Um estudo recentemente publicado deu cariz científico à verificação diária que os comentadores dos grandes órgãos da comunicação social são genericamente os mesmos, de há vinte anos a esta parte.
A única diferença é que muitos vão alternando de órgão para órgão, com algumas pausas sabáticas pelo meio, mas veiculando compreensivelmente as ideias que acabam por fazer a (de)formação de muita gente.
Esta situação bloqueia a divulgação de ideias novas, ideias que possam arejar as mentes, contrariando ideias feitas, mas velhas e gastas, infelizmente já aceites como verdade por um grande número de cidadãos.
Para tal estado de coisas tem sido decisiva a sua contínua repetição pelos pensadores residentes e analistas da comunicação social.
A somar a este estado de coisas, as grandes entrevistas são sempre com os mesmos personagens, que debitam periodicamente mais do mesmo.
Raramente um empresário é entrevistado: sem empresas não há economia, mas o que os empresários dizem parece não ter qualquer interesse…
Raramente um vulto da cultura, um professor universitário, um diplomata que não façam parte da "nomenklatura" mediática vão à televisão: considera-se que nada têm para dizer, porque para dizer algo de interesse lá estão os 4 ou 5 do costume!...
São os critérios editoriais que fazem perpetuar esta situação.
Uma sociedade livre exige uma comunicação social livre, nomeadamente de preconceitos.
Mas exige também uma comunicação social culta.
Sem cultura, não há horizonte, nem visão mais abrangente, incompatível com a unicidade do observador.
Os responsáveis pelos media têm muito que reflectir sobre os respectivos critérios editoriais: atentado à liberdade de expressão, agora, pode ser seleccionar tal ou tal analista residente ou quem vai ser, ou não vai ser, o entrevistado da semana.
Não se alteram mentalidades que criem um Portugal moderno, tendo sempre muitos dos mesmos a repetir as ideias velhas responsáveis pelo nosso atraso.
O fechamento da comunicação social é uma realidade. Sem qualquer dúvida no plano que o Pinho Cardão aqui sublinha. Ocorreu-me isso mesmo há dois dias quando por mero acaso sintonizei o canal memória da RTP: passava então uma discussão qualquer entre três intervenientes. No dia anterior, numa outra estação de TV, os mesmos três proclamavam a sua omnisciência oracular sobre as repercursões no futuro das atitudes de hoje. Não foi fácil reconhecê-los. Mais magros, ostentando gravatas tipo bacalhau, com mais cabelo e fartos bigodes. Mas eram eles. Os mesmos.
ResponderEliminar