sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Monte dei Paschi: mais pedagogia?


1.    Em último Post, destaquei o potencial efeito pedagógico da solução (3/4 "bail out" + 1/4 "bail in") que visa recuperar o banco Monte dei Paschi di Siena (MPS): que este episódio servisse de reflexão aos insaciáveis reguladores europeus quanto ao enorme dano que poderão estar a causar ao sistema financeiro, com excessos regulatórios injustificados,  paradoxalmente colocando em risco o objectivo da estabilidade financeira e minando mesmo a confiança no Euro.

2.     Entretanto, o episódio MPS conhece agora novos desenvolvimentos, com a proposta para a divulgação pública dos créditos em incumprimento (NPL’s) mais significativos, que contribuíram para a perda de valor do banco e colocaram mesmo em risco a sua sobrevivência.

3.    Muitos desses créditos terão tido origem mais do que duvidosa, tendo a sua concessão resultado de influências políticas para apoiar empresas ou projectos sem viabilidade ou, pelo menos, de viabilidade não demonstrada…

4.     As opiniões em Itália dividem-se quanto a essa divulgação, mas a corrente majoritária parece favorecer tal divulgação, até como mecanismo preventivo da repetição de tais práticas, tanto no MPS – que doravante fica sob controlo público - como noutros bancos ainda sujeitos a influência política.

5.    Essa divulgação, sendo questionável no plano estricto da protecção do sigilo bancário – embora, lá como cá, seja lugar comum a sua violação sem quaisquer responsabilização para os seus autores – poderá ser justificável em nome do interesse público, nomeadamente para isolar a gestão dos bancos de influências políticas totalmente indesejáveis…

6.    Será que, mais uma vez, o episódio MPS vai fazer pedagogia no universo financeiro europeu?
 

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