O meu artigo de hoje no DN-JN-Dinheiro Vivo
Num exercício da NASA para aspirantes a astronautas, uma alunagem 
forçada destruiu a nave e todos os seus equipamentos, à exceção de 
quinze artigos, e impediu o encontro com outra nave a 300 km de 
distância. A sobrevivência dos tripulantes está na escolha certa dos 
apetrechos que maximizarão a probabilidade de alcançar a outra nave.
O exercício tem sido retomado por várias universidades, nomeadamente 
Harvard, e visa demonstrar que uma escolha de grupo está sempre mais 
certa do que uma escolha individual. Já comprovei o facto num curso de 
Alta Direção.
O último Barómetro da Fiscalidade do 4.o trimestre de 2018 da Ordem dos 
Economistas, resultado da participação de largas centenas de economistas
 das várias especialidades – Economia e Gestão Empresariais, Economia 
Política, Auditoria, Análise Financeira, Gestão de Insolvência e 
Recuperação de Empresas -, cobrindo todas as faixas etárias, é 
esclarecedor da perversidade do sistema fiscal.
A enorme maioria de 92% dos inquiridos considera a carga fiscal alta ou 
muito alta, e 62% consideram que tem um impacto negativo ou muito 
negativo na economia, no investimento e nas empresas.
Sendo uma classe com óbvio conhecimento do exterior face à natureza das 
suas funções, a maioria, 76%, considera a carga fiscal mais alta e muito
 mais alta, quando comparada com a dos restantes países da União 
Europeia. E relativamente à estabilidade fiscal, 80% consideram o 
sistema instável ou muito instável, dado o volume das alterações que vai
 sofrendo.
Pois é este sistema que os nossos políticos acarinham como instrumento 
capaz de nos conduzir a bom porto, um sistema cada vez mais planeado 
para oprimir cidadãos e empresas com o peso crescente do despesismo de 
um Estado ineficiente e mal administrado, em prejuízo da atividade 
económica e da criação de riqueza e emprego. E, assim, um sistema cada 
vez mais adulterado, à média de duas alterações nos códigos por dia 
útil, acrescentando ónus e burocracia.
É este o sistema que nos vai perdendo, mas que os nossos atuais 
políticos, sem ver ou ouvir-se senão a si próprios, mais que todos os 
outros defendem, ou não os brindasse com a maior receita assente na 
maior carga fiscal de sempre.
Pensar que tal nos leva ao ponto de salvação, só mesmo com a cabeça na 
lua. 
Ou, melhor, talvez mesmo sem cabeça… 

