Um balanço sintético a merecer desenvolvimento em futuros “posts”:
1. Acabou um pesadelo, mesmo que ameace “andar por aí”.
2. A chamada “terceira via” não resultava apenas de um “vazio”. Corresponde a uma cultura política e a uma particular maneira de entender os problemas da sociedade portuguesa com reconhecimento e apoio de uma parte significativa dos militantes do PSD.
3. Manuela Ferreira Leite é já um referencial do PSD mesmo que nunca chegue à liderança. O seu contributo para o património político do partido é dos mais importantes. A forma como se conduziu desde a sua saída do Governo até ao momento de encerrar o Congresso é um exemplo.
4. Luís Filipe Menezes foi um legítimo herdeiro de Santana Lopes. A votação que conseguiu, a forma como seduziu uma certa ala aparelhística do “barrosismo” e o estilo que adoptou ao longo do Congresso, revelam que o populismo tem uma base efectiva e considerável entre os militantes do PSD.
5. Marques Mendes foi um justo vencedor. Mereceu pela forma como soube posicionar-se entre aquelas duas tendências num equilíbrio por ora instável, mas que está nas suas mãos poder consolidar. Continua, entretanto, a carregar uma marca geracional de que não consegue libertar-se. As suas listas revelam-no. Esperemos que a prática política o ajude a emancipar-se.
Gostei do conteúdo, e da forma, deste post.
ResponderEliminarAlinho pelo essencial da reflexão do DJustino aqui impressa.
ResponderEliminarUma nota de divergência. Não me parece que os mentores da chamada 3ª via, apesar de neles se encontrar muito do melhor do PSD, tivessem dado qualquer especial contributo neste congresso.
Os discursos de António Borges e Ferreira Leite, aliás como a moção que subscreveram, constituiram lugares comuns que bem poderiam ser escritos ou ditos por outros bem menos ilustres.
Se a imagem de providencial guru que se pretendeu dar de Borges visou transmitir a ideia que ali está a reserva para o futuro, creio que, para convencer, terá de mostrar mais do que o seu curriculo. Veremos designadamente a sua disponibilidade para o combate político antes de se perfilar qualquer hipótese de disputa efectiva pelo poder. Aí se vê a fibra e a capacidade dos lideres.
E se Manuela Ferreira Leite é uma referência no PSD, não o será por certo pelo papel que desempenhou antes ou durante este congresso. É-o simplesmente porque simboliza, muito por contraste, a postura da solidez, da seriedade e da responsabilidade.
Uma nota mais. Não vi ninguém dar relevo aos primeiros 3 minutos da intervenção de Dias Loureiro (o restante soou a eternidade e não passou de mais análise do tipo da que dezenas de outros antes de si tinham feito). E no entanto, disse aí algo que merecia ser ouvido pela nova direcção do PSD: a renovação deveria começar por chamar de novo os que têm história de vida, os que têm passado. Os que não vivem da política mas estão dispostos a dar algo da sua vida à política. Em rutura com a história dos últimos anos do partido.
Viva, Professor David Justino!
ResponderEliminarMuito haveria para dizer, acerca deste tema. No entanto, decido-me, ao menos por ora, em ficar por aqui:
Estou consigo quando afirma que António Borges pouco fez e disse. E, infelizmente, não foi só ele, porque, quem com ele estava, como Manuela Ferreira Leite, não fez melhor. O que constituiu funda desilusão em muitas paróquias.
Estou certo de que também para si, embora, elegantemente, como se esperaria, aliás, não o tenha vindo para aqui propalar aos quatro ventos.
E, já agora e se me permite, acrescento: além de pouco ter feito e pouco ter dito, esse pouco feito foi mal feito e mal dito foi esse pouco dito por António Borges. Tudo se resumiu a uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.
Na verdade, para quem tanta publicidade recebeu e tanta expectativa criou ou deixou que se criasse à sua volta, bem se pode dizer que não passou de autêntico e desconcertante “flop” (sem ofensa para o senhor, claro).
Se pretendia apresentar-se de carro em rodagem (o cenário montado foi todo esse… em reprise out of time), pelos vistos, por um lado teve a pouca sorte de, logo com ele esbarrondar a caliça da porta de saída do stand, “desastrando” igualmente, quem com ele seguia de boleia; por outro, todavia, teve a sorte de não ter conseguido passar do pórtico de saída, para a rua, em pleno tráfego, pois que, a assim acontecer, tudo indica que haveria agora que lamentar acidente bem mais grave, quiçá com vítimas fatais, a engrossar o cortejo de loucuras automobilísticas que por esse país se constata em qualquer alargado fim de semana.
Não tendo sido, portanto, letal o desenlace da colisão, ficando-se pelo desfazer dos umbrais da porta do stand, pelo raspar da pintura lateral do veículo, bem como pelo destroçar da paciência e boa vontade do dono do stand e do carro, sempre terá a possibilidade de ir receber umas lições de Código da Estrada e de prática de condução, o que lhe permitirá, daqui por uns anitos, quiçá, dar uma volta inteira ao quarteirão, sem males de maior.
Quanto aos restantes protagonistas, o que venceu sem ideias mas com aparelho e "notáveis" e o que não venceu, mesmo com algumas muito razoáveis, mas sem aparelho nem "notáveis", será/seria sempre a prazo. Porque, infelizmente, alguém, muitos alguéns, quer(em) que o PSD continue reduzido a esta triste condição.
Tudo porque ninguém quer assumir que o partido necessita de renovação urgente. Renovação que anteontem já vinha tarde. Renovação que tem que fazer-se, nem que seja mediante o acesso a lugares de direcção de gente talvez menos preparada. É que o PSD está com as mesmas caras de há 30 anos, ou seja, da fundação, e os detentores dessas caras não se mostram dispostos a ceder o passo a outros, com outras ideias, ainda que menos “brilhantes”, nem tão pouco a recolher-se, periódica e sabaticamente, para que, de fora, se apercebam de realidades bem simples e evidentes, mas que a translucidez dos vidros das janelas do poder impedem que vejam com meridiana clareza.
É assim a vida.
Cumprimentos
Anda agora distraído, o povoléu! Viu-se...
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