segunda-feira, 20 de dezembro de 2004
Sócrates, o PS e a co-incineração
Acabámos de saber que caso o PS ganhe as eleições, Sócrates retomará o processo da co-incineração.
Por outras palavras, deita para o lixo o trabalho dos últimos dois anos – o inventário de resíduos industriais perigosos (RIP), a criação dos Centros Integrados de Valorização de Resíduos (CIRVER) e os concursos que estão a decorrer para a atribuição das respectivas licenças de construção e exploração.
Para quem há poucos dias afirmava que não passará a vida a desfazer o que o anterior Governo deixa feito, José Sócrates não podia ter exibido maior contradição.
Em 1996 anulou a decisão de construir a incineradora de Estarreja e ao fim de 6 anos não deixou uma alternativa. Agora acha que dois anos era tempo suficiente para resolver o problema.
Por um lado recusa a incineração de resíduos sólidos urbanos, mas por outro aceita a co-incineração dos resíduos industriais perigosos. Ora, é sabido que a incineração de resíduos está sujeita a limites de emissões muito mais apertados do que a co-incineração.
Quando esteve no Governo gastou mais de um terço do Fundo de Coesão no financiamento das incineradoras do Porto e Lisboa (Lipor e Valorsul). Depois, na oposição, recusa a incineradora do Centro (Ersuc).
Quando estava no Governo, ao mesmo tempo que aprovava a co-incineração, ratificava a Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes (POP) que é o maior manifesto alguma vez elaborado contra as várias formas de queima de resíduos.
Mas quando lhe foi proposto um sistema para reciclar e reutilizar os óleos usados, recusou.
Quando esteve no Governo, ignorou os problemas relacionado com os maiores passivos ambientais do País – Estarreja, Sines, Seixal e Alcanena.
Meteu o Programa Nacional de Prevenção e Redução de Resíduos (PNAPRI) na gaveta.
Não deu solução ao problema das minas abandonadas.
Ao mesmo tempo que aprovava a co-incineração na Cimenteira do Outão em Setúbal, o PS assinava manifestos para que esta fábrica fosse encerrada.
As posições do PS em matéria de resíduos merecem um lugar no anedotário nacional.
Como diz o povo “burro velho não perde a mania”.
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