segunda-feira, 20 de dezembro de 2004
A co-incineração, de novo
O Engº José Sócrates anunciou que se o PS vencer as eleições em condições de formar governo, insistirá na co-incineração como método para resolver o problema da resíduos industriais perigosos (RIP). Ao desmentir a notícia de primeira página de um dos diários que anunciava o abandono daquela que foi a sua principal bandeira (e dor de cabeça) como Ministro do Ambiente, tenho de reconhecer que Sócrates é corajoso insistindo numa medida que desagrada a muita gente do seu partido (a começar por Manuel Alegre) e não é aceite pelas populações.
Mas se lhe gabo a coragem da atitude pelo seu significado político (ser-lhe-ia mais fácil e mais cómodo render-se e explicar que existem hoje outras soluções para o problema), não posso deixar de pensar que, do ponto de vista do mérito, a insistência de Sócrates tem muito de incompreensível teimosia. Desde logo porque não é uma boa medida. Para além dos riscos para a saúde pública apontados por muitas autorizadas vozes, se viesse a ser implementada a queima dos RIP poderia ser um bom negócio para as cimenteiras, mas iria inexoravelmente significar um recuo na pedagogia do reaproveitamento e valorização de alguns desses resíduos, na qual se empenhou o XV Governo. Mas pior do que isso. Sócrates anuncia que fará exactamente o que não se cansou de criticar ao seu sucessor no cargo, Isaltino Morais: revogará a alternativa encontrada de criação dos centros integrados (CIRVER) cujo concurso se encontra em fase de apreciação de propostas, adiando mais uma vez a solução de um problema que ele próprio tanto encareceu.
Entretanto a produção de resíduos industriais perigosos continua, aumentando o passivo ambiental e elevando o risco.
Por aqui também se vêem os elevadíssimos custos dos ciclos políticos de dois anos em que estamos a viver...
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