Segundo dados já conhecidos da execução orçamental de 2016, a despesa pública diminuiu 3.000 milhões de euros, valor que mais que triplica os 900 milhões previstos no orçamento.Dado o aumento de remunerações da função pública, no valor de algumas centenas de milhões, tal significa que o "corte" na despesa, excepto pessoal, foi muito para além dos 3.000 milhões de euros, afectando negativamente o cumprimento de muitas funções do Estado, e do Estado Social. Uma política perversa, de compra de funcionários e sindicatos a troco de melhor remuneração, os primeiros para gerirem as situações de desagrado dos utentes, os segundos para deixarem de proclamar a degradação dos serviços públicos, justificação no passado de greve continuadas.
E assim vai a geringonça defendendo, em acaloradas palavras, o Estado Social, mas aviltando-o nos actos e na prática. Tudo se compra,tudo se vende.
PS: Claro que a diminuição da despesa pública é um bem em si, se for estável e representar reformas de fundo dos serviços. Porque, se assim não for, como não foi, é mero fogo de artifício, muito aclamado no momento, mas que de imediato se extingue
Não sei se será assim, caro Pinho Cardão. Há ali "truta" e há tanta gente a tentar perceber o golpe que se esquecem de perguntar com todas as letras onde está afinal o corte. Alguém já perguntou ao ministro, em concreto, o que conseguiu cortar que os governos anteriores não conseguiram? É que depois andamos a pagar organismos de controlo que só fazem contas que qualquer pessoa pode fazer e dali também não vai sair nada. Em rigor, aquilo que sei é que, ou há golpe - que envolve bem mais que o governo e a presidência da república - ou há milagre.
ResponderEliminarPois é, caro JPC, debato-me com o mesmo problema e com o mesmo dilema, mas sou talvez um pouco mais crédulo que o meu amigo. De qualquer forma, as contas referem-se ao desvio entre o orçamentado e o realizado em 2016, não entre o realizado em 2015 e 2016. Por outro lado, a referência é o PIB nominal, naturalmente superior em 2016 ao de 2015. Esta é a forma, porque, quanto à substância, as dúvidas são mesmo grandes. A começar pelo enorme "gap", ainda não explicado, entre o défice e o acréscimo da dívida, e a continuar por um volume grande de despesa efectuada, mas que foi alvo de pedido dos serviços para não ser facturada em 2016. E, por último, onde é que já foi publicado o valor do PIB? Os valores, défice, dívida, execução orçamental referem-se a uma grandeza que, neste momento, é o que se quiser...
ResponderEliminarClaro que há golpe. Cortar noutros sítios - a outros.
ResponderEliminarUm outro caminho, aquele que teimavam em dizer que não existia ou nos levava para o inferno...
C'os diabos!
Golpe ou milagre, mandava a ética republicana, que tanto apregoam, que fosse tudo bem explicadinho ao pagante, qualquer que ele seja.
ResponderEliminar"Um outro caminho, aquele que teimavam em dizer que não existia ou nos levava para o inferno..."
ResponderEliminarNão sei se é "o inferno" ... mas que a divida e o respectivo custo do financiamento aumentaram e o crescimento economico em vez de ser maior foi menor ... não é certamente "o paraiso" !!
E, já agora, o "caminho que teimavam em dizer que não existia", o de acabar com a austeridade e crescer mais, afinal não existe mesmo !!