A xenofobia constitui uma manifestação de intolerância estando na base de inúmeros conflitos. Apesar de todo o esforço, no sentido de evitar discriminações, continuamos a assistir nos quatro cantos do mundo às mais diversas manifestações xenófobas que não são propriamente orgulho da espécie humana. Cor da pele, diferenças religiosas, ódios ancestrais, difíceis de explicar, medos do "roubo" de empregos, culturas diversas, constituem motivos para as mais diversas manifestações.
Agora, adiciona-se uma nova forma: xenofobia ecológica. Nos E.U.A., um grupo ambientalista propôs uma moção no sentido de limitar a entrada de imigrantes com o seguinte e original pretexto: como os americanos são os principais poluidores deste planeta, ao evitarem a entrada de novos imigrantes impedem a "produção" de novos americanos e, consequentemente, de menos poluidores. Original, no mínimo, esta posição. Na mesma linha de raciocínio, o melhor seria exportar norte-americanos para as zonas menos poluidoras deste planeta, obrigando-os a mudarem de cidadania. Deste modo, o planeta agradeceria.
Os norte-americanos, como é do conhecimento geral, são os principais responsáveis pelo aquecimento global e, teimosamente, recusam-se a assinar o protocolo de Quioto. Aliás, esta atitude é habitual sempre que há necessidade de assinar convenções internacionais. Se o aquecimento continuar é muito provável que, no Índico e no Pacífico, iremos observar ao desaparecimento de alguns países. Tuvalu, no Pacífico, será o primeiro a afundar-se. Claro que o afundamento da ilha de coral parece ser o factor número um, mas a elevação das águas irá acelerar o processo. E o que dirão os habitantes do país encharcado que é o Bangladesh? O que acontecerá à maioria da população deste país? Morrerão afogados ou terão de emigrar para qualquer canto do planeta. E, não são poucos! Os povos dessas zonas sentir-se-ão com todos os direitos a invadirem os espaços dos poluidores ocidentais que estão na base de mais uma tragédia. Será que esta xenofobia ecológica é mais um sinal de incapacidade face aos graves problemas que ameaçam o planeta?
Curiosamente, no Alaska, uma aldeia esquimó, Shishmaref, vai ser deslocada devido ao aquecimento. O degelo é uma constante e o mar avança meio tresloucado pela súbita liberdade concedida pelos seres humanos. “Segundo os cientistas, esta será a primeira comunidade norte-americana a mudar-se devido ao aquecimento global” (Ver O Público de hoje – última página).
ResponderEliminarVão deslocá-los 22 Km do local onde sempre viveram.
ResponderEliminarEste tipo de argumentação é típica da Sociedade portuguesa actual, embrutecida primeiro por décadas (ou séculos) de obscurantismo, e encandeada depois pelos vinte anos dos projectores do novo-riquismo ignaro e "socialight".
ResponderEliminarÉ verdade que se cometeram muitos erros ecológicos nos ex-Países comunistas, não só no Lago Baikal, nem só no tempo de José Estaline. Mas saber-se-iam medir ao certo, na altura, as consequências dessas decisões, tomadas eventualmente com os melhores propósitos, económicos e sociais?
O mesmíssimo se pode dizer das campanhas de cultivação extensiva do trigo no Alentejo (o "Celeiro de Portugal", na definição propagandística do Estado Novo), durante os anos trinta, que, segundo os especialistas na matéria, foi devastadora para o equilíbrio natural desta Região, degradando o escasso solo arável, mais adaptado ao coberto vegetal do tradicional montado. Eventualmente quem tomou a decisão política, poderia não estar devidamente informado destas consequências (tal como os governantes comunistas).
Agora os decisores políticos e económicos americanos, esses, não têm estas desculpas, daí a grande diferença, que não podemos escamotear numa discussão séria!
Mas discutir os assuntos superficialmente e de um modo simplista tornou-se o apanágio de uma certa pseudo-"élite" lusitana...
O que nos vale é que vai aparecendo por aqui quem, fazendo generosa partilha da sua imensa sapiência, contribui para densificar os assuntos, não os deixando no limbo da superficialidade ;)
ResponderEliminarBem hajam.