As manifestações de hoje nas galerias da Assembleia da República no final da sessão parlamentar, com utilização de cartazes e palavras de ordem insultuosas para os deputados, foram uma vergonha. Vergonha agravada pelos sorrisos de sincero gozo com que alguns dos deputados da oposição assistiram ao despautério.
Numa democracia saudável, a discordância das medidas de política nunca legitima a falta de respeito pelas instituições. E não vale, nestes casos, invocar o já roto argumento do direito à indignação, que nestas circunstâncias a ninguém pode ser reconhecido. A não ser a quem dirija a sua indignação contra estes lamentáveis acontecimentos.
Particularmente grave, a confirmar-se, é a participação de elementos de corpos policiais em pleno Parlamento. Constitui, para além de infracção grave aos deveres estatutários, um sinal perigoso de dissolução da autoridade do Estado, sobretudo se nada mais merecer das hierarquias do que um mero encolher de ombros.
Vivemos um período muito difícil. De muito descontentamento. De desalento colectivo. De ilusões perdidas. Oxalá que neste ambiente saibamos guardar os valores da sã convivência, do respeito pelo Direito, pelas instituições que a todos nos representam e da tolerância que (quase) sempre nos distinguiram como Povo.
Numa democracia saudável, a discordância das medidas de política nunca legitima a falta de respeito pelas instituições. E não vale, nestes casos, invocar o já roto argumento do direito à indignação, que nestas circunstâncias a ninguém pode ser reconhecido. A não ser a quem dirija a sua indignação contra estes lamentáveis acontecimentos.
Particularmente grave, a confirmar-se, é a participação de elementos de corpos policiais em pleno Parlamento. Constitui, para além de infracção grave aos deveres estatutários, um sinal perigoso de dissolução da autoridade do Estado, sobretudo se nada mais merecer das hierarquias do que um mero encolher de ombros.
Vivemos um período muito difícil. De muito descontentamento. De desalento colectivo. De ilusões perdidas. Oxalá que neste ambiente saibamos guardar os valores da sã convivência, do respeito pelo Direito, pelas instituições que a todos nos representam e da tolerância que (quase) sempre nos distinguiram como Povo.
Concordo. Foi um triste espectáculo, premeditado e vergosamente explicado depois, a todos os titulos inaceitável.
ResponderEliminarSubscrevo as palavras dos meus dois colegas plenamente... Penso ser vergonhosa a atitude de desrespeito para com a Assembleia da República no dia de ontem (28/07/2005), aliás julgo ter sido o caso mais grave deste género desde o 25 de Abril de 1974.
ResponderEliminarNo entanto em nada me surpreende, pois lá diz o ditado "o pior cego é aquele que não quer ver!", e o Estado cego pelo défice e pelas políticas de marketing promocional (que se agravam com o aproximar das eleições autárquicas e presidenciais), não consegue ver que está, e hoje foi um bom exemplo disso, a perder o respeito e a autoridade que advém do facto de ter sido democráticamente eleito (quer se goste do Governo ou não), tão simplesmente pelo facto de continuar sistemáticamente a "pisar" aqueles que o fazem viver enquanto tal. Aqui estou a referir-me aos cidadãos...cidadãos esses que o fazem viver enquanto empresários e empregados, enquanto agentes económicos do nosso mercado, que tentam contribuir e fazer o melhor que podem para o desenvolvimento do país, mas que sistemáticamente se vêem empurrados para baixo pelos sucessivos governos que insistem ensurdecedoramente na última década em políticas de desenvolvimento erradas, que sempre acabam por causar mais prejuízos à economia, e que com as constantes alterações das regras do jogo (leia-se económico e social), torna virtualmente, a qualquer empresário sério, impossível ter sucesso nos projectos a que se dispõe desenvolver (a menos que sejam projectos ligados ao Estado, e quase sempre com ligações menos claras).
Quanto a mim só posso dizer (e não sou o único a pensar assim) que um Estado que põe os seus interesses (e dos que dele se alimentam-não estou a falar dos funcionários públicos) à frente do respeito pelos seus cidadãos e da protecção ao direito da procura de melhores condições de vida aos seus cidadãos (veja-se o caso da Irlanda na Europa, ou da Espanha aqui ao lado) não é um Estado saudável! E não é um Estado que, certamente, poderá esperar qualquer tipo de sacríficios pela parte dos seus cidadãos se esse mesmo Estado não se sacrifica a si mesmo.
PS-Pelo caminho quero aproveitar para enaltecer a tomada de decisão do IRA pelo abandono da luta armada...pena é que demoraram mais de 35 anos a perceber que isso não os levava a lado nenhum! De qualquer forma fico feliz pela decisão!
Lamento o espectáculo de ontem na Assembleia da República.
ResponderEliminarMas lamento muito mais o espectáculo muit omais vergonhoso que vejo na Assembleia da República e no Governo por deputados que foram eleitos para representar os cidadãos.
Se foram eleitos para representar os cidadãos, e são pagos para isso, pelos cidadãos, por que razão passam a vida a atacar os cidadãos que dizem representar.
