quarta-feira, 20 de julho de 2016

As sanções

"...Por isso as sanções podem ser injustas.Mas são instrumentos necessários a pôr os políticos em ordem e a obrigá-los a ter disciplina. Sobretudo, é o modo de informar os eleitores que os seus políticos governaram mal, tomaram decisões erradas, gastaram o que não é deles e não fizeram contas porque queriam ser eleitos. As sanções são uma condição necessária à formação de um juízo racional dos eleitores. Sem sanções, não há políticos a despedir, não há governantes indisciplinados a castigar, não há mentirosos a punir nem há demagogos a contrariar!..
...Por isso é confrangedor o actual debate sobre sanções, assim como a onda de patriotismo bacoco que o governo e os seus apoiantes fomentam..." 
António Barreto, no DN

10 comentários:

  1. Anónimo14:19

    Caro Pinho Cardão, a questão das sanções é muito curiosa. Em princípio seria a favor delas sem quaisquer reservas. São efectivamente necessárias. Há, porém, o problema de nunca terem sido usadas até agora quando já deveriam ter sido há mais tempo o que põe mesmo a questão da sua legitimidade formal. Sim, estão no papel. Mas em mais de quinze anos nunca foram usadas. Não terão já perdido a sua legitimidade formal dado terem sido reiteradamente ignoradas? Note, isto não quer dizer que sou contra elas. Todo o contrário! O meu problema é nunca terem sido aplicadas e agora passarem a sê-lo. É algo arbitrário, sem critério. E que, por estes motivos, deixa alguns amargos de boca.

    Discordo ainda da análise de António Barreto e que o meu Amigo cita. Tudo isso faria sentido nos loucos anos '90, quando a União Europeia era endeusada e tudo o que de lá vinha era ouro sobre azul. Nesse tempo, sim, era possivel criar nas opiniões públicas a indicação de que se havia sanções era porque os governos estavam a gerir de forma errada as finanças dos seus países. No actual contexto, de todo em todo, não. No actual contexto o normal e esperado é que as sanções ocasionem o que Barreto refere como "patriotismo bacoco". Toleima esta que tem o efeito exactamente oposto ao pretendido, ou seja, galvanizar as opiniões públicas em torno dos governos que asneiam mas que, com isto, conseguem facilmente fazer passar a mensagem dos coitadinhos contra os mauzões de Bruxelas. Poucas coisas melhores há para um governo do que encontrar um inimigo externo. Com esta coisa agora, extemporâneamente, caiu no colo do governo esse inimigo.

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  2. E pensar que os meus amigos se riram quando eu disse há 5 anos que o PM devia ser aquele senhor dinamarquês do FMI que veio com a troika....

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  3. António Barreto não diz só isso, ele diz mais coisas.
    Uma coisa, porém, é certa, não há necessidade de nos alertarem para os hiper-conhecidos vícios das nossas elites.
    Cada vez menos entusiasma votar!

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  4. A CEE aplicar-nos sanções, tipo coimas, acho mal e custar-me-ia a aceitar; Mas se suspendesse as remessas de subsídios, pelo menos em parte, achava bem. Começo a duvidar que nós, sozinhos, não chegamos lá e precisamos de "ajuda externa", que não mais dinheiro.

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  5. Precisamos também de cidadãos mais interessados no colectivo do que nos seus umbigos. Aí as elites acautelar-se-ão

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  6. Não deixa também de ter razão, caro Zuricher. Admito bem que o governo, mais que tudo, possa querer as sanções, um inimigo externo dá sempre um jeitão...

    Caro Tiro ao Alvo:
    Mas suspender os apoios seria a maior sanção...penso eu de que...

    Caro Gaudêncio Figueira:
    Pois tem razão. Por curiosidade, veja o texto que respiguei de um artigo do Henrique Neto, que acabo de publicar no 4 R.

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  7. Caro Pinho Cardão, suspender não significa cortar. Suspender a atribuição de um subsídio, exigindo a tomada de medidas adequadas para que equilibremos as nossas contas será, parece-me, a melhor forma de nos obrigarem a sair do buraco em que nos metemos. Coimas simbólicas podem agravar os juros de novos empréstimos, mas não nos levarão a lado nenhum.

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  8. Pensem em tornar o voto obrigatório com sanções a quem passar a procuração para o voto ao Bordalo Pinheiro.
    Assim, como estão, entretidos a pensar em vós, em breve, não levam ninguém às urnas.

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  9. Caro Tiro ao Alvo:
    Compreendido!

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  10. AB encontrou na CE, finalmente, o Big Brother. Acha é que neste caso é virtuoso, qual serôdio iluminismo.
    Respeito e acompanho bastante o pensamento de AB.
    Mas neste caso estou em completa oposição.

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