Bruxelas ainda não percebeu que Esquerda ganhou eleições...
- A frase em título é da
autoria de uma conhecida porta-voz de um dos partidos que formam o tripé
governamental, a quem é reconhecido um particular talento para tiradas de
grande estilo, particularmente aptas a produzir um efeito sedutor junto de
ouvidos incautos…
- Mas, neste caso, direi que a referida porta-voz
está cheia de razão: Bruxelas parece revelar uma insensibilidade alarmante
em relação às necessidades de programação do “Virar de Página”, insistindo
no cumprimento de objectivos orçamentais que não são compatíveis com os
patrióticos desígnios despesistas daquela programação.
- Há, pois, que bater o pé
a Bruxelas, assumindo, corajosamente, opções de política financeira que
façam tábua-rasa das suas exigências, apostando sem receio no aumento da
despesa pública como real motor da economia – se já resultou tão bem no
passado, porque não tentar de novo?
- Por outro lado, impõe-se
desfrutar os benefícios do petróleo barato, sacando sobre a almofada que
este benefício nos oferece ao nível das contas externas, permitindo ao
Estado agravar ainda mais a poupança negativa que impõe aos outros
sectores da economia sem excessivo impacto sobre o equilíbrio externo.
- E, quando o preço do
petróleo voltar a subir, gerando novamente uma insuficiência da poupança
global, cá estaremos para bater o pé aos credores externos, impondo-lhes
as condições que muito bem entendermos como as mais convenientes e vantajosas
em ordem a preservar os desígnios do “Virar de Página”…
- Não há dúvida, pois,
que se torna necessário fazer perceber a Bruxelas que chegou a hora de
aceitar as nossas exigências, de entender as implicações da vitória (?) da
Esquerda…tal como aconteceu com a Grécia, há pouco mais de um ano.
- É certo que, enquanto
Bruxelas não percebe, os juros implícitos na cotação da dívida pública
portuguesa ao prazo de 10 anos continuam a marcha ascendente que ontem aqui
referi, estando já quase nos 3%. Há que insistir, por isso, tem a dita
Senhora muita razão.
Há cerca de um ano o Sr. Schauble fez tudo o que pôde para que a Grécia saísse do Euro. Estava, aliás, cheio de razão o bom senhor. Quer-me parecer que terá nova oportunidade nos próximos tempos e talvez não seja tão mal sucedido como há um ano. Para além da Grécia, porém, a continuar o actual caminho Português poderá tentar identica receita para Portugal, isto é, Portugal fora do Euro. Dessa forma essa galinhita que o Tavares Moreira refere poderá dar ar a todas as suas ideias por mais mirabolantes que sejam. Que fartar vilanagem será para essa gente poder imprimir escudos até vir a mulher da fava rica e dar dinheiro a rodos a toda a gente e mais alguma! O pequeno pormenor de em pouco tempo esse dinheiro não valer o papel em que está impresso é totalmente irrelevante. Mas a mulherzita ficará certamente feliz!
ResponderEliminarSabe, caro Tavares Moreira, fazendo-me agora de ingénuo, não percebo (claro que percebo mas finjamos que não) como é que depois das experiências do passado em Portugal e de há um ano na Grécia continua a haver quem proponha as mesmíssimas receitas. São burros? Não, não são. São uma coisa ainda pior...
Pois é, e o Bloco, o PC e, talvez, o Governo, ainda não compreenderam que sem Bruxelas não há dinheiro. E, sem dinheiro, acabam-se os palhaços.
ResponderEliminarOu seja, já entramos no último estagio antes do pedido de resgate. O ataque ao imperialismo do capitalismo financeiro que asfixia as legítimas ambições de um povo expressas de forma livre e dispendiosa
ResponderEliminarCaro Zuricher,
ResponderEliminarSabe que a reincidência na asneira colectiva, designadamente na área da política económica e financeira, é algo de dificilmente contornável quando apresentada sob a forma de um petisco, que os profissionais da demagogia sabem preparar a preceito.
Quando a principal preocupação das pessoas é o consumo, no imediato, torna-se difícil mostrar que o rei vai nu...só mesmo o choque com uma nova realidade, de decepção generalizada, pode despertar as consciências.
Caro Pinho Cardão,
Não deixa de ser curioso verificar o contraste entre as notícias de ontem e de hoje no tocante às dificuldades de encontrar uma versão orçamental que encaixe nos requisitos do pacto orçamental...ontem a generalidade dos comentários apontava as enormes dificuldades da tarefa, hoje aparecem notícias em sentido conciliador...
Imagino o trabalho que entre ontem e hoje as Agências de Comunicação terão sido encarregadas de produzir...devem estar em brasa...
Caro Pires da Cruz,
Não creio que este seja o último estágio, creio que ainda haverá mais alguns; estas coisas requerem tempo e muita persistência, mas que existe uma vontade firme de lá chegar, isso afigura-se inegável...
A Europa do euro não é hoje o que era há meses atras. O certo é que o crescimento económico não arranca e a certeza do “não há alternativa” com os efeitos benéficos da austeridade já não têm a mesma convicção de antes.
ResponderEliminarAbalada a sua fé no “empobrecimento virtuoso” contudo, estamos longe de a União Europeia ou melhor as suas instituições (que são governadas de facto por uma tecnocracia ao serviço dos interesses de uma pequena, mas poderosa, minoria de poderes económicos e financeiros) renunciarem às suas políticas de austeridade ou, o que é o mesmo, às políticas de transferência de rendimentos do trabalho para o capital (basta ler o informe da Oxfam publicado esta segunda-feira para o constatar).
Na verdade continua o garrote sobre os países economicamente mais débeis do euro.
Todos os países economicamente mais débeis do euro trazem um garrote ao pescoço que é alargado ou apertado consoante as políticas dos governos desses países se aproximem ou afastem da satisfação dos tais poderosos interesses económicos.
Portugal não é excepção, mesmo com um governo da família socialista europeia. Em breve conheceremos se tal aperto já começou ou não (de qualquer modo mais tarde do que pretendia a PáF). E, creio bem que ele já começou com os juros da dívida pública a subirem paulatinamente encontrando-se hoje a 2,92% quando há pouco mais do que uma semana estava em 2,60%.
Agora, ou somos Migueis de Vasconcelos ou somos patriotas e lutamos contra os poderosos interesses financeiros e económicos de uma minoria poderosa que não conhece o que é a solidariedade e a coesão social mas ao contrário visa apenas aumentar a sua riqueza espezinhando e empobrecendo os outros.
Inqualificável!
ResponderEliminarConsiderar “palhaçadas” as políticas do governo de restituição de rendimentos que foram injustamente e inconstitucionalmente retirados às pessoas.
Medidas de interesse duvidoso e que não são pensadas são palhaçada. O governo que actue com mais responsabilidade se não quer passar por "palhaço".
ResponderEliminarCaro Alberto Sampaio,
ResponderEliminarAs manifestações de ridículo deviam estar sujeitas a IVA e imposto de selo, a taxas agravadas, não é razoável que assim não seja.
Espero que neste Tempo Novo que estamos a viver essa omissão seja devidamente corrigida!