- Com o burburinho que aí vai no cenário político, vivendo o País um dos mais gloriosos momentos da sua história quase milenária, quase esquecíamos a habitual informação sobre o desempenho das contas externas, disponível desde o dia 20 do corrente para o período até Agosto.
- Essa informação dá-nos boas notícias: o superavit conjunto das Balanças Corrente e de Capital sobe para € 2.328,4 milhões, face a € 1.934,7 milhões verificado no mesmo período de 2014 (+20,3%).
- Melhor ainda, esta evolução fica a dever-se sobretudo ao desempenho da Balança Corrente, cujo saldo positivo 2saltou” de € 190,2 milhões em 2014 para € 842 milhões em 2015, ou seja +343%.
- E, na Balança Corrente, todas as rubricas registam evolução positiva:
- O défice dos Bens diminuiu de € 5.770,3 milhões para
€ 5.603,6 milhões (aqui a queda dos preços do petróleo tem grande influência
como já aqui assinalamos);
- O superavit dos Serviços aumentou de € 7.657,1 milhões
para € 7.883 milhões (+3%), com destaque para a rubrica do Turismo, cujo
excedente passou de € 4.651 milhões para € 5.190 milhões (+11,6%);
- O défice dos Rendimentos caiu de € 1.696,6 milhões
para € 1.437,4 milhões (-15,3%).
5. Apenas a Balança de Capital exibe um superavit inferior ao de 2014: € 1.486,4 milhões contra € 1.744,5 milhões, certamente como resultado de um menor ritmo de chegada de fundos estruturais.
6. Boas notícias, em suma, mas...resta saber por quanto tempo mais continuaremos neste registo, até porque se trata de uma insuportável e abominável conquista neoliberal, que provavelmente e para glória do País deverá ter os dias contados...
Fica cada vez mais claro que António Costa não consegue um acordo duradouro e estável com o PCP e com o Bloco. Fala-se até de dois acordos paralelos, secretos e sempre escondidos. Por que será? Fica evidente que o único acordo que é comum é a rejeição do programa do Governo PAF. E depois? Corremos o sério risco de ver um governo com o programa rejeitado e não haver depois uma alternativa sólida entre os três partidos de esquerda. A entrevista de Jerónimo de Sousa à TVI confirma o discurso do Presidente da República e as dúvidas que surgiram no dia da audiência do PCP, e dos Verdes, com o Presidente. Sem garantias, nem compromissos sequer, para aprovar o primeiro Orçamento do Estado.
ResponderEliminar(...)
Costa quer realmente ficar na história como o quarto socialista a chamar a troika.
http://expresso.sapo.pt/blogues/blogue_sem_cerimonia/2015-10-27-Um-conto-de-criancas-a-portuguesa
Caro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarComo eu referi em troca de comentários no Post anterior, suspeito que esses acordos, de dois a dois - coisa absolutamente BIZARRA num governo que se considera uma coligação de 3 partidos - deverá ser redigido em mirandês técnico, para que se torne ininteligível e não possam ser suscitadas ad futurum divergências quanto ao seu conteúdo e, sobretudo, à sua plicação.
Curiosamente, quando ontem escutava as premonições fatalistas e hiperbolicamente arrogantes de porta-vozes desses 3 partidos quanto à curtíssima vida do governo que vai ser empossado na próxima 6ª Feira, dei comigo a pensar no seguinte: e o vosso glorioso governo, qual será a sua duração...até à eternidade?
O engraçado no meio desta história toda, que se calhar justifica que Portugal seja um país pobre e o mereça ser, é que estes números não são bons depois de uma crise no estado como tivemos. Estes números são bons considerando TODA a história de Portugal. Este números são bons para QUALQUER país europeu. Mas o pessoal gosta é de pensar à Venezuelana. É porque merece ser pobre.
ResponderEliminarCaro Pires da Cruz,
ResponderEliminarNão deixo de lhe dar razão na avaliação que faz. Mas há, ou pode vir a suceder, com elevada probabilidade, um lado bem negro desta história.
Com efeito, este formidável progresso na reposição do equilíbrio das contas externas - não nos esqueçamos que apresentaram défices muito elevados ao longo de mais de 15 anos, até 2012 - que surpreendeu mesmo os credores internacionais, foi obra de centenas de gestores e de milhares de trabalhadores que, arregaçando as mangas e correndo enormes riscos, suportando imensos sacrifícios, se mostraram capazes de dar a volta ao modelo de negócio das suas empresas, conquistando posição em mercados externos para compensar a quebra (totalmente inevitável, porque assente num modelo de financiamento impossível) da procura no mercado doméstico.
