É de uma pobreza franciscana o contributo das lideranças partidárias para a qualificação das políticas autárquicas e para a sua valorização no debate político. A iniciativa mais sonante terá sido a (diferida) limitação dos cargos executivos das autarquias. Para uns terá sido um “acordo histórico”, para mim foi mais uma forma de lançar “lama” sobre os presidentes de câmara, quando a iniciativa se justificaria para todos os cargos executivos. Ainda que não previsto na Constituição, sou defensor da generalização do princípio a todos os detentores de cargos políticos.
Se os partidos se querem credibilizar perante a opinião pública, antes de aplicar o princípio aos autarcas deveriam aplicá-lo nas estruturas partidárias aos dirigentes das Concelhias e Distritais de onde emana o poder de influenciar e fazer eleger delegados aos congressos, de propor e aprovar candidatos às autarquias e de elaborar as listas de deputados. Depois de o fazerem os partidos ganhariam crédito e capital político para o exigirem para os restantes cargos. Assim, mais tarde ou mais cedo, não há crédito, há descrédito.
A guerra surda (e suja!) de listas e de posições que antecede os actos eleitorais são um reflexo do enquistamento destas estruturas e um dos principais factores de descrédito da política partidária. Há dirigentes partidários que ocupam os mesmos lugares há décadas e isso só é possível porque o propósito da sua acção é o de reproduzirem esse poder e não o de incorporarem na política a dinâmica e os anseios das comunidades onde se inserem.
Nos primeiros dez a quinze anos do regime democrático português em que os partidos precisaram de recrutar aqueles que mais se distinguiam na sociedade, de forma a sustentar a sua implantação, houve crescimento e qualificação da classe política. A partir da altura em que se consolidou esse regime, as estruturas partidárias fecharam-se sobre si mesmas e qualquer novo recruta que se disponibiliza deixa de ser um valor acrescentado para se transformar numa ameaça a quem está no poder. A única forma de romper com esta lógica tem sido o recurso sistemático aos “independentes” que acabam por entrar “por cima” quando o deveriam fazer “por baixo”.
O que vamos votar no próximo dia 9 de Outubro, em grande parte, é o resultado deste estado da “coisa” partidária. Pois, votemos…
Pois é! Espero que todos os de boa vontade se juntem para as eleições da Distrital de Lisboa do PSD no próximo ano. Certamente as eleições mais importantes e determinantes para o futuro do Partido e do País, depois das Presidenciais.
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