domingo, 28 de agosto de 2016

Desconhecem e desconfiam, um déjà vu triste de se ver...

Inquérito da DECO mostra que os portugueses têm níveis elevados de desconhecimento e de desconfiança nas instituições. Um déjà vu triste de se ver. Ganha, por isso mesmo, contornos mais preocupantes. Se é que alguém anda ou fica preocupado com o assunto.
Não conhecem as instituições, nacionais e internacionais, revelam níveis elevados de desconhecimento sobre os seus objectivos e as suas competências e desconfiam da sua independência face ao poder político, governos e interesses económicos.  
Nada de novo, diria, os últimos tempos em Portugal ajudaram a agravar a confiança nas instituições, as nossas e as internacionais. A literacia “democrática” também não ajuda.
Desconfiam de tudo e de todos e mostram não conhecer os seus próprios direitos, quando por exemplo 87% não sabe quais são os seus direitos enquanto utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Revela o inquérito que mais de metade não saberia queixar-se de um erro médico. É grave que os cidadãos não estejam informados sobre aspectos tão fundamentais para a sua vida como o SNS. Outros estudos mostram que as pessoas, sobretudo pertencentes a grupos economicamente mais vulneráveis e com menores níveis de educação, desconhecem os seus direitos em termos de segurança social.
Mal vai uma democracia quando atingimos esta pobreza de conhecimento. As pessoas não se informam e o Estado e as instituições não informam. Deveres e direitos ficam obviamente comprometidos. A ignorância não favorece a qualidade da democracia, antes pelo contrário constitui-se como uma força de bloqueio.
A desconfiança não é necessariamente uma consequência do desconhecimento. Por vezes é o conhecimento profundo que temos de um assunto que nos pode conduzir, com efeito, à conclusão, ou não, de que estão reunidas condições para confiar.
Mas os níveis de conhecimento influenciam a qualidade do funcionamento das instituições. A fraca qualidade é também o resultado de baixos níveis de educação e formação cívica. Em boa medida impedem uma intervenção cívica activa e participada que bem exercida poderia condicionar o modelo de governação das instituições, o seu funcionamento e resultados.
Não creio que a baixa fasquia de exigência colectiva ajude o que quer que seja a melhorar a qualidade das instituições. A ignorância é contrária ao progresso. Os resultados do inquérito da DECO mostram, mais uma vez, o declínio, em geral, das instituições nacionais e a falta de um contributo positivo dos cidadãos para alterar este estado de coisas. Enfim, o assunto é complexo...

7 comentários:

  1. tenho licenciatura, pós-graduações em países europeus.
    o meu CV começa 'mais de 60 anos de luta inglória contra a burocracia do estado que me olha unicamente como contribuinte'

    4 erros médicos graves da parte dos novos deuses

    agredido na rua pelo ex-advogado, ladrão de profissão, o MP revelou ser a lástima das lástimas
    a juiza idem

    de nada valeu apresentar queixas

    o inem é uma merda

    tenho o maior respeito pelas forças de segurança

    os politiqueiros de esquerda socialistas e social-fascistas são para tratar com toda a crueldade

    nunca deixarei de ser pedreiro-livre
    nesta ditadura de gentalha sem qualificação

    recordo a poesia de Jorge de Sena
    'torpe dejecto do Romano Império'

    e o desejo do pirata Rankham ao juizinho de merda
    'meta suas pomposas palavras num local onde o sol não chega'

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  2. Anónimo01:49

    Ahahahahah! Cara Margarida, não me surpreendem as palavras que nos oferece. As conclusões desse inquérito vão plenamente ao encontro do desenho que faço da sociedade Portuguesa. Que não haja ilusões. Os Portugueses são isso e sempre serão.

    Uma notinha mais. Diz a Margarida que "A ignorância não favorece a qualidade da democracia, antes pelo contrário constituem-se como uma força de bloqueio.". Não é só uma força de bloqueio. É um dos motivos pelos quais a democracia é inviavel como forma de governo da sociedade Portuguesa.

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  3. Os portugueses desconfiam e têm boas razões para isso, aliás é ainda muito frequente as pessoas acreditarem que, se conhecerem "alguém", é mais fácil conseguir chegar às instituições do que pelas vias institucionais.Não é desculpa que parte importante da população não seja muito letrada, a comunicação institucional tem que saber a quem se destina se quiser ser realmente útil e eficaz. A profusão de sites supostamente informativos descansa consciências mas, muitas vezes, revela mais a preocupação de debitar informação para excluir responsabilidades e desviar as pessoas da procura dos serviços do que a de prestar serviço esclarecedor. Isto para não referir a verdadeira floresta de leis orgânicas e reorganizações que, permanentemente, alteram competências e centros de decisão. Enfim, há muito para fazer...

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  4. Caro Zuricher
    "Os Portugueses são isso e sempre serão" é uma visão muito negra. De facto, assim parece, seria necessário contrariar essa ideia.
    Suzana
    Muitas vezes essas plataformas informativas tecnologicamente muito avançadas não passam disso mesmo. Nas quais se gastam riso de dinheiros. Se juntarmos a "floresta" legislativa que nos baralha não podemos esperar que os cidadãos sejam e estejam informados e sintam confiança nas instituições. Há muito para fazer, a questão é como fazer diferente...

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  5. O caminho para "fazer diferente" é aquele que tem acontecido e que se reedita de 4 em 4 anos. Um permanente reflorestamento legislativo, pejado de ervas daninhas.
    O caminho para fazer melhor, passa, creio, pela necessidade de desconstrução.

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  6. E que desconstrução é essa, caro Bartolomeu?

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  7. Desconstrução dos "edifícios jurídicos" construídos à medida, ao longo dos últimos 42 anos, com a finalidade de servir as várias clientelas que têm desfilado na passerelle da democracia...

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