domingo, 18 de junho de 2017

O eterno renascimento dos ídolos

Se um empresário, um gestor, um político, grande, médio ou pequeno, faz optimização fiscal dos seus rendimentos (e optimização fiscal não é fuga ao fisco, mas uma actuação legal dos contribuintes,  através da utilização das diferentes alternativas fiscais permitidas, de modo a não pagarem mais imposto do que aquele efetivamente é devido), aqui del-rei que é criminoso, foge ao fisco, utliza off-shores, cadeia com ele, nem julgamento é preciso. Os media fazem a propaganda do delito, julgam e condenam e a turba aplaude e exige castigo maior. 
Mas se é um desportista afamado, ídolo das multidões, a coisa muda de figura. Aí, nem há sequer suspeita de optimização, muito menos de ocultação de rendimentos, o ídolo está inocente, o criminoso é o fisco, e a acusação só pode ser um acto de xenofobia, racismo ou perseguição pessoal. 
Sempre foi assim, a humanidade é isto mesmo: vai criando ídolos, novos deuses, que venera e adora e a quem não reconhece sombra de pecado.
Nada de essencial mudou no homem: no fundo, no fundo, permanece como de há dez mil anos, três mil anos ou trezentos anos a esta parte. Os deuses mudam, o homem permanece o mesmo. Mesmo que revestido da mais actualizada tecnologia.

4 comentários:

  1. Se Al Capone tivesse tido origem portuguesa, em vez de italiana, seria um herói nacional, pois os portugueses têm sempre razão.

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  2. Só diria "alguns portugueses", caro Alexandre Burmester...mas esses é que fazem a opinião que se publica, com óbvia influência na opinião pública.

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  3. Os portugueses têm a extrema habilidade de, para uns aplica a lei, para outros interpreta a lei.
    O herói é o que rouba e anda por aí a apregoar inocência, esse é o imaginário da maioria do povo.
    Não admira estarmos como estamos, com os resultados publicitados pelo jornalixo nacional.

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  4. Pois é, caro José Domingos, pois é...

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