Não pode ter outra leitura o comentário de Joana Amaral Dias. A tese resume-se na frase: “O terrorismo islâmico não foi criado pela guerra no Iraque mas foi, indubitavelmente, alimentado por ela”. Não se sabe o que se entende por “alimentado”, mas Joana Amaral Dias socorre-se de estatísticas da BTCNews para constatar o facto de os atentados terroristas terem triplicado entre 2000 e 2004. A tese está confirmada, o “erro de Bush” comprovado. Esquece-se entretanto que os níveis de 2004 são pouco superiores aos de 1995 - sem Bush -, que pelo meio houve uma coisa chamada “11 de Setembro de 2001” e que o número de atentados já estava a aumentar antes da ocupação do Iraque.
A pergunta que se deve colocar é outra: se não houvesse intervenção aliada no Afeganistão e no Iraque, nem o reforço das medidas de segurança nos países ocidentais, o número de atentados terroristas teria sido maior ou menor? E que locais eles escolheriam enquanto nós esperávamos pela morte à esquina da rua?
O que Joana Amaral Dias não perdoa a Bush é a pacificação do Afeganistão e o derrube do regime Talibam. Não lhe perdoa o derrube de Saddam nem os pequenos avanços no Médio Oriente. O que Joana Amaral Dias está a sugerir implicitamente é que sem Bush e sem intervenção aliada estaríamos muito mais seguros.
Só tenho uma certeza: viveríamos com mais medo e seríamos menos livres sem que com isso pudéssemos evitar mais ataques terroristas.
Os assassinos de Londres já definiram os seus próximos alvos: “Continuamos a avisar os governos da Dinamarca e da Itália e todos os cruzados de que vão ser punidos do mesmo modo, se não retirarem as suas tropas do Iraque e do Afeganistão. Quem avisa está perdoado” (excerto final da suposta mensagem da Al-Qaeda). Quem quer continuar a branquear o terrorismo?
Conforme diz o meu caro djustino, e muito bem, em 1995 os níveis de terrorismo não eram muito diferentes dos de hoje (...bom talvez o número de vítimas fosse um pouco inferior, mas com a "especialização" vem uma infeliz maior eficácia), e caso ninguém tenha reparado a distribuição das forças militares ocidentais (sobretudo americanas) no mundo não tinha a intensidade dos últimos anos, em particular em cenários como o médio oriente e Ásia. Essencialmente resumia-se à Europa Central/Norte, Pacífico, América Central e algumas rápidas e menos felizes incursões em alguns locais do continente africano. No entanto já o Sr. Bin Laden fazia das suas e organizava as suas "acções de marketing" por esse mundo fora sobre o islamismo, etc. e tal...
ResponderEliminarJá estes srs. se faziam explodir, e junto com eles o maior nº de inocentes possível, por tudo e por nada. Por acaso algum de nós já teve o prazer de ver um destes srs. (ou quem fale por eles) a levantar-se e a dizer que queria dialogar, ou que queria apresentar as suas condições abertamente para negociar os seus pontos de vista e encontrar um compromisso racional e aceitável para todas as partes envolvidas no processo? Creio que não...a única coisa que nós ouvimos é 1º-a explosão das bombas, 2º-a contagem das baixas e 3º-uns pseudo-comunicados a exigir uma série de pontos que hoje são uns e amanhã são outros...aqui tenho de admitir que a política da não cedência a exigências terroristas independentemente do tipo de pressão que possa ser exigida é a mais correcta, por mais dolorosa que possa ser...e foi aqui que a Espanha falhou ao retirar as tropas do Iraque (não estou a discutir a legitimidade da intervenção) imediatamente após os atentados do 11 Março. Abriu um precedente para que estes srs. julguem que podem pressionar os governos de Estados soberanos a fazer o que eles querem se o nº de vitimas mortais fôr suficientemente grande. Se todos reagissemos assim hoje estaríamos todos a falar castelhano (o que tendo em atenção o estado em que isto está talvez até não fosse má ideia...)!!!...
Concordo com o seu artigo e partilho a sua indignação em relação ao artigo desculpabilizante (para os terroristas) da Sra. Joana. Porém, penso que deveria ter acrescentado um pormenor.
ResponderEliminarA justificação do terrorismo pela religião é, como certamente você saberá, uma forma de os terroristas justificarem/legitimarem os seus actos bárbaros e ao mesmo tempo recrutar novos membros. A fé não é na sua essência a causa do terrorismo é algo mais profundo e complexo. Começa pelo desenvolvimento de pensamentos pseudo-intelectuais sobre o equilíbrio de poderes e sobre a distribuição da riqueza no mundo, passando pelo recrutamento de pessoas para quem o exacerbar da fé pelo terrorismo lhes dá uma razão de viver, ou morrer.
A fé islâmica não se serve do terrorismo para a prossecução dos seus objectivos, é exactamente o oposto.
Não quero deixar de lhe dar os Parabéns por este vosso Blog…