O discurso oficial, em sede da política económica,
está agora focado na frase “Virar de Página da Austeridade”, ou seja, em
termos práticos: (i) reposição discricionária de rendimentos, suportada
pelo Estado (contribuintes), a um conjunto diversificado de grupos sociais,
sem ou quase sem contrapartida produtiva, e (ii) diminuição de receitas
fiscais.
Estão neste caso: (i) a reposição dos salários na
função pública, (ii) a actualização das pensões, (iii) a reposição do
complemento solidário para idosos, (iv) reposição do RSI, (v) actualização
do abono de família, e (vi) devolução parcial da sobretaxa do IRS - a que haverá que acrescentar a
decantada (mas desde há algum tempo silenciada) redução do IVA para a
restauração, de 23 para 13%.
Segundo os mesmos responsáveis pela política económica,
trata-se de medidas justificadas pela necessidade de dinamizar a economia…
…justificação que, valha a verdade, pode vir a
traduzir-se num considerável “flop”, pois sendo absolutamente certo que
estas medidas vão insuflar a procura interna, na componente consumo
privado, isso não é equivalente a dinamizar a economia, ou, por outras
palavras, o investimento e o emprego.
A razão é simples e tem a ver com os meios que
será necessário arrecadar para satisfazer estas despesas públicas adicionais
(ou perdas de receita), caso o milagre do crescimento económico não se
materialize: agravamento de tributação sobre a actividade económica e/ou
agravamento da dívida pública.
O resultado líquido desta política pode bem vir a
traduzir-se num desincentivo ao investimento produtivo e, em particular,
nos sectores produtores de bens transacionáveis - que será
agravado, pela via do custo do capital, se vier a concluir-se que pode ficar em
causa o cumprimento dos compromissos orçamentais.
Se assim for – e o risco deste cenário se
verificar não é nada despiciendo - não existirá qualquer estímulo à
economia, apenas insuflação da procura interna.
Na prática, tratar-se-á da reposição de um filme
que foi muito popular há alguns anos, com resultados muito interessantes
como sabemos.
Oxalá os meus receios não venham a concretizar-se,
mas...
Na verdade, qualquer antecipação dos efeitos que estas "dinamizações" (a que prefiro chamar - ínfima reposição de tudo o que foi retirado aos trabalhadores durante o longo período austerista reinante no nosso país) da economia venham a causar, neste momento, não passam de meras expeculações.
ResponderEliminarContudo, arrisco conceder-lhes o benefício da dúvida, mesmo desconhecendo a fonte de onde irão brotar as verbas necessárias para tanto. Porém, imagino que essas verbas sejam "captadas" no mesmo manancial que alimenta as falências dos bancos que, enquanto foram prósperos, encheram os bolsos dos seus acionistas/capitalistas - o Estado.
Caro Tavares Moreira, comparado com os impactos que terá a ameaça de roubo feita hoje pelo Primeiro Ministro todos os efeitos (reais) que elenca serão escassas gotas de água num oceano de desgraças que espera Portugal. Não duvido que a mera ameaça venha a ter efeitos. Se se concretizar será uma grande, grande tragédia para esse país.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarNão se esqueça da velha máxima "quem te avisa teu amigo é".
Como terá percebido, como pessoa inteligente que é, eu não estou a antecipar, como por magia, o resultado deste "virar de página da austeridade", nomeadamente porque ainda não é conhecida a extensão da operação "virar": será só 1/2 página? Ou até 1/3 de página ou apenas uns míseros 1/4 de página?
O que eu surpreendo nesta orientação geral - inclusivamente nos disparates monumentais que se estão praticando e anunciando no sector dos transporte - é um fio condutor de política que envolve um enorme risco de nos conduzir para uma nova situação de aperto financeiro.
E não adianta misturar alhos com bugalhos, chamando a esta discussão a temática da banca e das fragilidades que esta tem evidenciado em Portugal. Isso nada tem a ver com a problemática aqui em análise.
Magnífico o nosso almoço em Arruda, a organização Bartolomaica esteve perfeita! Há que repetir, tão brevemente quanto possível!
Caro Zuricher,
Os erros graves que estão sendo praticados em diversas áreas da política económica, com realce para o sector dos transportes, envolvem, em particular, um custo reputacional gigantesco. Vamos pagar caro por isso, pode estar certo.
O que é absolutamentelamentável é que, no final,tanto pagam os que são responsáveis por esses disparates como aqueles que nada têm a ver com isso (ou estes pagam mesmo mais).
