Grécia cresce mais do que Portugal...só isso?!
- Um dos “sound
bites” utilizados pelo líder do PS –
com grande efeito, a avaliar pelas reacções de Tudólogos e de outros
distintos “opinion-makers” – no debate do último dia 9 (a que não tive o privilégio de assistir),
terá sido exactamente este – a Grécia cresceu mais do que Portugal…
- Considero
curiosa aquela afirmação, que em termos objectivos até é exacta se nos
ativermos á variação em cadeia do PIB no 2º trimestre do corrente ano –
o PIB da Grécia cresceu 0,9%, em Portugal cresceu apenas 0,5% (no trimestre
anterior já não seria assim, e também não seria assim se cotejados os
crescimentos homólogos).
- Acho
curiosa a afirmação mas, para ser mais consequente, deveria ter concluído –
uma vez que era do mérito relativo de políticas que se tratava - que a política
do Syriza teve o condão de fazer crescer a economia da Grécia mais do que
a insípida política do Governo português…e, logo, que as opções do Syriza
até estavam correctas - Varoufakis, afinal, até sabia do negócio ao contrário
do que por aí fizeram constar.
- Mas não
só essa conclusão não foi extraída ( "et pour cause"…) como também não foi
explicado como é que a Grécia conseguiu surpreender com esta evolução do
PIB no 2º trimestre: graças a um forte aumento do consumo público (+3,8%),
leia-se despesa pública, acompanhado de uma quase estagnação do consumo
privado (+0,1%) e de uma forte queda do investimento (-10,5%)…
- …
enquanto que na vertente externa as importações tiveram uma queda
acentuada devido à dificuldade em liquidar operações ao exterior.
- Se
estas duas vertentes explicativas tivessem sido avançadas, o “sound bite” soaria
bem mais claro e completo, todos ficaríamos mais esclarecidos. Foi uma
pena…
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEstou em querer que a passagem de regime, que não foi feita naquela noite do conselho de estado sobre a TSU, que deveria ter colocado a "oligarquia política de Lisboa" (designação que li há uns dias e achei linda) no lugar que merecia - no passado, se fará nos primeiros meses do próximo governo. E este tipo de campanha feita a contar que o eleitor é uma besta, acabará de vez. Mas, positivo, é que se este tipo de campanha resultar, então prova-se que o eleitor é de facto uma besta e merece ser pobre e prestar vassalagem a esta gente. Como bestas não têm direito a ser independentes, como os gregos tão bem demonstraram, a revolução ficará apenas adiada.
Caro Pires da Cruz,
ResponderEliminarFelizmente temos estes "sound bites" para nos esclarecer, podendo formar a nossa escolha devidamente elucidados - parece ser esta a opinião dominante entre Tudólogos e outros "opinion-makers".
Eu não seria assim tão pessimista quanto ao risco da qualidade da escolha...
De facto, os argumentos esgrimidos pelas oposições contra a política seguida têm atingido o primarismo mais absoluto. E atingiram porventura o ponto mais negativo na argumentação de Costa no debate com Pedro Passos Coelho. Com toda a sorte do mundo, pois defrontou-se com um Pedro Passos Coelho muito comedido, por razões de concepção do estilo de campanha, ou então numa noite de "branca" quase absoluta: as questões colocadas não foram originais, longe disso, e no passado recente foram recorrentemente bem respondidas, e de forma acutilante, pelo 1º Ministro no Parlamento.
ResponderEliminarClaro que há muito a criticar à política governamental, e seria bom que uma oposição responsável o fizesse. Todavia, limita-se ao fácil, ao rasteiro, ao demagógico, ao que pensa que dá proveitos imediatos em votos.
Claro que concordo com Churchill quando dizia que a democracia era o pior dos sistemas, com excepção de todos os outros. E, se o povo vota e já vota livremente há 40 anos, não terá de se queixar. É que já teve tempo de distinguir entre políticas e políticos, entre demagogia e realidade.
Absolutamente de acordo, caro Pinho Cardão. Se os eleitores não forem capazes de distinguir o trigo do joio, sobretudo depois das traumáticas experiências dos últimos anos, continuando a dar crédito às mais fantasistas e incumpríveis promessas, então deverão preparar-se para experimentar, novamente e com todo o mérito, os ingredientes austeristas de que tanto se queixaram...
ResponderEliminarO argumentário de Costa é tão demagógicobásico que está entendida a opção: deixaram de contar com os votos de quem tem meio palmo de testa... Apontam à esquerda e para os subsidiados (que são maioria votante) fazendo promessas (que são impossíveis de concretizar) que têm para distribuir ainda mais subsídios. Ora isso, só com mais empréstimos, défice e dívida... E de novo a troica em menos de dois anos. É que a formiga ainda não acabou o trabalho e a cigarra já se está a tentar chegar à frente...
ResponderEliminarCaro Gonçalo,
ResponderEliminarEstamos perante um argumentário que joga tudo ou quase tudo na capacidade amnésica do colectivo, fazendo-me recordar o famoso livro de Mackay "Great popular delusions and the madness of crowds".
Ás vezes funciona...neste caso, se funcionar, não abona nada em favor da capacidade judicativa dos eleitores, mas também é verdade que os erros históricos escrevem-se muitas vezes assim.