cruz:

    Isso seria um risco enorme, um crime contra o politicamente correcto, uma prova de incultura básica, um atentado aos criadores, um acto de censura às artes e aos artistas. Um ataque à comunidade cultural.
    Mas, olhe, deu-me uma ideia. Vou tratar já de pedir um subsidiozito para a publicação. Afinal, invocando muitos dos maiores vultos culturais da nossa praça, seria também um produto cultural. Bastardo para a nomenklatura instalada, mas cultural. É mesmo uma ideia...

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