Caro Tavares Moreira, o que está a ser feito na área dos transportes pelo actual governo não tem qualquer paralelo na história do país. Outrossim é muito mais próximo do que foi feito nos paraísos vermelhos do lado de lá da cortina de ferro e, mais recentemente, na Venezuela. Em todos estes casos com os resultados que conhecemos. Nem as nacionalizações de 1975 foram tão longe. Vasco Gonçalves, no meio da ladroagem alucinada que se seguiu ao 11 de Março, teve um vago lampejo de clarividência e percebeu que não podia tocar no capital estrangeiro fosse de quem fosse, fosse em que empresa fosse. E, efectivamente, foram roubados os capitais Portugueses mas nos de estrangeiros não se tocou com um dedo. A Carris, por exemplo, teve o capital que pertencia a entidades Portuguesas nacionalizado mas no da Lisbon Tramway (capitais Britânicos) ninguém tocou. Esta acabaria por vender ao Estado a parcela do capital que detinha (salvo-erro 1/3) vários anos depois. Tal presença de espírito não está presente nesta gente que por aí destrói o país por estes dias. Num país totalmente descapitalizado, com as empresas totalmente endividadas, onde o índice de referência da bolsa chama-se PSI-20 apenas por convenção mas conta apenas com 17 ou 18 empresas hoje em dia por motivos nada abonatórios para as que saíram, ou seja, um país que não tem forma possivel de fazer investimento com recursos indígenas, afrontar os investidores estrangeiros é da maior irresponsabilidade que pode imaginar-se. E quem irá sofrer com as consequências? Os mais fracos, os de menos posses, naturalmente.
ResponderEliminarNum contexto em que ninguém sabe se o seu investimento será roubado de hoje para amanhã ou não, quem no seu perfeito juízo vai investir em Portugal? Para além de tudo o resto que vem tornando Portugal um país com dificuldades em atrair investimento há vários anos acrescentar agora a incerteza sobre a segurança do investimento não é mais do que enterrar por muitos e bons anos, venha o governo que vier, quaisquer ideias de investimento que alguém possa ter. E a ver vamos o que acontece aos investimentos existentes.
Concordo inteiramente com a opinião dos caros Dr. Tavares Moreira e Zuricher, naquilo que diz respeito à situação das empresas de transportes privatizadas.
ResponderEliminarSem dúvida, o governo de A. Costa está a dar um péssimo sinal aos investidores externos. Isto sem prejuíso de se poder concordar com o actual PM, quanto à forma como essas privatizações decorreram e o reflexo que poderão ter na "bandeira" nacional.
Relativamente à pergunta/afirmação que o caro Zuricher formula «Num contexto em que ninguém sabe se o seu investimento será roubado de hoje para amanhã ou não, quem no seu perfeito juízo vai investir em Portugal?»; Os investidores firmam contratos com o estado quando adquirem as empresas e esses contratos salvaguardam qualquer incumprimento por parte do vendedor. Logo, se houver roubo, ele estará evidentemente protegido pelo contrato, com direito às competentes indeminizações.
Quanto ao almoço em Arruda, saiba o meu estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira, que os nossos Amigos Pires da Cruz e Pedro Almeida, se acham inconsoláveis pela abstinência a que foram forçados.
Impõe-se a urgente organização de novo encontro gastronómico de desagravo.
Caro Bartolomeu, o que diz seria muito válido se o Estado fosse pessoa de bem. Porém, o Estado que rouba e incumpre contratos, mostra pelos seus próprios actos que não é pessoa de bem pelo que as indemnizações a que possa eventualmente ser condenado são algo irrelevante. Muito dificilmente o lesado se vê ressarcido das suas perdas. Aliás, veja lá se algum dos desgraçados que foi roubado pelo governo Venezuelano recebeu indemnizações. Ao longo da minha carreira profissional vi alguns ficarem a arder por terem essa bonomia e confiança no funcionamento das instituições, mormente em África. Um Americano em particular, recordo-me muito vividamente deste caso por toda a sua envolvente e pela pessoa que era em particular, meteu-se em África sem saber como trabalhar por lá. O pobre desgraçado ia realmente cheio de boas intenções mas sem perceber como nem porquê ficou com dois avioes apresados. E, repito, literalmente sem perceber o que lhe tinha caído em cima, como, porquê ou o que quer que seja! Por outro lado a última coisa que um investidor normal quer é ter esse tipo de problemas. Há investidores especializados nesse tipo de assados e que até os procuram, aqueles a que depreciativamente se chama investidores abutre. Mas desses há muito poucos. A esmagadora maioria foge desses problemas como o Drácula do alho.
