Conheci ao longo da vida muitas pessoas. Imensas. Tantas que acabaram por dar sentido à minha vida, que é como quem diz, não entendo e nunca entenderei por que razão existo. Queria deixar Deus de lado por uma mera questão de respeito. Não me interessa se existe ou não, o que pensa ou o que deixa de pensar. Sou um fragmento do tempo perdido no imenso universo. Sou capaz de pensar, de sonhar e, sobretudo, sou alvo de penar como qualquer um. Faço o que posso, bem ou mal não interessa. Sei apenas que desejo, ardentemente, ser objeto da mais bela e enigmática esperança, poder um dia dormir sem saber nos braços da minha mãe. Curioso. É a mais bela lembrança que transporto, um agradável e húmido calor durante um tempo que fez inveja à vida do próprio Universo, agora com letra grande, já que não sou mais do que um pequeno ser. Não entendo muitas coisas, mas consigo sentir muitas outras. Não sou capaz de as desenhar, de as cantar, de as louvar e nem mesmo de as sonhar. Vegeto docilmente num mundo desconhecido que me prometeram um dia ser o paraíso.
Não faz mal. O que eu queria mesmo é ser um vadio da vida. Acabei por ser médico, mas também não há grande diferença entre ser médico ou ser vadio. Nós, médicos, conhecemos almas, partilhamos os mesmos anseios e destinos, mas desejamos sempre regressar ao verdadeiro paraíso, o ventre quente, suave e doce de uma mãe. O Universo nunca sentiu isso. Talvez seja a minha grande vantagem, conseguir despertar inveja a um Deus que nunca passou pelo ventre de uma mulher. Hoje é o Dia da Mulher. “Deus mulher” seria diferente. Diferente e melhor, e sem dúvida muito mais saboroso...
Não faz mal. O que eu queria mesmo é ser um vadio da vida. Acabei por ser médico, mas também não há grande diferença entre ser médico ou ser vadio. Nós, médicos, conhecemos almas, partilhamos os mesmos anseios e destinos, mas desejamos sempre regressar ao verdadeiro paraíso, o ventre quente, suave e doce de uma mãe. O Universo nunca sentiu isso. Talvez seja a minha grande vantagem, conseguir despertar inveja a um Deus que nunca passou pelo ventre de uma mulher. Hoje é o Dia da Mulher. “Deus mulher” seria diferente. Diferente e melhor, e sem dúvida muito mais saboroso...
O sentimento que nos une à mãe, a tudo o que ela representa e a tudo em que ela se "materializa", é único e indescritível por ser tão íntimo, único, doce e mágico. Daí, talvez, a nossa incapacidade para compreender outros sentimentos com que vamos "esbarrando" pela vida fora.
ResponderEliminarExcelente reflexão.
ResponderEliminar"Deus já foi mulher. Antes de se exilar da sua criação quando ainda não se chamava Nungu, o actual Senhor do Universo, parecia-se com todas as mães deste mundo", diz-nos Mia Couto, em "A Confissão da Leoa".
Excelente texto.
Olinda
Minha amiga Olinda; será que o número de homens é igual ao número de faces, de formas, de sexos e de nomes que o homem a Deus atribui?
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ResponderEliminarBoa pergunta, amigo Bartolomeu. :))
Abraço
Olinda
Se Deus não fosse homem mão teria criado esta cangalhada na terra. Se Deus fosse mulher, tudo seria mais límpido e eficaz.
ResponderEliminarCumps
Claro que "mão" deve ser substituído por "não".
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