Pedro Rolo Duarte assina o editorial de hoje do DN sob o lamentável título ´Uma boa ideia num mau país´.
Nele se manifesta o recorrente e mórbido exercício auto-flagelatório e miserabilista de uma elite que gostava de ver o país à sua medida.
Ao desfiar a longa lista de "imoralidade" e de "irresponsabilidade" dos governantes (a que terá de acrescentar as causais inconsciência e boçalidade dos portugueses que os escolhem, como aliás ontem desabridamente opinava João Pereira Coutinho nas páginas do ´Expresso´), prova-se que há efectivamente portugueses de segunda. São aqueles que não gostam de se sentir portugueses, que prefeririam viver num país "exemplar" para usar a palavra do editorialista. Os que à mesa do café ou nas conversas onde pretendem patentear o brilho das suas análises oraculares - que sempre apontam para a mais absoluta desgraça nacional, presente e futura -, não se cansam de desejar, em voz alta, emigrar. Os que, enfim, parecem envergonhar-se do País onde vivem.
A verdade porém é que a maioria deles, ao contrário dos seus concidadãos incultos e irresponsáveis que por necessidade tiveram de emigrar, vivem bem, muito bem no País que a toda a hora menorizam e desprezam.
Esquecem que nos países "exemplares" já aconteceu, e continua a acontecer, tudo aquilo que verberam em Portugal. Todos os escândalos. Todos os erros de governação. E muito pior.
Reconheço, todavia, que existirá entre a maioria desses países e Portugal duas assinaláveis diferenças. A primeira é que entre as elites desses países é comum encontrar-se um salutar orgulho nacional, que é condição de otimismo na sociedade e crença nas qualidades e capacidades do seu Povo. Mesmo que aí também haja a noção que só o escândalo, a malidiscência o "quanto pior, melhor" vende jornais e atrai publicidade.
A segunda é que não será tão fácil como entre nós encontrar quem a toda a hora ache que o seu país é mau.
Não será por acaso que Eça de Queiroz, Raul Brandão, Oliveira Martins e outra figuras ilustres das nossas letras, são mais conhecidos e quase sempre citados pela circunstancial má relação que tiveram com o país do seu tempo, do que pelo que reconheceram nele de glorificante e motivo de orgulho de sermos quem somos e como somos.
Infelizmente o que escrevo a seguir não é um lugar comum (antes o fosse!): eu tenho muito orgulho em ser português. E julgo que só este orgulho pode mover-nos a lutar por uma sociedade melhor. Nunca o contrário.
Nele se manifesta o recorrente e mórbido exercício auto-flagelatório e miserabilista de uma elite que gostava de ver o país à sua medida.
Ao desfiar a longa lista de "imoralidade" e de "irresponsabilidade" dos governantes (a que terá de acrescentar as causais inconsciência e boçalidade dos portugueses que os escolhem, como aliás ontem desabridamente opinava João Pereira Coutinho nas páginas do ´Expresso´), prova-se que há efectivamente portugueses de segunda. São aqueles que não gostam de se sentir portugueses, que prefeririam viver num país "exemplar" para usar a palavra do editorialista. Os que à mesa do café ou nas conversas onde pretendem patentear o brilho das suas análises oraculares - que sempre apontam para a mais absoluta desgraça nacional, presente e futura -, não se cansam de desejar, em voz alta, emigrar. Os que, enfim, parecem envergonhar-se do País onde vivem.
A verdade porém é que a maioria deles, ao contrário dos seus concidadãos incultos e irresponsáveis que por necessidade tiveram de emigrar, vivem bem, muito bem no País que a toda a hora menorizam e desprezam.
Esquecem que nos países "exemplares" já aconteceu, e continua a acontecer, tudo aquilo que verberam em Portugal. Todos os escândalos. Todos os erros de governação. E muito pior.
Reconheço, todavia, que existirá entre a maioria desses países e Portugal duas assinaláveis diferenças. A primeira é que entre as elites desses países é comum encontrar-se um salutar orgulho nacional, que é condição de otimismo na sociedade e crença nas qualidades e capacidades do seu Povo. Mesmo que aí também haja a noção que só o escândalo, a malidiscência o "quanto pior, melhor" vende jornais e atrai publicidade.
A segunda é que não será tão fácil como entre nós encontrar quem a toda a hora ache que o seu país é mau.
Não será por acaso que Eça de Queiroz, Raul Brandão, Oliveira Martins e outra figuras ilustres das nossas letras, são mais conhecidos e quase sempre citados pela circunstancial má relação que tiveram com o país do seu tempo, do que pelo que reconheceram nele de glorificante e motivo de orgulho de sermos quem somos e como somos.
Infelizmente o que escrevo a seguir não é um lugar comum (antes o fosse!): eu tenho muito orgulho em ser português. E julgo que só este orgulho pode mover-nos a lutar por uma sociedade melhor. Nunca o contrário.
Disse que "parecem envergonhar-se do País onde vivem.". Eu acho que se envergonham mesmo.
ResponderEliminarE essa vergonha não deixa também de envergonhar todos os outros portugueses.
Como por exemplo a forma como na blogosfera foi comemorado o 10 de Junho em comparação com o 4 de Julho. Uma pequena vergonha.
belo texo, Zé Mário, realmente já não há paciência para a lamúria nacional. Se os outros conseguem progresso e são tão cobiçados já era altura de nos decidirmos a fazer tão bem como os outros! Em vez de estarmos sempre a criticar quem tenta fazer e a arranjar desculpas para se ficar alheado. Quem fica de fora tem sempre o que apontar - mas vêem o argueiro no olho do outro e não vêem a trave no seu...
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ResponderEliminarEstou, de um modo geral, de acordo consigo: nada me irrita mais do que esta mania que os portugueses têm um código genético diferente dos outros povos. Não há conversa que não descambe, qualquer que seja o tema, para o "neste país..." e segue-se uma ladaínha de males que afligem qualquer país, da Finlândia ao Togo.
ResponderEliminarNo caso concreto do tema deste artigo, porém, estou inteiramente de acordo com Pedro Rolo Duarte: afinal, seria extremamente difícil convencer as pessoas a darem um décimo do seu vencimento em qualquer país no qual elas se sintam enganadas pelos respectivos governantes.
Como é, infelizmente, o caso em Portugal.