Destruir o resultado deste esforço, com políticas irresponsáveis, que abalem a confiança dos investidores e os levem a procurar refúgio noutros mercados - não faltarão opções - será, se tal vier a acontecer, um feito imperdoável, uma verdadeira tragédia nacional.
Aqui no 4R estaremos prontos, caso seja necessário - espero bem que não venha a ser - para denunciar tais políticas irresponsáveis.
Entendemos ser essa uma elementar obrigação de cidadania.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminaralgo que os pantomineiros nacionais e defensores do moto contínuo continuam a ignorar é o facto de qualquer empresa, qualquer trabalhador, continuar com os mesmos direitos, com as mesmas regalias se mexer o rabo 200 km para a direita. Ninguém vai sair do euro, ninguém vai deixar de ser europeu, simplesmente deixa-se de se contribuir para a segurança social portuguesa e passa-se a contribuir para outra qualquer, passando o seu trabalho a ser encarado pelos portugueses como importação de serviços.
Uma coisa estou razoavelmente certo, quem consegue não vai passar fome.
É escusado bracejar tanto, meus caros comentaristas.
ResponderEliminarO programa do governo e o Orçamento estarão garantidos num governo de esquerda. São desse modo respeitados os preceitos constitucionais.
E isso basta.
O argumento de que é preciso um "governo sólido, duradouro e estável” baseia-se em meras conjecturas subjectivas que não têm cobertura constitucional.
Interpretações subjectivas na mesma lógica que estas:
"Os que sobrevivem do chamado partido democrático, monárquicos liberais ou integristas desgarrados, socialistas, elementos da Seara Nova, o directório democrata-social, vestígios dos partidos republicanos moderados, alguns novos, sedentos de mudança, e os comunistas - todos poderiam unir-se, como fizeram, mas só poderiam unir-se para o esforço da subversão, não para obra construtiva". A "impossível vitória" "das oposições" que nunca seriam uma "alternativa", significaria "cair-se no caos, abrindo-se novo capítulo da desordem nacional.”
(António Oliveira Salazar (1958)
Carlos Sério,
ResponderEliminarO meu amigo participa neste blogue cujas opiniões expressas nos posts são muitíssimo diferentes da sua. No entanto, tem todo o direito de participar. Creio que já lhe havia afirmado isso. Embora eu fale por mim, estou convicto de que aqui ninguém esbraceja. As pessoas manifestam a visão na qual acreditam, como o meu amigo, aliás, também faz. Veja como o blogue é democrático, apesar de talvez pensar que se trata de um blogue de direita. No entanto, não deixa de participar nele e está no seu direito.
Mas começo a ficar assustado, Carlos Sério...Ou não se pode criticar a esquerda?
ResponderEliminarA evolução da socialdemocracia a partir dos fins dos anos 50 foi nitidamente esta: a conciliação dos valores liberais fundamentais com um regime económico que rejeita o capitalismo liberal. Para que as liberdades sejam desenvolvidas e se dê satisfação à justiça social a social-democracia rejeitou, e bem, o capitalismo liberal e enveredou por outras formas económicas em que é mais importante uma política de preços de rendimentos, de salários, de justa distribuição de rendimentos, de participação dos trabalhadores nas empresas e nas próprias decisões conjunturais do que propriamente da propriedade dos meios de produção.
ResponderEliminarNuma social-democracia, o que é característico é o apoio dos trabalhadores industrializados: e esse apoio é tanto mais significativo quanto mais o país estiver industrializado. As sociais-democracias do norte da europa, por exemplo, nasceram com o apoio dos operários da indústria, mas também de agricultores, de pescadores e de pequenos comerciantes, tal como no nosso país. a nossa base social de apoio é tipicamente social-democrata. O nosso programa é um programa social democrático avançado, em relação, por exemplo, ao programa do s.p.d. alemão - e, portanto, isto afasta qualquer deturpação que se queira fazer no sentido de nos apresentar como partido liberal ou democrata-cristão, o que são puras especulações tendenciosas que não têm qualquer base.
