terça-feira, 1 de março de 2011

A nossa dívida, que já foi soberana!...

Teixeira dos Santos referiu ontem, na Conferência da Reuters, que serão implementadas medidas de austeridade adicionais, se necessário, para baixar o défice.
A seguir, Sócrates garantiu que o seu Governo faria tudo o que lhe fosse possível para atingir o objectivo orçamental.
Perante tais dúvidas e afirmações, comprova-se que nem o próprio Governo acreditou no festival que deu para celebrar o mito da execução orçamental de Janeiro. Basta, aliás, olhar para os números oficiais. A Despesa Pública continuou a aumentar, em termos nominais e reais. O défice só diminuiu em relação a Janeiro de 2010 devido ao aumento de impostos e das receitas extraordinárias de antecipação de dividendos, medida, aliás, que o governo tanto criticou. Até as Despesas com Pessoal aumentaram, mesmo após os cortes salariais.
Assim, perfeitamente natural novas medidas de austeridade. O governo deitou foguetes e nós continuamos a pagar a festa. Por inteiro. Que os alemães, parece, já não vão nisso. Embora Sócrates continue a afirmar que é a eles, e à Europa, que compete resolver as dificuldades da nossa dívida, que já foi soberana.
Acção do governo, só para aumentar a Despesa, dizendo que a reduz. Até na mistificação, a incompetência é grosseira.

6 comentários:

  1. O povo paga, ponto final

    Era uma vez a dívida que usa várias roupagens vistosas. Em qualquer inauguração faustosa, lá está ela com as suas vestes coloridas. De facto, a dívida é muito vaidosa. Tem tanto de vaidosa como de desastrosa, tal tem sido o seu espírito esbanjador. Essa dívida caminha, a passos largos e convictos, para um abismo financeiro. Aliás, ela tem como grande companheiro de caminhada o Gigante (o buraco do Estado), claro.

    Através dos dados conhecidos, de ano para ano, o caminho tem ficado mais inclinado. Novos recordes são atingidos. Imaginem, a dívida é mais veloz que Usain Bolt! Como é possível?! Sim, é possível. Os números não enganam, nem são para brincadeiras. Desculpem, como gostamos de brinquedos caros (tipo: submarinos e outros gadgets), andamos a brincar aos meninos mimados e materialistas que querem tudo e mais alguma coisa, desde que seja novo. Pior, por exemplo, se o vizinho tem um TGV, então, nós também temos de ter. Reparem, até temos um aeroporto sem aviões! É de ficar estarrecido só de pensar nos milhões enterrados naquela coisa inerte e em decomposição, em plena planície alentejana. Os alentejanos merecem mais respeito!

    As coisas não ficam por aqui no que à dívida diz respeito. O Gigante, ávido de tantas modernices, cria formas de esconder a dívida nomeadamente através de uma coisa que dá pelo nome de PPP (Parcerias Público-Privadas; com hífen e tudo, sempre é mais fino). Dito de outra maneira, podemos considerar essas coisas de: Projectos Plutocráticos Portugueses. A saber:

    - Projectos, porque envolvem grandes obras públicas com as inevitáveis derrapagens orçamentais;
    - Plutocráticos, porque são construídos por grandes empresas de construção civil e, após a sua conclusão, ficam nas mãos de grande grupos económicos/financeiros;
    - Portugueses, obviamente, porque são “Made in Portugal”.

    Assim é mais fácil de perceber, certo? Também acho.

    Porém, de uma coisa não há qualquer dúvida: seja dívida pública, seja dívida externa, elas existem e contribuem para alimentar a gula do Gigante. Este último era um “Zé Ninguém” sem elas. A dependência é total. E quem paga essa dependência? Perguntam alguns preocupados. Outros respondem logo, com ou sem palavras verbalizadas, algo do género: não interessa quando ou como pagamos, o que importa é termos essas modernices, nem que seja para inglês ver. Quem vier atrás que pague a factura! Ou, em alternativa, agrava-se um pouco mais nos impostos directos e/ou indirectos. Tanto faz! O povo paga, ponto final.

    Nota final: qualquer semelhança com uma realidade perto de si, é pura coincidência; ou talvez não.

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  2. Anónimo12:18

    Mas o mais grave não é isso: só não vê quem não quer que o calendário de José Sócrates está condicionado pela necessidade de atrasar o mais possível a adesão à ajuda no sentido de deixar passar a sua reeleição como Secretário-Geral do PS. O país que pague a sustentação do senhor no cargo nem que as novas medidas destruam ainda mais a economia e ponham as finanças de tanga. A oposição e o Presidente da República que não se iludam: há gente que não olha a meios para que José Sócrates possa atingir os fins.

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  3. Muito oportuno Post, caro Pinho Cardão...parece que estamos (ou estamos mesmo...)embarcados numa Nave de Loucos, quando se compara a euforia da execução orçamental de Janeiro a estas declarações de ontem, de verdadeira "terra-queimada"!
    Será que os mercados não se apercebem destas loucuras? Ou serei eu que louco já estou tb ao colocar esta interrogação?

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  4. Sócrates tem razão. Dívida soberana é para nações independentes. Estamos a falar da dívida de uma autarquia da Europa.

    Claro que poderíamos sonhar com outra coisa, mas aí não tínhamos votado em todos aqueles que fizeram de nós uma peça da construção europeia, Sócrates não seria PM e, certamente, não teríamos um presidente da república que impediu qualquer referendo sobre o assunto e a quem cabia a defesa dessa independência.

    Portanto, deixemos de falar de dívida soberana e de assumirmos a dívida do estado como uma dívida do país. Foi isto que quisemos desde sempre. E faz-me alguma espécie que militantes de partidos que sempre fizeram força por essa integração estranhem as suas consequências.

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  5. Caro Tonibler:
    O problema da dívida não tem nada a ver com a CE. Existe, porque o governo socialista aumentou sempre a despesa pública e endividou o país sem qualquer controle.
    Fora da UE e da moeda única, e com o mesmo estilo de desgovernação, a situação seria bem pior. Desvalorização da moeda, maior dificuldade em honrar os pagamentos ao exterior, alta de preços, alta das taxas de juro, encarecimento das importações, menor competititividade, diminuição das exportações...um nunca mais acabar.
    Enquanto não nos convencermos que a culpa foi nossa, isto é, da desgovernação, e a atribuirmos a quem não a tem, não vejo qualquer saída para a crise. E o Tonibler, consistentemente tão arguto, está a cair também nesse grosseiro erro. Há horas infelizes!...

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  6. Caro Pinho Cardão,

    Idanha-a-Nova sempre fez parte do escudo. As dívidas da câmara de Idanha são um problema para quem quer morar em Idanha, não são um problema para quem não quer. Por isso Idanha é um deserto com o presidente da câmara a clamar por mais dinheiro de Lisboa.

    Sócrates é o presidente da câmara de Portugal cuja dívida é um problema apenas para quem quer cá morar, não para quem não quer. E tal como o presidente da câmara de Idanha face a Lisboa, ele fará aquilo que tiver que fazer para extorquir dinheiro aos alemães para evitar que Portugal se separe da república.

    Porque quem está em crise não é Portugal é a república portuguesa. O Sócrates tem razão face à república portuguesa porque Portugal, esse, fará o que é preciso para viver bem que, está a demorar ao estado português perceber, já não precisa do estado para nada e, mais cedo que mais tarde, vai deixar cair.

    De que crise está a falar? Do estado português? Mas dessa eu já não tenho nada a ver. Graças ao Cavaco, ao Sócrates e aos outros todos tão militantes da construção europeia.

    Temos pena...

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