Muito mais facilmente cortam os direitos justos e assumidos no início de uma carreira profissional, de um cidadão trabalhador, do que os muitos privilégios que os próprios deputados têm.
Gostaria de fazer algumas perguntas:
- o salário de um deputado é baixo par ao nível de vida médio de um Português?
- os trabalhadores portugueses costumam ter ajudas de custo para as despesas que fazem para ir trbalhar?
- um deputado vai para o Centro de Saúde esperar por uma consulta, que vai durar 5 minutos, durante uma manhã inteira?
- um deputado vai aos serviços de atendimento permanente dos serviços de saúde?
um deputado faz contas à vida antes de comprar ou trocar de carro, e de ter que optar entre ter carro e permitir que os seus filhos vão para a Universidade?
etc., etc.
Eu, como muitos cidadãos, estou farto, cansado, de ver privilégios de certas pessoas, que são as mesmas que decidem retirar "privilégios" a quem nunca os teve.
Lamentável é a classe política que temos e as decisões 'altruistas' que tomam...
Diminuir o défice à custa dos outros, que já vivem mal, é muito fácil, demasiado fácil.
Por isto tudo, embora seja uma vergonha, não me espanta o que aconteceu na AR ontem.
Nem a subida da abstenção, que estou convencido vai acontecer nas próximas eleições e nas outras, e nas outras...até a democracia acabar, morta pelos que se dizem democratas.
Percebo, cara Marga, o que quer expressar com o seu comentário.
ResponderEliminarMas recuso-me a acreditar que quem esteve ali, nas galerias, foi o Povo.
Eu sei que estou sempre a brincar e na maior parte das vezes até sou inconveniente, mas de facto o que se assistiu ontem na AR foi vergonhoso; quer de um lado, quer do outro.
ResponderEliminarPorquê? Bom, em primeiro lugar porque os cidadãos têm o dever e a obrigação de respeitar as suas instituições. Por muita razão que tivessem, o que aconteceu ali foi um verdadeiro desrespeito por uma instituição que representa a Democracia. Por isso, ao desrespeitarem aquela Instituição, estão a desrespeitar os fundamentos democráticos do Estado instituido após o 25 do A.
Em segundo lugar, também é verdade que a postura de alguns deputados foi, no minimo, imprópria e revela não só, o desrespeito pela instituição que os emprega, como revela também o desrespeito pelos cidadãos que os elegeram.
Portanto é bom que se comece a re-pensar uma série de atitudes, porque quando deixa de haver respeito as coisas não podem correr bem.
Meu caro J Ferreira de Almeida: nao esperava ler de si tamanha injúria contra um povo que se sente traída por toda a classe política, que tudo fazem para nos convencerem a colocá-los à frente dos destinos dos portugueses, nada cumprem quando o povo lhes deu esse lugar. É um enorme desrespeito pela classe do povo. Porque não podemos nós faltar-lhes também ao respeito? A culpa é dos políticos que estão a criar eta situação de desconfiança e de desrespeito.
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ResponderEliminarÉ efectivamente uma questão de respeito e a liberdade de expressão não pode exceder os limites que o respeito pelas instituições exige. Somos um pais livre, em que as pessoas e as organizações que as representam têm o direito de se manifestar, mas há regras que preservam essa mesma liberdade, sob pena de se arranjarem pretextos para a limitar. Nada impedia as pessoas de se manifestarem com cartazes e palavras de ordem cá fora, como já aconteceu imensas vezes, porque é que tinham que ir para as galerias, onde a regra é a de que a assistência não pode interferir com os trabalhos parlamentares? Se aceitamos que hoje uns ponham isso em causa, amanhã temos que aceitar que outros, com quem talvez não concordemos, façam o mesmo ou pior. Quebradas as regras, onde está o limite?
ResponderEliminarMinha cara imar, não leu seguramente qualquer coisa escrita por mim que se assemlhasse a injúria. Muito menos conta o Povo que, repito, me recuso a ver representado nas galerias da Assembleia da República na ocasião referida no post.
ResponderEliminarSou o primeiro a defender o direito irrenunciável à manifestação. Mas com a mesma energia que defendo essa liberdade, condeno a utilização abusiva e, repito, vergonhosa que dela se fez.
É condenável mesmo que as pessoas que ali se manifestaram tivessem razão nos pontos de vista que quiseram exprimir.
Só mais uma coisa que a imar decerto aceitará e que acima foi bem salientado pela Suzana Toscano: uma democracia que não impõe regras ou não as faz respeitar, que tolera que os seus representantes, e mais do que eles, as instituições representativas sejam assim enxovalhadas, corre o risco de uma perigosa degradação pela perda da noção dos limites, situação que espero que nunca venhamos a lamentar.
Só mais um sentimento. Não creio que esse risco venha do Povo justamente indignado com a qualidade da democracia que temos e com a medicriodade da da governação que, para nosso azar, nos tem calhado em sorte. O perigo vem de grupos que se alimentam e florescem neste clima de quanto pior melhor.