É que a social-democracia, que defendemos, tem tradições antigas em portugal. Desde Oliveira Martins a António Sérgio. É a via das reformas pacíficas, eficazes, a caminho duma sociedade livre igualitária e justa. Social-democracia que assegura sempre o respeito pleno das liberdades.
Francisco Sá Carneiro
Caro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarNão posso deixar de enaltecer o seu denodado esforço pedagógico. Recordando um velho ditado: "água mole em pedra dura, tanto dá até que fura"...
Quem sabe se no caso "sub judice", malgrado a reconhecida dureza da pedra, esta acaba por furar mesmo? Tanto mais que vivemos agora tempos de gratificante mudança, em que o futuro do País se afigura mais risonho do que nunca...há que não desistir.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminaraparentemente boas notícias, desde que, como refere indirectamente, não tenhamos um governo esbanjador, a tentar fazer aquilo que compete aos cidadãos em geral, e ajustando as metas aos gastos.
Nesta altura, seria possivelmente interessante analisar a evolução das taxas de juro da dívida. O que acha? Segundo li algures, não posso precisar onde nem saber da fidedignidade, estariam já a reflectir negativamente esta investida do ac.
Como já se referiu neste fórum, o ps está completamente endividado e só assim se compreende o desespero pelo poder por um derrotado nas eleições e seus apoiantes (pedófilos, desrespeitadores da lei, etc.). Penso que só num país ainda com uma democracia embrionária e ainda repleta de oportunistas é que alguém que como ferro r chega a presidente da AR desse país e com o apoio de tantos deputados. Considero particularmente grave o próprio ps o apoiar, o que revela que neste ps falta coluna. Digo isto porque a justiça é um dos pilares da república e esta um dos valores do ps. Mas é o que temos.
Caro Alberto Sampaio,
ResponderEliminarRelativamente aos juros da dívida pública portuguesa, implícitos na cotação da mesma dívida em mercado (yields), tem-se verificado com efeito uma tendência de alargamento dos "spreads" em relação ao referencial que é a dívida pública alemã - no prazo dos 10 anos, o mais representativo e mais seguido pelo mercado, o "spread" da dívida portuguesa ultrapassou, nos últimos dias, os 200 pontos base, coisa que já há muito tempo não se via.
Entretanto e em termos absolutos, as taxas (yields) embora mostrando algum agravamento têm-se mantido em níveis ainda baixos (nos 10 anos em cerca de 2,5%) nomeadamente como consequência da nova expectativa criada em relação a um possível reforço das intervenções do BCE, a partir do início do próximo ano, que o presidente desta Instituição abriu esta semana.
Ou seja, a incerteza política que se vive em Portugal já contaminou os mercados, como seria de esperar, mas até agora de forma não muito expressiva.
Quanto às suas preocupações quanto à degradação do sistema político, compreendo-as mas aí pouco é possível fazer nesta altura: o País (ou pelo menos uma boa parte dele, com grande destaque para os "media") parece conviver razoavelmente bem com isso.
Caros Tavares Moreira,
ResponderEliminarobrigado.
Caro Alberto Sampaio,
ResponderEliminarUma breve adenda à resposta anterior: as taxas de juro (yields) da dívida portuguesa estão de novo em alta, hoje, concretamente a yield da dívida a 10 anos excede 2,6%, o que significa que o mercado (investidores) não está tranquilo quanto ao futuro político-económico em Portugal.
Ainda não está em pânico, certamente, mas, com a eventual entrega do governo à solução das 3 esquerdas e a leitura que no exterior é feita dessa nova realidade política - equiparando-a à situação da Grécia do período Janeiro-Julho de 2015 (consulado varoufakiano) - é muito possível (não estou a dizer que é certo, mas apenas que é muito possível) que as yields da dívida pública lusa venham a alargar significativamente o "spread" em relação à dívida alemã, o que será uma grande dor de cabeça para os novos responsáveis pela política económica.
Num tal cenário, a saída mais óbvia, para impedir que daí se transite para a fase de pânico, será o governo prometer, solene e inequivocamente, que adoptará medidas de política em tudo opostas ao que for reclamado por Bloco e PC...
E o que acontecerá a seguir? Surpresa...
Caro Tavares Moreira, obrigado pela actualização. Nada de bom! Vamos tentar aguardar com a serenidade que começa a faltar.
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