ResponderEliminarEngraçado que lembrando-me de gente que ficou a arder de governos em África, já depois de postar, lembrei-me dum Português, pessoa com uma certa posição durante o Estado Novo e, principalmente, durante um certo período há cerca duma dúzia de anos em que várias vezes falou nas televisoes sobre o regime anterior, que também ficou a arder com negócios de aviação em África. Ele ter-se metido nisso foi em tempos muito anteriores aos meus mas alguma que outra vez conversámos sobre as suas desventuras por lá.
ResponderEliminarUm remate final. Penso que o caro Bartolomeu estará a pensar o que tem um governo Africano com um governo Europeu. Pessoalmente não faço essa distinção. Governo que incumpre é governo que incumpre. É-me indiferente que seja Europeu, Africano ou Marciano.
Acertou, caro Zuricher. Percepcionou na perfeição, os meus pensamentos. Imagino realmente, não haver comparação possível de contratos feitos entre (alguns) estados africanos, sul-americanos e europeus. Isso não obsta a que concorde inteiramente com a sua opinião quanto à imagem séria e credível que se perde ou se degrada, caso não se queira fazer reverter os acordos estabelecidos, mesmo cumprindo as penalizações impostas nos contratos, mesmo que esses recuos tenham todas as justificações possíveis e credíveis.
ResponderEliminarEmenda:«... caso se queira...»
ResponderEliminarCaro Zuricher,
ResponderEliminarTal como salientei em anterior comentário, estes lamentáveis episódios na gestão pública do sector dos transportes, envolvendo decisões que implicam um altíssimo custo de reputação para o País, são ainda agravados por se saber que essas decisões são tomadas para servir interesses políticos ilegítimos.
E repito ilegítimos, pois para satisfazer grupos minoritaríssimos acaba-se por ofender o interesse da generalidade dos portugueses, que vão ter de suportar mais impostos ou dívida no futuro como contrapartida da satisfação das ambições políticas desses grupos.
A reputação custa a ganhar, implicou muito esforço, e agora pode ser desbaratada num ápice!
Um triste espectáculo, aquele a que estamos a assistir, e o preço disto pode ser, como já referi, muito elevado, nomeadamente pela degradação da imagem externa do País.
Caro Bartolomeu,
Nos alvores de 2016 teremos que trabalhar, afincadamente, na realização de um próximo repasto 4 Republicano, eventualmente para as bandas de Salvaterra de Magos, com as presenças obrigatórias do Pires da Cruz e do Pedro de Almeida...
Inteiramente de acordo, caro Dr. Tavares Moreira.
ResponderEliminarContudo, para garantirmos a presença do amigo Pedro Almeida, esse repasto terá de se realizar antes do dia 15 de Janeiro.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEspero sinceramente que os seus receios se concretizem. Desta vez a troika vai garantir - se estiver virada para o segundo resgate, claro, que isso não é garantido - que Portugal estará dotado de garantes dos princípios civilizacionais básicos antes de meter cá um tusto. Coisas patetas, como o respeito pela soberania popular, que o PR não muda o regime porque lhe apetece, que o país não produz a sua própria versão do princípio da igualdade e da protecção da confiança, etc. Isto independentemente da garantia que a gestão dos dinheiros públicos não é entregue ao primeiro académico pseudo-cientista que esteja disponível no Banco de Portugal.
Aprecio seu pragmatismo, caro Pires da Cruz, veremos como se vai desenrolar este filme ao longo dos próximos 6 meses, não será necessário mais tempo para nos inteirarmos do sucesso deste "Virar de página da Austeridade"...
ResponderEliminarE com a animação que está a verificar-se no palco da política pelo regresso, inspiradíssimo, do ex-PM que nos conduziu, com reconhecida competência, até ao glorioso Memorando de Abril de 2011, até admito que o sucesso da política anti- Austeridade possa ser atingido mais cedo...
Caro Bartolomeu,
Para sermos práticos creio que convirá agendar esse almoço para Lisboa, talvez a 8 ou 14 de Janeiro, deixo à consideração geral.
Para local, permito-me sugerir a Laurentina (por se inscrever nas preferências do Pedro de Almeida, se bem entendi, além de ter uma localização bastante conveniente), a Cave Real (onde já estivemos) e o Galito, excelente, em Carnide (muito próximo da igreja da Luz).
Agora, mãos à obra, até porque a Austeridade acabou, como tão bem tem sido explicado pelo Pinho Cardão!
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